Prêmio Shell de Teatro anuncia indicados de edição pós-pandemia; veja lista

Por Folhapress

SÃO PAULO

Com 'Ficções' e 'Sem Palavras' na liderança, categorias contam pela primeira vez com artistas trans e incluem peças de 2020

(FOLHAPRESS) Em 02/02/2023 13h47

O Prêmio Shell de Teatro anunciou nesta quinta-feira (2) os indicados à 33ª edição. A premiação é a primeira do evento desde o início da pandemia, e este ano alterou as regras para refletir as interrupções do período.

Cena do espetáculo 'Sem Palavras', indicado a cinco categorias do Prêmio Shell de Teatro Nana Moraes/Divulgação Cena do espetáculo 'Sem Palavras', que mistura teatro, dança, música e performance **** A presença de artistas trans nas categorias de atuação também se destacam na lista. Nomes como Vitória Jovem Xtravaganza, Verônica Valenttino e o Coletivo de Artistas Transmasculines, o CATS, foram lembrados pelo júri. De acordo com a organização, são os primeiros artistas trans a serem indicados ao prêmio.

O regulamento contempla espetáculos que fizeram temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo fora da pandemia, entre os dias 1° de janeiro e 31 de março de 2020 e entre 1° de abril e 31 de dezembro de 2022.

Outra mudança deste ano é que a categoria Inovação foi rebatizada de "Energia que vem da gente", em referência ao slogan da Shell no Brasil. As duas categorias estão previstas para reconhecer a criatividade dos artistas e o impacto social positivo de ações no meio e na sociedade brasileira, incluindo aquelas dedicadas para arrecadar alimentos e envolvidas na luta para aprovar as leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo.

Galeria Conheça os indicados ao Prêmio Shell de Teatro 2023 Premiação tem 'Sem Palavras' e 'Ficções' como recordistas de nomeações e artistas trans em destaque https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1756672475454039-conheca-os-indicados-ao-premio-shell-de-teatro-2023 *** Os júris são formados por Leandro Santanna, Ana Luisa Lima, Biza Vianna, Patrick Pessoa e Paulo Mattos no Rio de Janeiro, e por Evaristo Martins de Azevedo, Ferdinando Martins, Luiz Amorim, Maria Luisa Barsanelli e Luh Maza em São Paulo.

Já as homenageadas desta edição do Prêmio Shell são duas, Léa Garcia e Teuda Bara. Enquanto Garcia celebra 90 anos em 2023 com participações em montagens clássicas como a original de "Orfeu da Conceição" e "Anjo Negro", Bara é ícone do teatro mineiro, sendo fundadora do Grupo Galpão, que festejou quarenta anos no ano passado.

Entre os indicados, as peças "Sem Palavras" e "Ficções", que passaram pelo Rio de Janeiro, acumulam o maior número de nomeações, com cinco cada. Entre os indicados de dramaturgia de São Paulo, a produção "Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos" lidera com três.

A cerimônia de entrega dos prêmios acontece em 21 de março, no Rio de Janeiro.

Confira, abaixo, a lista completa de indicados.

SELEÇÃO JÚRI RIO DE JANEIRO

DRAMATURGIA

- Henrique Fontes e Vinicius Arneiro por "Peça de Amar"

- Gilson Barros por "Riobaldo"

- Cecilia Ripoll por "Pança"

- Elisandro de Aquino por "Eu Amarelo"

- Rodrigo Portella por "Ficções"

- Marcio Abreu e Nadja Naira por "Sem Palavras"

DIREÇÃO

- Renata Tavares por "Nem Todo Filho Vinga"

- Enrique Diaz e Marcio Abreu por "O Espectador"

- Rodrigo Portella por "Ficções"

- Paulo de Moraes por "Neva"

- Marcio Abreu por "Sem Palavras"

- André Paes Leme por "A Hora da Estrela ou O Canto da Macabéa"

ATOR

- Reinaldo Junior por "O Grande Dia"

- Milton Filho por "Joãosinho e Laíla: Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia"

- Cridemar Aquino por "Joãosinho e Laíla: Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia"

- Gilson Barros por "Riobaldo"

- Fábio Osório Monteiro por "Sem Palavras"

- Mario Borges por "A Última Ata"

ATRIZ

- Ana Carbatti por "Ninguém Sabe Meu Nome"

- Vera Holtz por "Ficções"

- Vilma Melo por "Mãe de Santo"

- Andrea Beltrão por "O Espectador"

- Vitória Jovem Xtravaganza por "Sem Palavras"

- Vini Ventania Xtravaganza por "Sem Palavras"

CENÁRIO

- J.C. Serroni por "Morte e Vida Severina"

- André Curti e Artur Luanda Ribeiro por "Enquanto Você Voava, Eu Criava Raízes"

- João Marcelino por "Candeia"

- Bia Junqueira por "Ficções"

- Cachalote Mattos por "Turmalina 18 - 50"

- Erick Saboia e Marcio Meireles por "Do Outro Lado do Mar"

FIGURINO

- Wanderley Gomes por "Vozes Negras: A Força do Canto Feminino"

- João Pimenta por "Ficções"

- Ticiana Passos por "Enquanto Você Voava, Eu Criava Raízes"

- Julia Vicente e Gabriel Vieira por "Peça de Amar"

- Marie Salles por "O Espectador"

ILUMINAÇÃO

- Cesar de Ramires por "Morte e Vida Severina"

- Artur Luanda Ribeiro por "Enquanto Você Voava, Eu Criava Raízes"

- Gabriel Fontes Paiva e André Prado por "Um Precipício no Mar"

- Alexandre Gomes por "A Jornada do Herói"

- Maneco Quinderé por "Neva"

- Fernanda Mantovani por "Caim"

MÚSICA

- Jorge Maya pela direção musical de "Luiza Mahin ... Eu Ainda Continuo Aqui"

- Itamar Assiere pela direção musical de "Morte e Vida Severina"

- Chico Cézar pela direção musical de "A Hora da Estrela ou O Canto da Macabéa"

- Ananda K pela direção musical de "Candeia"

- Claudia Eliseu e Wladimir Pinheiro pela direção musical de "Vozes Negras: A Força do Canto Feminino"

- Azullllll pela direção musical de "Cão Gelado"

ENERGIA QUE VEM DA GENTE

- "Companhia Cria do Beco", baseada no Complexo da Maré, pelo espetáculo Nem Todo Filho Vinga, que traduz para a contemporaneidade de modo complexo e eletrizante o conto Pai contra Mãe, de Machado de Assis, possivelmente o maior libelo antirracista da história da literatura brasileira.

- "Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR)", pela campanha de arrecadação realizada durante a pandemia, que ajudou inúmeros profissionais do teatro a sobreviverem materialmente, e também por ter sido fundamental na luta para a aprovação no Congresso Nacional das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc.

- "Cia de Mystérios e Novidades", por fomentar há 40 anos um teatro marcado pela diversidade e multiplicidade e, mais recentemente, por ter criado sua Escola Sem Paredes, um complexo de espetáculos, performances, cortejos, intervenções urbanas, exposições, aulas, seminários, oficinas e atividades socioculturais fundamentais para a ocupação do território da zona portuária do Rio de Janeiro e para o enriquecimento do calendário cultural da cidade.

- "Pandêmica Coletivo", por seu pioneirismo em criar uma plataforma online durante a pandemia, possibilitando a colaboração continuada entre artistas de diversas partes do Brasil, a experimentação de novos recursos na produção teatral online e difusão desses novos trabalhos.

- "Revista Questão de Crítica", por ter contribuído para o fortalecimento das ações online criadas durante a pandemia, estimulando o debate sobre novas possibilidades estéticas abertas por esse novo modo de produção teatral, e também por ter sido, ao longo de 15 anos de existência, decisiva para o fomento do pensamento crítico nas artes cênicas brasileiras.

- "Projeto Que boca na cena?", por ter realizado transmissões virtuais de espetáculos para fomentar a distribuição de renda para profissionais da cultura durante a pandemia e, nesse processo, por ter se firmado como importante espaço de uma prática antirracista continuada, que amplifica o alcance de trabalhos de artistas negros e periféricos.

SELEÇÃO JÚRI SÃO PAULO

DRAMATURGIA

- Dione Carlos por "Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos"

- Soraia Costa por "Sete Cortes até Você"

- Ronaldo Serruya por "A Doença do Outro"

- Viviane Dias por "Tarsila ou A Vacina Antropofágica"

- Lucas Moura por "Desfazenda ? Me Enterrem Fora Desse Lugar"

- Paola Prestes por "Bata Antes de Entrar"

DIREÇÃO

- Miguel Rocha por "Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos"

- Lázaro Ramos e Tatiana Tibúrcio por "O Método Grönholm"

- Ruy Cortez e Marina Nogaeva Tenório por "A Semente da Romã" e "As Três Irmãs"

- José Fernando Peixoto de Azevedo por "Um Inimigo do Povo"

- Janaina Leite por "A História do Olho ? Um Conto de Fadas Pornô-noir"

- Rogério Tarifa por "O Que Nos Mantém Vivos?"

ATOR

- Clayton Nascimento por "Macacos"

- Paulo Marcello por "O Fazedor de Teatro"

- Rodrigo Pandolfo por "F.E.T.O (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada)"

- Luis Lobianco por "O Método Grönholm"

- Odilon Wagner por "A Última Sessão de Freud"

- Zé Carlos Machado por "Papa Highirte"

ATRIZ

- Verónica Valenttino por "Brenda Lee e o Palácio das Princesas"

- Assucena por "Mata Teu Pai ? Ópera Balada"

- Ana Lucia Torre por "Longa Jornada Noite Adentro"

- Sara Antunes por "Anjo de Pedra"

- Clara Carvalho por "Um Inimigo do Povo"

- Laila Garin por "A Hora da Estrela ou O Canto da Macabéa"

CENÁRIO

- Fabio Namatame por "A Última Sessão de Freud"

- Daniela Thomas e Felipe Tassara por "Molly Bloom"

- Bira Nogueira por "Meu Reino por um Cavalo"

- Luiz André Charubine e Mandy por "Pérsia"

- Zé Henrique de Paula por "Sweeney Todd"

- Chris Aizner por "Outono, Inverno ou O Que Sonhamos Ontem"

FIGURINO

- Claudia Schapira por "Na Solidão dos Campos de Algodão"

- Marichilene Artisevskis por "Mary Stuart"

- Karen Brusttolin por "Gaslight, uma Relação Tóxica"

- Anne Cerutti por "Consentimento"

- João Pimenta por "F.E.T.O (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada)"

- Silvana Marcondes por "Nzinga"

ILUMINAÇÃO

- Wagner Pinto por "F.E.T.O (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada)"

- Cesar Pivetti por "Brilho Eterno"

- Aline Santini por "Na Solidão dos Campos de Algodão"

- Cibele Forjaz por "Altamira 2042"

- Wagner Antonio por "Com os Bolsos Cheios de Pão"

- Wagner Freire por "Mary Stuart"

MÚSICA

- Marco França pela direção musical de "Tatuagem"

- Tom Zé e Maria Beraldo pela música de "Língua Brasileira"

- Alisson Amador, Amanda Abá, Denise Oliveira e Jennifer Cardoso pela execução musical em "Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos"

- Dani Nega, Eugênio Lima e Roberta Estrela D?Alva pela direção musical de "Hip Hop Blues"

- Felipe Botelho, Amanda Ferraresi, NBKE e Wallie Ruy pela execução musical em "Wonder ? Vem pra Barra Pesada"

- Dan Maia pela música de "Tebas"

ENERGIA QUE VEM DA GENTE

- "Éssa Companhia de Teatro", pelo trabalho com a comunidade de São Miguel Paulista, no extremo da Zona Leste de São Paulo, que resultou no espetáculo Ensaio para dois perdidos.

- "Coletivo 302", pela valorização da ancestralidade em Cubatão, na baixada santista, refletindo sobre a herança socioambiental da época em que era a cidade mais poluída do mundo, expressa de maneira contundente no espetáculo Vila Parisi.

- "Rede de Leituras", pela importante reunião de profissionais do teatro para fomentar e difundir a dramaturgia contemporânea em tempos pandêmicos.

- "Cia Munguzá de Teatro", por suas ações artísticas e sociais acolhendo a população da Cracolândia e seu entorno durante a pandemia de Covid-19.

- "CATS (Coletivo de Artistas Transmasculines)", pela pesquisa histórica e ações de visibilidade e inclusão dos artistas transmasculines no Brasil.

- "Os Satyros", pelo projeto A arte de enfrentar o medo / The art of facing the fear, reunindo simultaneamente artistas de vários países dos cinco continentes e fomentando a experimentação de formatos digitais durante a pandemia