Ifood quita pagamento de entregadores lesados por falência de Operadora Logística

Cerca de 100 motoboys de Juiz de Fora foram lesados

Por Renan Ribeiro

Delivery de comida

A plataforma Ifood se comprometeu em quitar o pagamento relativo às jornadas de dezembro de trabalhadores que foram lesados pela falência da Operadora Logística SIS Moto Entregas. A empresa terceirizada declarou a quebra no dia 26 de dezembro, sem apresentar uma solução sobre o pagamento de dezembro para os trabalhadores, que contavam com o recurso para pagamento de contas e para gastos com as festas de fim de ano. A plataforma quitou o débito de maneira escalonada em janeiro.

As Operadoras logísticas (OLs) atuam como intermediárias entre os entregadores e a Ifood. Elas trabalham para que sempre existam trabalhadores disponíveis para as entregas, de modo que pessoas vinculadas a elas não podem atender diretamente a pedidos da nuvem, assim como os entregadores da nuvem não podem pegar entregas de OLs. Essas empresas contratam, organizam e pagam os trabalhadores, que ficam posicionados em praças. Inclusive, há um período em que os trabalhadores devem ficar desvinculados e inativos, caso queiram mudar de modalidade.

Por conta do problema com a SIS, o grupo de trabalhadores de Juiz de Fora vinculado à empresa ficou sem receber o pagamento. De acordo com o secretário da Associação de Motoboys Motogirls e Entregadores de Juiz de Fora (Ammejuf), Nicolas Souza Santos, muitos ficaram sem ter recurso para as contas mais básicas, mesmo cumprindo suas horas de trabalho de maneira adequada.

“O dano causado é irreversível. É uma época em que planos são feitos, férias agendadas, gastos aumentados, dívidas contraídas e tudo isso se tornou um imenso inconveniente”, explica o secretário. Nicolas também ressalta a importância de humanizar os trabalhadores. “Motoboys não são robôs. Gostamos de praias, bares, Rèveillon. Isso foi tomado de todos os motoboys lesados pelo que aconteceu” ,acrescentou.

A Acessa.com conversou com dois motoboys que terão suas identidades preservadas. Eles não receberam os valores na data prevista, em função da falência da SIS. Um deles conta que a empresa esperou até o fim do dia para comunicar a situação. “O que eu senti foi que eu trabalhei em vão o mês inteiro, para ficar sem a minha remuneração. Tive o prejuízo do atraso nas contas, os meus planos de fim de ano foram todos desfeitos, por conta do não repasse.”

Apenas após a intervenção da Ammejuf, que os motoboys conseguiram desvincular suas contas da OL, para poder atuar na outra modalidade. Um segundo entregador conta que teve o plano de recesso suspenso. “Estava com a minha vida toda programada agora para viajar, devido a trabalhar o ano todo sem férias. Por atuarmos como autônomos, temos que nos programar para tirarmos alguns dias de folga. Por conta da falência, os motoboys ficaram de mãos atadas.”

Por meio de nota, a Ifood informou que, em conjunto com a SIS Express, iniciou no dia 29 dos valores em aberto para entregadores e entregadoras que atuavam com o operador logístico. Ainda de acordo com a plataforma, os pagamentos foram escalonados e foram iniciados pelos profissionais de salvador.
Os pagamentos serão escalonados e seguem até o dia 06 de janeiro. Os primeiros profissionais a receberem os valores devidos são de Salvador. “Reiteramos o nosso compromisso em dar suporte a todos os entregadores e entregadoras e a realizar as transferências dos valores em aberto o mais breve possível.”