Fernando Agra Fernando Agra 14/04/2014

Inflação de alimentos. O que fazer?

alimentos Ultimamente a população, sobretudo as mais pobres, têm se assustado com o aumento dos preços de alguns alimentos. O que fazer?

Inflação consiste em aumentos contínuos (por 3 ou 4 meses seguidos) e generalizados (vários produtos) do nível de preços da economia e não somente aumentos em um ou dois períodos e de apenas um ou outro produto. No caso dos alimentos, não se tem muito o que fazer, uma vez que é a velha e mais conhecida lei da economia que determina, principalmente, os preços dos mesmos. Isso quer dizer que quando há um excesso de oferta, os preços caem. Já um excesso de demanda provoca uma alta nos preços.

O setor agropecuário é o que mais sofre as influências de fatores que fogem ao controle do ser humano, como é o caso das adversidades provocadas pelas intempéries climáticas, como seca, cheia, geada etc. Uma vez que plantou, não existe o verbo "desplantar" e a colheita pode ser comprometida. Diferentemente da indústria, que pode interromper seu processo produtivo, estocar os excessos de estoque, dar férias coletivas e depois retomar a produção de onde parou exatamente. Na agricultura não é assim.

Por possuírem uma maior propensão a consumir da sua renda disponível, as classes mais pobres são as mais afetadas, ou seja, por gastaram maior parte da sua renda disponível com produtos essenciais (e quanto mais pobre, maior é a propensão a consumir gêneros de primeira necessidade, como alimentos) tem seu poder de compra cada vez mais comprometido. E o pior é que a capacidade de substituição de cetros gêneros alimentícios é muito difícil (ou praticamente impossível, dado os hábitos alimentares). Como substituir feijão, arroz, óleo de soja etc.?

O que a população deve fazer, não somente na atual situação, mas sempre, é o combate ao desperdício. E na atual conjuntura, essa medida tem que ser levada à risca nas decisões de consumo. Assim como combater o desperdício de alimentos, é necessário combater também o de desperdício água e de energia elétrica, que além de ser necessário ambientalmente, vai ajudar no bolso do consumidor. Também é muito importante evitar comprar supérfluos e repensar seus hábitos de consumo.

No caso da inflação dos vários setores, não somente o de alimentos, uma questão importante são os investimentos em infraestrutura de modo que a economia possa crescer sem pressionar muito os preços. É necessário criar condições de aumentar a oferta de bens e serviços, pois assim a necessidade de aumentar juros para combater a inflação diminui. E diga-se de passagem que, combater inflação com juros altos é um remédio muito amargo, pois desaquece a economia, compromete a geração de empregos e ainda contribui para aumentar os gastos com os juros da dívida pública (vale lembrar que juros altos são pouco eficazes para combater uma inflação e alimentos).

Enfim, que os consumidores façam a sua parte no que diz respeito a comprar principalmente o necessário nessa época de preços mais altos e combatam veementemente o desperdício e que esses hábitos tronem-se uma constante sempre e não somente durante as crises.


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor da Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. Também é economista do Centro Regional de Inovação de Transferência e Tecnologia (Critt) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O autor ministra palestras, para empresas, na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. É colunista do Portal ACESSA.com e coautor de artigos na Folha de São Paulo on line (com o colunista Samy Dana, Professor da FGV - SP).Saiba mais clicando aqui.

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