Raio-X - JF: Lixo nas bocas de lobo

Por Michele Pacheco

Lixo nas bocas de lobo

O lixo nosso de cada dia! Sabe aquela história de que um papelzinho de bala jogado no chão não vai fazer diferença na limpeza urbana?

É mentira! A estimativa é de que em torno de cem mil pessoas passem por dia no calçadão da Rua Halfeld, no centro de Juiz de Fora. Já pensou se todas pensarem dessa forma?


Viveremos cercados por uma montanha de papéis de bala! Isso, sem falar nos copos e nas garrafas descartáveis, nas sacolas plásticas...

Talvez, não estejamos preparados para lidar com o lixo que produzimos! A gente quer se livrar dele o mais rápido possível. Deixar dentro de casa ou do apartamento até o horário ou o dia da coleta de lixo na nossa rua é um desafio para muitas pessoas.


Eu moro num prédio em que há latões de lixo em todos os andares de garagem. E não é só isso! No andar do playground tem lixeiras nas cores determinadas para a coleta seletiva. E ainda tem mais! Temos uma lixeira específica para descarte de pilhas!

Então, eu moro num prédio que se preocupa 100% com a sustentabilidade. Certo? Errado. Há poucas semanas, a síndica fez um apelo no grupo de whatsapp para que os moradores, parentes e funcionários tivessem mais atenção na hora de colocar o lixo nas lixeiras.


Apesar da placa bem visível indicando o recipiente de "material reciclável", os mais distraídos andam jogando lixo orgânico junto com o que pode ser reaproveitado, dificultando o trabalho dos recicladores para separar tudo. Na minha opinião, o problema é que não basta ter a ferramenta, é preciso se educar para fazer o uso correto dela.

Um dia, chegando em casa, vi um gari muito bravo na calçada, reclamando da falta de educação dos moradores do prédio que não eram capazes de colocar o lixo em sacos. Eu me senti ofendida, porque sei do trabalho que os funcionários do condomínio têm para levar o lixo e colocar no ponto específico na calçada, onde há um espaço para as sacolas à espera da coleta. Expliquei que ele estava enganado. Que o lixo era separado e que é colocado na calçada ensacado. Ele ficou sem jeito e apontou para o outro lado da rua, onde um homem rasgava sacolas de outro condomínio, e disse que achava que tinha entendido a situação.


O gari me mostrou um papel que retirou do lixo espalhado na nossa calçada. Estava escrito "Cuidado! Vidro quebrado". Falei na hora que isso era uma prova de que os moradores tinham atenção com os trabalhadores da coleta. Ele respondeu que o problema era que o papel estava solto e ele não tinha a mínima ideia de qual era a sacola com vidro quebrado.

Entendi duas coisas nessa situação. A primeira é que se todos no prédio separarem o lixo corretamente, quem rasga os sacos em busca de material para reciclar não vai achar nada interessante, vai concluir que não vale a pena o trabalho e vai parar de rasgar as sacolas.

Hoje, conferindo minhas redes sociais, vi fotos que me fizeram entender que temos muito o que melhorar em termos de educação. As imagens eram de materiais retirados de bocas de lobo na rua Batista de Oliveira, no centro da cidade. Garrafas plásticas se misturavam à lama e a inúmeras embalagens de alimentos descartadas sem dó na rua. Basta chover para que o lixo seja arrastado para as bocas de lobo, causando entupimento e alagamentos.


As imagens mostravam as equipes de limpeza da Prefeitura trabalhando para retirar todo o material da rede pluvial. Isso é o que se espera e o que temos que cobrar da Administração Municipal.

Mas, é preciso que a gente se cobre também. Se não jogarmos lixo na rua e educarmos nossas crianças para fazerem o mesmo, já estaremos fazendo uma enorme diferença na limpeza pública. Se não há uma lixeira por perto, quando precisamos nos desfazer de um lixo, que tal segurar até achar uma ou usar uma lixeira de uma loja ou lanchonete? Fazer o certo nem sempre é o mais prático, mas é urgentemente necessário!