Negrette, o juiz-forano que colecionou dois acessos no futebol goiano em 2025

Preparador de goleiros construiu trajetória silenciosa e eficiente, virou peça fundamental em projetos históricos e agora chega à elite do Mato-Grossense após levar Centro-Oeste e Crixás a campanhas inéditas.

Por Isabella Oliveira

Negrette ajudou o Centro Oeste a conquistar, pela primeira vez em sua história, o acesso para a elite do Campenato Goiano

A trajetória do juiz-forano Negrette no futebol brasileiro ganhou novos capítulos de destaque em 2025. Em um intervalo curto, o preparador de goleiros, que possui a Licença B da CBF Academy, conquistou dois acessos no futebol goiano, primeiro pelo Centro Oeste SAF, garantindo a vaga inédita do clube na elite estadual, e depois pelo Crixás, conduzindo o time à Divisão de Acesso.

O feito consolida o profissional como um dos nomes mais valorizados da posição no Centro-Oeste. Mas o caminho até aqui foi longo, e começou muito antes de Goiás entrar no mapa da sua carreira.

Raízes em Juiz de Fora

Negrette nasceu e cresceu esportivamente no Tupi, onde atuou como goleiro da base dos 9 aos 19 anos. Chegou a treinar com o profissional, mas não estreou em jogos oficiais. Foi ali, porém, que encontrou a porta de entrada para sua vida como treinador.

“O Tupi abriu as portas para eu iniciar como preparador de goleiros. O Zé Luiz, meu técnico na base, confiou em mim e me deu essa oportunidade”, lembra.

Ao lado de figuras marcantes como Walker, citado por Negrette como “um dos grandes pais da carreira”, consolidou sua formação e passou por diversos clubes da região, como Tupynambás, Villa Real e o Sport Club, onde esteve no último ano do clube no profissional, em 2010.

Mudança para Goiás e primeiros desafios

A virada na carreira veio em 2023, com o convite para integrar a comissão do Atlético Goianiense na base. Trabalhou dois anos no clube, chegando ao Sub-20 e tendo participações no profissional. A mudança de diretoria, porém, levou ao seu desligamento em 2024.

Logo surgiu uma nova porta, o Jataiense, onde disputou a primeira divisão do Goianão de 2025. A campanha histórica levou o time às quartas de final, algo incomum na trajetória recente do clube.

“Fizemos um grande trabalho. O Jataiense vinha só brigando contra rebaixamento e conseguimos classificar para o mata-mata”, conta.

O goleiro Arthur, que trabalhou com Negrette na equipe, teceu elogios ao treinador. “É um profissional incrível, atualizado, respeitoso e muito humano. Tenho certeza que tem capacidade para chegar à Série A”.

Centro Oeste SAF: Acesso inédito a uma rodada do fim

Sem calendário após o estadual, Negrette assumiu o desafio do Centro Oeste SAF, de Nerópolis. O clube sonhava há anos com o acesso à elite, mas nunca havia conseguido.

Comandado por Luan Carlos, o time conseguiu a vaga com uma rodada de antecedência, fechando o torneio como vice-campeão da Divisão de Acesso.

“Era uma responsabilidade enorme. O clube nunca tinha chegado à primeira divisão. Fizemos um grande trabalho, com muito apoio da diretoria e dos atletas”, destaca.

Crixás, mais um acesso histórico

Depois do Centro Oeste, Negrette recebeu convite do Crixás. Mesmo em uma cidade com menos de 20 mil habitantes, o projeto foi abraçado pela população e a equipe subiu da Terceira Divisão para a Divisão de Acesso.

“A cidade abraçou o time. A prefeitura, os torcedores, todo mundo. Conseguimos um feito inédito”, lembra o preparador.

O treinador Glauber Ramos, comandante daquela campanha, reforça o impacto do trabalho do juiz-forano.
“Negrette tem treinamentos modernos e muito eficientes. Tivemos a defesa menos vazada, muito por causa do trabalho dele. Além disso, construímos uma amizade que quero levar por muito tempo”.

Novo capítulo: Elite do Mato Grosso

Após somar dois acessos em sequência, Negrette parte agora para o União Rondonópolis, tradicional clube do Mato Grosso, onde disputará a primeira divisão estadual e a Série D.

Ele reconhece que o maior desafio é estar longe da família, mas se mantém convicto do caminho que trilha. “A distância das minhas filhas é o mais difícil. Mas Deus coloca pessoas boas no nosso caminho, e os clubes me deram sempre condições de trabalhar bem”, finaliza.