PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) - O líder chinês, Xi Jinping, aguardou o final do Fórum de Desenvolvimento da China, que reuniu cerca de uma centena de executivos e analistas em sua maioria ocidentais em Pequim, para convidar só as empresas americanas para uma conversa e afirmar que seu país vai continuar crescendo.

"No passado, a China não entrou em colapso por causa da 'teoria do colapso da China' e agora não vai atingir o pico por causa da 'teoria do pico da China'", disse ele na quarta-feira (27), em sua primeira reação ao conceito de que o país chegou ao limite de crescimento, popularizado pelo livro "Danger Zone - The Coming Conflict with China" (zona de perigo, o conflito que se aproxima com a China), de 2022.

"Nós vamos continuar a promover desenvolvimento de alta qualidade", acrescentou. No mesmo dia, o governo chinês havia divulgado que o lucro do setor industrial havia saltado 10,2% em janeiro e fevereiro, em relação ao mesmo período no ano anterior. O resultado foi creditado pela Everbright Securities, de Xangai, às políticas governamentais de estabilização do crescimento.

O novo modelo de crescimento, o "desenvolvimento de alta qualidade" repisado por Xi, passando o foco do setor imobiliário para tecnologia, começa a convencer céticos como a Bloomberg Economics. Em relatório na véspera, a consultoria avaliou que "o setor de alta tecnologia da China está impulsionando uma demanda crescente por bens e serviços e poderá rivalizar com o setor imobiliário até 2026".

Sorridente, Xi foi além e falou às duas dezenas de executivos, entre eles Mark Carney, da própria Bloomberg, Stephen Schwarzman, do grupo Blackstone, e o brasileiro Cristiano Amon, da Qualcomm, que Pequim se prepara para "aprofundar de forma abrangente as reformas", sem detalhar. "China e EUA devem ser a força motriz um do outro para o desenvolvimento, e não obstáculos", defendeu.

No fórum, nos dias anteriores à conversa convocada em cima da hora por Xi, as intervenções foram na mesma direção. A estrela foi Tim Cook, da Apple, em sua terceira viagem neste ano à China, onde vem perdendo fatia de mercado para a Huawei. "Eu amo aqui", disse ele, questionado sobre as três visitas. "É tão vibrante, é tão dinâmico aqui. Eu acho que a China está realmente se abrindo."

Ao longo de uma semana na China, Cook anunciou mais investimento em pesquisa em Xangai e acertou com o Baidu, gigante chinês de tecnologia mais avançado em inteligência artificial, o fornecimento das ferramentas de IA para o iPhone 16 e outros equipamentos que saem ainda neste ano no país. Também fechou com a Tencent para adaptar seus aplicativos ao Vision Pro da Apple.

Também estiveram no evento, entre outros, os CEOs de gigantes de petróleo como Saudi Aramco e ExxonMobil, de tecnologia, bancos, montadoras de veículos, empresas de alimentos e de medicamentos, mineradoras como a brasileira Vale, com o CEO Eduardo Bartolomeo. Também os dirigentes do FMI e do Banco Mundial. O tema do fórum deste ano foi "O contínuo desenvolvimento da China".

Logo em seguida começou o Fórum Boao para a Ásia, que acontece anualmente naquela cidade turística do Sul da China e já foi tratado como Fórum Davos da Ásia. Neste ano está mais voltado a áreas de interesse geopolítico chinês, com participantes como o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, e o primeiro-ministro de Sri Lanka, Dinesh Gunawardena.


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