Prefeitos mineiros conhecem proposta da Reforma Tributária durante encontro em Brasília

Por Ricardo Ribeiro

Nos Bastidores com Ricardo Ribeiro

Para discutir com os prefeitos de Minas Gerais as condições da nova reforma tributária e os impactos nos tributos que são destinados aos entes municipais, a Associação Mineira de Municípios (AMM) promoveu, dentro da Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, da Confederação Nacional de Municípios (CNM), reunião com o deputado Reginaldo Lopes, que é coordenador do Grupo de Trabalho, para entender melhor como se dará a PEC a ser votada no Congresso Nacional, e também poder contribuir com propostas.

Na reunião, o presidente da AMM prefeito de Coronel Fabriciano, Dr. Marcos Vinicius, esteve acompanhado da diretoria da entidade e do vice-presidente da CNM, Julvan Lacerda.

“Primeiro quero agradecer o deputado, que atendeu ao pedido da AMM. Acho que foi um balanço positivo, para o amadurecimento da proposta. A pauta é importante, um anseio de todos os prefeitos e prefeitas de Minas Gerais, mas precisamos esgotar o assunto, tendo em vista que vai impactar, nas próximas décadas, o dia-a-dia do cidadão. Não queremos cometer erros que possam nos prejudicar no futuro”, explicou Dr. Marcos.

Ele destacou também a importância de ter, na discussão da nova reforma tributária, um representante mineiro. “Queremos parabenizar a condução do deputado Reginaldo, aplaudida por todos os prefeitos, e dizer como é importante, para Minas Gerais, ter um representante nesse grupo de trabalho, tendo em vista que Minas é um continente e esse continente tem várias realidades diferentes”, disse.

Às dezenas de prefeitos presentes, o deputado Reginaldo Lopes explicou as duas propostas em discussão: a PEC 110/2019, originada no Senado, e a PEC 45/2019, e como os impostos serão unificados, bem como os impactos nos vários setores do país e nos municípios, entes federados que contam com o repasse dos impostos hoje em atuação para a efetivação das demandas de serviços públicos para os cidadãos.

Conforme sua explicação, a reforma prevê a substituição de cinco tributos atuais: IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS, por um ou dois impostos sobre valor adicionado (IVA) e um imposto seletivo extrafiscal. Seguindo as melhores práticas internacionais, os dois textos prevêem a adoção de uma alíquota uniforme para todos os bens e serviços e a vedação a benefícios fiscais.

Ele explicou também que as duas PECS asseguram a autonomia dos estados e municípios na definição da alíquota, ou seja, cada estado e cada município poderá fixar sua alíquota do IVA, o que caracteriza a administração e a gestão compartilhada do IVA.

“Nós temos a certeza de que não existe pacto federativo enfraquecendo os subnacionais. Muito pelo contrário, queremos fortalecer os estados e municípios. Quero agradecer o presidente da AMM por essa oportunidade. A nossa reforma tributária tem como premissa fortalecer a renda per capta dos municípios, ou seja, em 10 anos, pretendemos sair de uma renda per capta, em média de R$66, para R$360, e também queremos fortalecer a renda per capta do cidadão, que vai ter um aumento de quase R$500 mensais”, explicou.

“Queremos também ver o Brasil crescer, e os estudos mostram a possibilidade de crescimento de 12 a 20% do PIB em 10 anos e também geração de emprego e renda, em especial de valor agregado na indústria, no agronegócio, permitindo que o Brasil consiga gerar, nesse período, 7,5 milhões de empregos diretos. É bom lembrar que o atual sistema tributário cobra imposto sobre imposto, imposto em cascata, ninguém sabe o que paga de imposto sobre consumo”, completou Reginaldo Lopes.

O vice-presidente da CNM e ex-presidente da AMM, Julvan Lacerda, parabenizou o debate que vem sendo feito com a sociedade, com os setores, e pediu o compromisso com o pacto federativo. “A reforma tributária é importantíssima, nosso apoio é amplo e irrestrito, nosso sonho de corrigir a distorção do pacto federativo. Mas precisamos fazer amarras na PEC, pra podermos fazer justiça tributária com justiça federativa. O objetivo da arrecadação é gerar equidade, prestação de serviços para a sociedade, ampla e irrestritamente. Por isso, é preciso lembrar que, entre os entes, é necessário que haja justiça e equidade com a responsabilidade e atribuição de cada um dos entes, atribuindo as definições de cada, para que essa arrecadação possa ser distribuída nos níveis de função que cada ente tem. Essa é a nossa principal reivindicação.

Dr. Marcos Vinicius também destacou a importância de se ouvir os prefeitos para que seja formatada uma reforma justa, dentro dos moldes do pacto federativo. “O município é um ente federado e, como a reforma prevê mudanças em impostos municipais, como o ISS, qualquer alteração sem ouvir os prefeitos pode impactar negativamente nas gestões locais com resultados econômicos imprevisíveis”, conclui o presidente da AMM.

Também presente na reunião, o deputado federal Newton Cardoso Jr. Elogiou a condução do grupo de trabalho sobre a reforma tributária. “O fato é que qualquer reforma é melhor do que o sistema que está aí, principalmente para o municipalismo. Temos uma situação hoje em que a base arrecadatória que é de controle dos municípios é extremamente restrita, que limita a capacidade de investimento próprio do município, do ponto de vista de tributação sobre o consumo”.

Newton Cardoso Jr explicou também que a reforma traz uma importante alteração, porque ela amplia, com a criação do Imposto de Valor Adicionado Dual (IVA), que é uma lei única, simplificada, que facilita a vida do empreendedor, de quem faz a economia crescer, mas ao mesmo tempo promove uma arrecadação de base extremamente ampla para o município. “E essa é a diferença que acreditamos que vai trazer para os municípios mineiros, especialmente os pequenos, porque passarão a ter arrecadação garantida em cima de tudo aquilo que circula na cidade, seja serviço ou produto”, completou.

Ainda na reunião, o deputado Reginaldo Lopes, recebeu, das mãos do presidente da AMM, a medalha oferecida pela Associação às personalidades que contribuíram com o municipalismo mineiro, em alusão às comemorações dos 70 anos da AMM

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