Corinthians reconhece rombo e tenta aliviar repasse em plano de recuperação
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Corinthians apresentou uma nova proposta no Regime Centralizado de Execuções (RCE) e aceitou integralmente as condições impostas pela Justiça para manter o processo ativo.
A nova versão do plano detalha, pela primeira vez, o impacto de dívidas fora do regime e sustenta que o clube ja tem cerca de 20% da receita anual comprometida.
Em decisão revelada anteriormente pelo UOL, o juiz da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo rejeitou a homologação do plano então apresentado, mas deu prazo para correções, sob pena de extinção do RCE.
Entre as exigências estavam comprovação documental completa, revisão da distribuição de receitas e esclarecimentos sobre dívidas com a Caixa Econômica Federal, tributos e débitos no âmbito esportivo.
RECEITA JÁ COMPROMETIDA
Na resposta ao Judiciário, o Corinthians sustentou que o percentual de 20% das receitas ao RCE já é praticamente absorvido por outras dívidas, que estão fora do regime centralizado.
Entre elas estão os pagamentos à Caixa Econômica Federal, pelo financiamento da Neo Química Arena, débitos tributários parcelados e valores acordados juntos a Câmara Nacional de Resoluções de Disputas (CNRD), órgão ligado à CBF.
Considerando um faturamento anual estimado em R$ 1 bilhão, essas obrigações somam cerca de R$ 200 milhões por ano, valor equivalente a cerca de 20% da arrecadação total, de acordo com o clube.
Diante desse cenário, o Timão propôs um modelo de modulação do percentual a ser destinado ao RCE no seguinte formato:
No primeiro ano após a homologação, o clube se compromete a repassar ao menos 4% da receita mensal;
No segundo ano, o percentual subiria para 5%;
A partir do terceiro ano, o índice mínimo seria de 6%.
A apuração desse comprometimento deverá ser validada periodicamente pelo administrador judicial e homologada pelo juiz responsável pelo processo.
O plano mantém a estrutura debatida ao longo do processo, com o pagamento de 60% da dívida nos primeiros seis anos e a quitação do saldo restante ao longo dos quatro anos seguintes. O formato foi considerado legal pelo Judiciário, apesar das contestações de parte dos credores.
AJUSTES EXIGIDOS PELA JUSTIÇA
Em atendimento às determinações judiciais, o Corinthians também promoveu mudanças no texto:
Eliminou a categoria dos chamados "credores parceiros", considerada ilegal pelo juiz;
Manteve os "credores aderentes", que podem optar voluntariamente pelo plano com correção pelo IPCA;
Reduziu para 30 dias o prazo para realização de leilões reversos, com regras mais claras para antecipação de pagamentos mediante deságio.
PRESSÃO SOBRE O CAIXA
Ao detalhar números, o Corinthans reconheceu que opera com margens financeiras estreitas, mesmo com receitas elevadas.
O clube destacou que, sem a modulação do percentual do RCE, haveria risco de inviabilização do fluxo de caixa e do cumprimento simultâneo das demais obrigações. Diante desse cenário, a diretoria pede a homologação do plano ajustado e aguarda novo parecer do administrador judicial, etapa decisiva para a manutenção do regime.