Raio-X JF - Novos rumos na economia em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Novos rumos na economia

Quem vive em Juiz de Fora, com certeza, já ouviu alguém reclamar que “aqui, nada vai para a frente”. Essa visão pessimista da economia e dos negócios precisa mudar. Enquanto algumas pessoas focam no problema, outras estão trabalhando em busca de soluções.

Para incentivar o empreendedorismo, em especial na Zona Norte do município, o Sebrae, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, realiza palestras gratuitas. Em parceria com o Moinho, empreendimento que funciona no bairro Francisco Bernardino, foi realizada uma oficina para empreendedores e pessoas que ainda planejam empreender.

Foram formadas rodas de conversas e apontadas as dificuldades que cada um encontra para ter acesso ao mercado e aos clientes/consumidores. A maioria apontou que não sabe como chegar ao público alvo e como usar as redes sociais e a tecnologia para ajudar nessa parte.

Entre os participantes estavam profissionais que se aposentaram na área de atuação e que sonham em abrir um negócio, empreendedores em busca de dicas para administrar melhor o empreendimento e pessoas que buscavam orientações sobre MEI, Microempreendedor Individual e se as regras se encaixam no setor em que pretendem investir.

Aos 15 anos, Antony era o mais jovem do grupo. Ele oferece serviço de informática e apresentou como maior desafio a falta de credibilidade que encontra por ser tão jovem. “Eu sei o que tenho a oferecer e faço um bom trabalho. Quem conhece a minha empresa fica feliz com o serviço. O meu maior desafio é fazer com que os possíveis clientes acreditem que um adolescente de 15 anos tem competência para fazer o serviço que oferece” explicou o microempreendedor.

Fabrício também pretende ser MEI e abrir um brechó com a namorada Ana Carolina. Os dois ainda não definiram o público alvo, mas querem uma loja temática e não pretendem ser “apenas mais um” no mercado. Por isso, estão indo com calma, ouvindo analistas do Sebrae e outros empreendedores.

Os organizadores do evento tiraram dúvidas dos participantes e destacaram a importância de dar suporte aos MEI e aos micro e pequenos empresários. Segundo eles, Juiz de Fora segue uma tendência estadual e nacional de crescimento desses setores. Para o município, historicamente industrial, é uma mudança de perfil econômico.

Manchester Mineira

No século XIX, quando se falava em industrialização no Brasil, invariavelmente, o nome da Manchester Mineira era citado. Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, ganhou esse apelido por conta do pioneirismo industrial. O empresário Bernardo Mascarenhas se mudou de Curvelo para Juiz de Fora com o objetivo de investir numa indústria têxtil.

Empreendedor, ele queria a eletricidade para mover as máquinas. Ao conhecer as corredeiras do rio Paraibuna, encontrou o que buscava! Foi responsável pela construção da Primeira Usina Hidrelétrica da América Latina, a Usina de Marmelos. Dela saiu a energia elétrica para a Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas, fundada em 1888, sendo a primeira do Brasil a usar um motor elétrico. Para operar os 60 teares ingleses, foram gerados muitos empregos.

A fama de Juiz de Fora ser uma cidade promissora, conquistada por ter energia elétrica nas ruas antes mesmo de grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, contou mais alguns pontos na história de pioneirismo do município mineiro. Isso atraiu mais investidores. Cervejarias, outras tecelagens, metalúrgicas, indústrias de embalagens, montadora de carros…

O parque industrial de Juiz de Fora sofreu as consequências de seguidas crises financeiras no Brasil no século XX e da concorrência com o estado vizinho, o Rio de Janeiro, já no século XXI. Os incentivos fiscais oferecidos em terras fluminenses eram sedutores demais e muitos empresários transferiram as indústrias daqui para cidades próximas, como Três Rios. A desaceleração do setor industrial trouxe uma nova característica ao município.

Empreendedorismo em alta

Longe das linhas de montagem, muitos trabalhadores se direcionaram ao trabalho informal. O aumento de vendedores ambulantes sem registro gerou reclamações e conflitos com aqueles que trabalhavam de forma legalizada. A situação desafia o governo municipal há pelo menos duas décadas.

A atual administração está num processo de regularização de 235 pontos de vendedores ambulantes na área central, depois de reuniões com a categoria para discutir as demandas dos trabalhadores e as necessidades do município. O edital faz parte da primeira licitação do Comércio Popular nos últimos trinta anos.

O setor de comércio/serviços é uma das áreas mais procuradas pela mão de obra excedente das indústrias. Mas, a informalidade traz barreiras e dificuldades para quem quer crescer. Campanhas de incentivo à formalização e à regularização são feitas com frequência pelo Sebrae.

As demissões e os fechamentos de empresas estão entre as consequências da pandemia. No processo de retomada da economia, o setor de Serviços teve um crescimento acima de outras áreas da economia.

Minas Gerais atingiu em 2022, a marca de 391.402 pequenos negócios, entre Microempreendedores individuais (MEI), Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP). De acordo com dados do Ministério da Economia, da Receita Federal e da Secretaria de Estado de Planejamento de Minas Gerais, apesar do número elevado de formalizações, houve uma redução de 7% na abertura de negócios em comparação com 2021.

Em Juiz de Fora, dados do Sebrae indicam que em fevereiro de 2021, o município tinha registrados 46.886 MEI. Em fevereiro de 2022, o número subiu para 47.772. E continuou subindo. Até o dia 11 de fevereiro de 2023, o número de Microempreendedores individuais era de 52.562.

As áreas com maior número de formalizações foram:
1 - Cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza
2 - Restaurante e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebida
3 - Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios

Mas, nem toda a mão de obra desempregada no município tem intenção de empreender. Para tentar inserir no mercado de trabalho quem perdeu o emprego na pandemia ou em decorrência de fechamento de postos de trabalho por outros motivos, a prefeitura de Juiz de Fora desenvolve o programa “Geração JF – Emprego, Renda e Negócios”.

No último dia 16, em torno de duas mil pessoas foram em busca de um trabalho com carteira assinada. O projeto “Espaço Emprego JF” é uma oportunidade para empresas locais utilizarem espaços públicos para oferta de postos de trabalho e recebimento de currículos.