Primeiro transplante de medula óssea alogênico aparentado é realizado em JF

Primeiro paciente transplantado, morador de Senador Cortes, recebeu a medula do irmão caçula e passa bem

Andréa Moreira
Repórter
9/7/2012
Tranplante de medula óssea

O Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou, no dia 23 de junho, o primeiro transplante de medula óssea aparentado. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 9 de julho, durante entrevista coletiva. Até a data do transplante, o hospital realizava apenas autotransplantes, no total de 82, que consistem no uso das próprias células-troncos do paciente. Neste novo procedimento, a medula vem de um doador, que pode ser pai, mãe ou irmão (de mesmo pai e mesma mãe). Neste último caso, as chances de bom resultado são maiores.

E foi isto que aconteceu com o morador de Mar de Espanha, M.A.M., 34, portador de leucemia mieloide aguda. M.A.M, encontrou no irmão W.J.M., 46, a medula compatível para a doação. Após 26 dias de internação, M.A.M recebeu alta nesta segunda-feira, 9, e agora está em recuperação na Fundação Ricardo Moysés Júnior, parceira do HU no projeto de transplantes. Durante alguns dias, o paciente irá, diariamente, ao hospital, e, após a constatação de que não corre mais riscos de infecção, deverá ser liberado.

Para o chefe de Serviço de Hematologia do HU, Ângelo Atalla, o procedimento foi um sucesso. "Na verdade, temos um prazo de cinco anos de monitoramento, mas falamos que foi um sucesso, pois a medula que foi doada já se incorporou na medula do doador, sem rejeições". Ainda, de acordo com Atalla, a conquista deste novo procedimento de transplante só foi possível graças ao empenho de toda a equipe. "Não adianta ter tecnologia, recursos humanos se não temos espírito de equipe."

De acordo com o reitor da UFJF, Henrique Duque, o Hospital Universitário é o segundo no Estado a realizar este procedimento. "Até então, somente o HU da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) era o único que realizava este procedimento. Agora passamos a fazer parte deste grupo seleto, o que servirá para diminuir a fila de transplantes em todo o país."

O hospital da UFJF conta com cinco apartamentos próprios para a realização de transplantes, o que permite que sejam realizados oito transplantes por mês em Juiz de Fora. "Com a nossa estrutura atual, podemos realizar dois transplantes alogênicos e seis autogênicos", explica Atalla.

O hematologista destaca que o próximo passo será realizar o transplante alogênico com pessoas não aparentadas e, por fim, do sangue do cordão umbilical. "Iremos trabalhar nos próximos dois anos com o transplante alogênico aparentado. Temos a oportunidade de criar um serviço de resolubilidade de ponta. Tenho muito orgulho de ver o crescimento de um trabalho que não tem limites." Atalla informa, ainda, que dois transplantes de medula óssea alogênicos aparentados estão agendados para a próxima semana.

O transplante

O paciente passa pelo processo de quimioterapia, que ataca as células doentes e destrói a própria medula, então o transplantado recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.

Durante algum tempo, as células ainda não conseguem produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o que faz com que o paciente fique mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, nesse período, o paciente deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, sendo necessário, em alguns casos, o comparecimento diário ao hospital.

Quem pode doar

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as pessoas que quiserem doar medula óssea devem ter entre 16 e 55 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde e não ter doença infecciosa ou incapacitante. Cerca de 5ml de sangue são retirados do doador e um teste de laboratório será realizado para identificar as características genéticas, as quais serão cruzadas com os dados dos pacientes para determinar a compatibilidade e os dados serão incluídos no Redome. Se houver um paciente compatível, outros exames serão necessários. Normalmente, o doador fica internado apenas por um dia. A doação dura aproximadamente duas horas e é realizada em um centro cirúrgico, sob anestesia. No máximo 15% do volume da medula do doador é retirada e este procedimento não causa qualquer comprometimento à saúde do doador.

Em Juiz de Fora a doação de medula pode ser realizada no Hemominas, localizado na rua Barão de Cataguases, s/n, Centro. Confira neste link outros locais de doação.

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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