Fernando Agra Fernando Agra 12/03/2014

Inteligência financeiro-emocional

Prezado leitor, quando se discute inteligência financeira, na maioria dos casos (quase 100%), pensa-se somente em como utilizar monetariamente, de modo melhor, o dinheiro. Um dos caminhos é aumentar as receitas e diminuir as despesas (sobretudo as desnecessárias). Entretanto, existem outras despesas que não são contabilizadas tão facilmente, mas que precisam ser eliminadas (ou atenuadas), que são as despesas emocionais. Você sabe quais são as suas e como ser inteligente-financeiro emocional para lidar com as mesmas?

Esse termo "despesas emocionais" surgiu de uma recente entrevista que concedi a uma jovem estudante de jornalismo. A priori, ela queria apenas dicas de como os calouros de faculdades (alunos que passaram no vestibular e vão iniciar o curso superior) poderiam organizar suas finanças nessa nova etapa da vida. De início, observei que se os mesmos estudam numa faculdade particular, eles terão despesas explícitas com a mensalidade, transporte, material escolar (livros, fotocópias etc.), lanches, etc. No caso dos estudantes de instituições públicas, a única diferença é que eles não pagam explicitamente uma mensalidade.

Como aqui em Juiz de Fora, que hoje é considerada uma cidade universitária e atrai estudantes de várias cidades da Zona da Mata Mineira e do interior do Rio de Janeiro, ressaltei para a futura jornalista que ainda deve ser levada em conta a questão da despesa com o deslocamento entre as cidades. No geral, os estudantes vêm em ônibus particulares, vans, automóveis, ônibus de prefeitura etc. E foi a partir daí que surgiu o termo "despesas emocionais", quando falei para a entrevistadora que muitos alunos, a depender da distância geográfica entre a cidade de origem e Juiz de Fora, saem muito cedo de casa, bem como retornam bastante tarde todos os dias para os seus lares. Há situações cujas viagens duram, em média, duas horas para irem e mais duas para voltarem das aulas. Isso equivale a 4 horas diárias despendidas somente dentro de um ônibus ou uma van (16,67% de um dia). Se for somar com o tempo gasto para se arrumar antes da partida e o tempo gasto após a chegada em casa antes de dormir (fazer um lanche, tomar um banho etc.), pode-se adicionar, em média, mais duas horas diárias, o que perfaz um total de 6 horas gastas, o que equivale a 25% de um dia.

Vista essa situação, pode ser mais vantajoso para o estudante, caso ele não trabalhe na cidade de origem, mudar-se para Juiz de Fora e alugar um imóvel (sozinho ou mesmo com alguns colegas de curso ou da cidade natal). E nessa contabilidade, ele deve levar em conta não somente as despesas explícitas que terá ao morar em Juiz de Fora e o que economizará monetariamente com o translado diário. Ele deve levar em conta também as despesas emocionais de todo o cansaço do deslocamento, que ele inteligentemente financeiro-emocional não terá mais. Esse cansaço evitado aumentará a sua produtividade nos estudos e melhorará sua qualidade de vida. Ele terá mais tempo para estudar e terá melhores noites de sono (e é neste estágio que absorvemos o que aprendemos durante o dia). O cansaço acumulado com os deslocamentos extensos pode inviabilizar um processo eficiente de estudos e a economia financeira feita em relação às despesas com moradias em Juiz de Fora pode não valer à pena e serem ultrapassadas pelas despesas emocionais.

Além da situação supracitada, existem outras despesas emocionais que precisam ser evitadas (ou pelo menos diminuídas ao máximo): aborrecimentos; preocupações; excesso de estresses da mais variadas formas (o trânsito caótico é um deles, por isso deve-se sair mais cedo de casa); longas horas de espera (são poucos os médicos que cumprem o horário marcado numa consulta); tempo em demasia gasto na frente de um computador (tablets ou smartphones etc.) nas redes sociais; falta de foco, que faz a pessoa se desconcentrar facilmente de uma atividade e começar outras, e mais outras, antes de terminar cada uma, e no final do dia constata, de modo frustrante, que não completou nenhuma etc.

Enfim, tão importante ser inteligente financeiramente e possuir inteligência emocional é juntar esses dois conceitos é ser também inteligente financeiro-emocionalmente. Assim, a sua qualidade de vida e por consequência a sua saúde e o seu usufruto de bens e serviços melhorarão. Pense nisso antes de tomar uma atitude ou fazer algo que não vai lhe agregar algum benefício!


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor da Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. Também é economista do Centro Regional de Inovação de Transferência e Tecnologia (Critt) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O autor ministra palestras, para empresas, na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. É colunista do Portal ACESSA.com e coautor de artigos na Folha de São Paulo on line (com o colunista Samy Dana, Professor da FGV - SP).Saiba mais clicando aqui.

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