Mudanças no serviços de call centers
Mudan?as nos servi?os de call centers A inten??o das mudan?as ? diminuir o n?mero de reclama?es no Procon, j? que o servi?o quase nunca soluciona os problemas dos clientes
Rep?rter
03/03/08
Discar um n?mero e ser atendido por uma grava??o, ficar minutos esperando na linha e ser obrigado a ouvir as propagandas ou as m?sicas da empresa. Quando algu?m atende, a liga??o cai e, ao ligar novamente, mais espera.
Segundo a superintendente do Procon de Juiz de Fora, L?a Ganimi,
estas atitudes s?o desrespeitosas ao consumidor. "A empresas deviam prestar atendimento de qualidade e n?o fazem. Como as pessoas n?o conseguem resolver os problemas pelo
telefone, elas v?m reclamar e o Procon vive cheio"
.
Para tentar resolver estes problemas, o Minist?rio da Justi?a quer mudar as regras para os call center, mais conhecidos como servi?o de atendimento ao consumidor (SAC). No dia 27 de fevereiro, em Bras?lia, houve a primeira audi?ncia p?blica para discutir a quest?o. Nesta ocasi?o, foi reunido todo o sistema de defesa do consumidor, entre Procons, defensoria e minist?rio p?blico e entidades civis, como o movimento das donas de casa.
As novas regras v?o valer para os setores de telefonia fixa e m?vel, provedores de internet e de TV por assinatura, servi?os financeiros e avia??o. Em Juiz de Fora, os setores de cart?o de cr?dito, telefonia celular e bancos comerciais lideram a lista de reclama?es do Procon.
Para facilitar a vida do consumidor, o Minist?rio da Justi?a apresentou algumas alternativas. Confira a lista abaixo.
Propostas do Minist?rio
- Sempre que mudar o atendente, o consumidor n?o vai precisar recontar a mesma hist?ria.
- Para iniciar o atendimento n?o vai ser mais necess?rio a digita??o de n?meros, como CPF, c?digo de assinante ou data de nascimento.
- A liga??o n?o vai poder cair enquanto o consumidor n?o falar com o atendente.
- O tempo de espera vai ser de, no m?ximo, 20 segundos.
- As centrais de atendimento v?o ser obrigadas a funcionar durante 24 horas por dia e todos os dias da semana.
- O servi?o vai ser gratuito.
O ex-funcion?rio de uma empresa de telefonia, L.H.F.*, n?o acredita nas mudan?as. Para ele, que trabalhou cinco anos no atendimento pelo telefone, as empresas n?o querem resolver os problemas dos clientes,
mas cumprir regras, j? que elas s?o obrigadas a ter um canal para contato com o consumidor.
"Al?m disso, h? muito interesse em jogo, pois muitas empresas terceirizam este servi?o
para n?o ter que gastar mais. As grandes empresas n?o v?o assumir toda essa folha de pagamento"
, diz.
Dificuldades
Para L., a falta de op??o oferecida pela Ura (o atendimento gravado) e a fila de espera para falar com o atendente s?o as maiores dificuldades encontradas pelos clientes.
Quando eles entram em contato com o SAC, ele cai na Ura e, quando encontram, digitam a op??o
para o setor desejado. "Quando isso acontece ? que come?a a tocar a m?sica e passar as
propagandas da empresa, enquanto o cliente espera"
, explica.
Quando o funcion?rio ? contratado, ? treinado por instrutores que n?o trabalham diretamente
com o call center e n?o sabem quais s?o as maiores dificuldades.
Como as empresas s?o obrigadas a ter um atendimento pelo telefone, muitas delas contratam
outras para fazer o servi?o. Dessa forma, quem contrata n?o sabe quem vai atender seus clientes.
L. diz que elas compram posi?es de atendimento (PA) das empresas que oferecem o servi?o terceirizado.
Dessa forma, quando a empresa tem problemas com v?rios clientes ao mesmo tempo e eles ligam para reclamar ou esclarecer d?vidas, h? um ac?mulo de liga?es e uma fila de espera enorme,
j? que atendentes de outro setor, que est?o desocupados, n?o s?o remanejados.
Por?m, para fazer isso, as empresas v?o ter gastos enormes, o que n?o compensa.
Ele diz ainda que algumas empresas s? descobrem que h? algum problema atrav?s dos
atendimentos do call center.
* O entrevistado pediu para n?o ser identificado
"Ele fica preso ? regras, ouve as reclama?es e encaminha para o setor respons?vel, que nem sempre resolve"
, conta.
Ser transferido demais tamb?m ? um das dificuldades dos clientes e isso acontece, porque o consumidor n?o encontra a op??o que deseja, na Ura. "Eles pegam o manual e
explicam para os novos funcion?rios. Quando isso termina, eles recebem uma senha
e v?o para o atendimento, totalmente despreparados. Ent?o, n?o ? a liga??o que
cai. Na maioria das vezes, ? a atendente que desliga, pois ele n?o quer pegar um cliente
cheio de pepino"
, conta. "Ent?o, se uma empresa de telefonia compra cem posi?es, para oferecer atendimento 24 horas por dia,
ela n?o quer saber quem vai atender e se foi treinado, s? sabe que tem cem computadores ? sua
disposi??o"
.
Para melhorar
"S? o treinamento n?o basta. O atendente precisa conhecer o assunto e saber como resolv?-lo.
Assim, tamb?m vai acabar com a segmenta??o, j? que ele n?o vai precisar transferir as liga?es dos clientes para outros setores. A necessidade do cliente vai ser identificada
na hora"
, opina.
"Quem ? contratado n?o vai querer ficar com o preju?zo, quem contrata n?o vai querer pagar e n?o pode repassar o valor para o cliente. Enquanto isso, ele fica na Ura, igual a um 'palha?o' e sem ter para onde correr,
porque n?o existe um espa?o f?sico de atendimento. O treinamento ? simples,
mas o custo ? alto, o que inviabiliza"
, explica. "Elas v?em atrav?s do tipo de atendimento realizado e s? a? ? que v?o tentar resolver o problema. Dessa forma, o procedimento s? vem depois
e, enquanto isso, nada se resolve"
.