Com saúde e alegria, Sílvio Schramm completa 90 anos de vida

Celebração aconteceu no domingo (10), na comunidade São Sebastião, na presença de amigos e familiares

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Foi com muita emoção que familiares e amigos se reuniram no domingo (10) para comemorar os 90 anos de vida do gasparense Sílvio Schramm. A comemoração, dois dias antes da data - Silvio fez aniversário na terça-feira (12) - começou com uma celebração eucarística em ação de graças, seguida de um almoço de confraternização. O evento aconteceu na comunidade São Sebastião, no bairro Margem Esquerda, e reuniu cerca de 80 pessoas. A intenção, como o próprio aniversariante definiu, foi agradecer o dom da vida. “Durante todos estes anos foram muitas as lutas em que me envolvi e sempre recebi muita inspiração divina para realizar todas as coisas até hoje”, afirma. E foi justamente esta fé divina e perseverança que fizeram de Sílvio Schramm um importante personagem da história de Gaspar. Nascido no bairro Margem Esquerda, no dia 12 de junho de 1922, Sílvio, o segundo filho de cinco irmãos, se tornou, em pouco tempo, um exemplo de vida. Trabalhou por muitos anos na agricultura, no plantio da cana-de-açúcar, e, em julho de 1949 se casou com Maria Edith, com quem teve oito filhos. Em 1967, Sílvio abandonou a lida no campo e aceitou o convite para trabalhar na Paróquia São Pedro Apóstolo, no Centro, para coordenar o trabalho de construção do prédio do Salão Cristo Rei. Pouco tempo depois, em março de 1970, ele aceitou outro grande desafio: assumir a função de provedor do Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, do qual também era sócio fundador. Sílvio ficou na função por 29 anos, até se aposentar. No mesmo ano, Sílvio foi convidado por Frei Valeriano para fazer o curso de formação de Diácono Permanente, da Igreja Católica, promovido pela Diocese de Joinville. O curso teve a duração de três anos, ofertado em semanas intensivas, uma a cada três meses. Sílvio concluíu o curso, foi aprovado, mas, não solicitou a sua ordenação. Congregação Mas quem pensa que estas foram as únicas contribuições de Sílvio para a cidade de Gaspar engana-se. Ainda jovem, ele ingressou na Congregação Mariana, um dos movimentos pastorais da paróquia, e nunca mais abandonou os trabalhos sociais. Foi ele quem ajudou a fundar, em 1952, a Conferência Vicentina, e a formar, em 2001, a Pastoral da Criança e Juventude, atividades que até hoje são desenvolvidas na cidade. “Ainda lembro como se fosse hoje das visitas que fazíamos às famílias carentes e também às gestantes. É um trabalho fundamental”, observa o simpático senhor. Para Sílvio era uma grande alegria trabalhar em causas como estas. “São tarefas que exigem tempo e muita dedicação, e os trabalhos eram feitos sempre depois da jornada de trabalho. Mas posso dizer que todo o esforço daquele tempo valeu a pena. Se tivesse que repetir a dose, faria tudo de novo, sem hesitar”, afirma. Além dos trabalhos sociais, Sílvio ainda arrumava tempo para cantar no Coral Santa Cecília e para tocar contrabaixo no Clube Musical São Pedro. Todos estes compromissos, confessa, só puderam ser assumidos graças ao apoio da esposa, que sempre esteve ao seu lado, o apoiando. “A família é indispensável”, acrescenta Sílvio.

Ler e cuidar da horta são os passatempos preferidos

Sílvio Schramm vive tranquilo ao lado da mulher Edith, em um casa no bairro Sete de Setembro, para onde se mudou em 1987. Aposentado, ele ocupa o tempo com muita leitura. De manhã, são os jornais, e, à noite, um livro de cabeceira, dos mais variados assuntos. “Gosto muito de ler e esta é uma maneira de ficarmos atualizados com o que acontece a nossa volta”, afirma. E quem gosta de ler, gosta de escrever. Sílvio já dedicou boa parte do seu tempo para escrita, como há dois anos quando fez um registro sobre o Hospital de Gaspar. No ano passado, a escrita foi dedicada à biografia dos pais, Adelina e Norberto Schramm. Ginástica Outro passatempo, que Sílvio gosta de chamar de “ginástica”, é o cuidado com a horta que tem em casa. “Hoje é o que eu faço para me exercitar”, garante. E, se já não bastasse todos estes afazeres, ele também escreve, todas às quintas-feiras, há 35 anos, comentários para o programa Ave Maria, que vai ao ar de segunda à sexta-feira, às 18h, na rádio Sentinela do Vale. Assim, com tantas atividades sobra pouco tempo para Sílvio pensar na velhice. O espírito jovem suporta o peso dos anos e ele se diz pronto ainda para muitos desafios. Afinal, assim ele chegou aos 90 anos.

Pai foi muito ligado à política e a mãe gostava de ler

Egon José Schramm, filho de Silvio, teve a missão de falar um pouco sobre a vida da família Schramm. O texto foi escrito pelo homenageado do dia. A história da família começou ainda no século XIX quando  Frederico Guilherme Schramm e Amália Kemperdick, bisavôs de Sílvio, vieram da Alemanha. Guilherme, juntamente com outras famílias, foi o responsável por iniciar a vida religiosa no município de Gaspar. Construíram a primeira capela que, depois viria a se tornar a Paróquia de São Pedro Apóstolo, 

Norberto, pai de Sílvio, nasceu em 1892, e Adelina, a mãe, em 1895. Norberto e Adelina tiveram cinco filhos. Hilda nasceu em 20/07/1920; Sílvio nasceu em 12/06/1922, Aloys nasceu 17/02/1927; Edith nasceu em 1932 e faleceu em 1933 de uma doença chamada “grupe”, hoje inexistente; Ernesto nasceu 24/04/1936.

Toda a família era dedicada aos serviços da agricultura. Cana de açúcar, mandioca, feijão e milho. Da cana de açúcar se fazia o açúcar mascavo e da mandioca fazia-se a farinha de mandioca, que eram produtos para a venda. A produção do feijão e do milho era só para consumo próprio e para a criação de porcos e galinhas.

Norberto era uma pessoa calma, não se alterava por qualquer coisa. Pode-se dizer que era uma pessoa passiva, mas, que participava intensamente da vida da comunidade. Foi muito ligado à política, principalmente a partir de 1930, depois da revolução vitoriosa de Getúlio Vargas. Até 1934 Gaspar era distrito de Blumenau, porém, era completamente abandonado pela sede. A luta pela emancipação, na verdade, já havia começado a partir de 1930, liderada pelo Sr. Leopoldo Schramm, que era um verdadeiro líder político. Norberto era companheiro de Leopoldo na campanha de emancipação, porque a sede (Blumenau) resistia com muito vigor à idéia de emancipação do distrito de Gaspar. Houve a adesão da maioria da população, em função do abandono por parte de Blumenau. Não havia estradas, nem pontes sobre os ribeirões, nem escolas no interior do distrito. Os caminhos eram os da roça, o meio de transporte terrestre era o carro de boi. Nem carroças havia. A via de transporte e de comunicação eram feitos pelo rio Itajaí-Açú. Já Adelina era uma pessoa com forte personalidade e detentora de um certo grau de cultura para os padrões da época. Foi criada em um ambiente diferente ao da localidade da família Schramm. 

Os hábitos eram outros. Ela lia bastante. Recebia jornais e revistas da Alemanha. Ela conseguiu modificar, em parte, os hábitos da família e da comunidade, principalmente no sistema alimentar, introduzindo o plantio e o consumo de verduras e frutas, legumes como a batata doce, e o aipim como alimento (texto Silvio Schramm).

Sílvio Schramm casou com Maria Edith Spengler em 09/07/1949. Teve oito filhos, três homens e cinco mulheres: Egon José, Anita, falecida em 1963, Maria Eli, Julita, Márcia, Maria Lisete, Tarcísio e Mauro.