Escândalo envolvendo dirigentes eleva pressão sob presidente do São Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um esquema de venda clandestina de ingressos para um dos camarotes do Morumbis em dias de shows jogou o presidente do São Paulo, Julio Casares, no meio de uma crise que pode custar o restante de seu mandato, que vai até o fim de 2026.
Nesta segunda-feira (15), membros de um grupo de oposição iniciaram um movimento pelo afastamento do mandatário baseado em uma reportagem do site ge.com, segundo a qual Mara Casares, ex-esposa de Julio e que ocupava o cargo de diretora feminina, cultural e de eventos, e Douglas Scwartzmann, diretor-adjunto de futebol de base, lideravam um suposto esquema de desvios de ingressos.
Após o site divulgar um áudio no qual os dois admitiriam a prática irregular, eles pediram licenças de seus cargos. Em nota, o São Paulo disse que "realizará a devida apuração dos fatos. E, com base nessa análise, adotará as medidas que se mostrarem necessárias".
Também em nota, Mara admite o teor da conversa, mas diz que ela foi usada fora de contexto. "Admito, no entanto, que tal conversa entre nós possa ter sido em tom elevado, mas quero deixar claro que nem eu, nem o sr. Douglas recebemos quaisquer tipos de vantagens, sejam financeiras ou de favorecimentos de outras naturezas em nenhum momento antes, durante ou depois de todo o desdobramento deste caso".
Também participa da conversa gravada entre Mara e Douglas uma terceira pessoa, Rita de Cassia Adriana Prado, que seria a intermediária do esquema. Foi ela que teria ficado responsável pela venda dos ingressos, que chegaram a custar R$ 2.100 cada um. Apenas com o camarote 3A o faturamento estimado foi de R$ 132 mil. O local fica no setor leste do Morumbis, descrito em documentos internos como "sala da presidência", em frente ao escritório utilizado por Julio Casares.
Douglas e Adriana não se manifestaram até a publicação deste texto.
O caso foi levado à Justiça por Adriana, que entrou com uma ação cível sob alegando que uma empresa pareceria teria se apropriado de ingressos sem quitar o valor total combinado. Após o registro do boletim, Mara Casares e Douglas Scwartzmann passaram a pressionar Adriana para retirar a ação, temendo que o esquema envolvendo os três fosse revelado.
"Nós três sabemos como foi feito. Você não é boba, nem eu nem ninguém. Isso foi feito de forma indevida. De forma não normal. Não é normal. Foi feito um favor. E você está gastando um favor, queimando as pessoas que te ajudaram. O erro seu lá atrás deu um prejuízo, acabou. Não tem recuperação, querida. Não tem. Todo mundo perdeu ali. Agora, você quer prejudicar a Mara e o Marcio? É isso?", disse Scwartzmann na conversa gravada.
Citado pelo dirigente, Marcio Carlomagno é CEO do São Paulo e braço direito de Casares, cotado para ser o nome da situação na próxima eleição. Apesar da referência a seu nome, ele continua no cargo. Em nota, ele "refuta a afirmação de que o camarote tenha sido utilizado de forma clandestina".
Segundo o áudio da conversa entre Mara, Douglas e Adriana, foi Marcio que repassou para Mara o direito de uso comercial do camarote. Essa propriedade, então, foi transferida para a empresa de Adriana.
Diante da exposição do caso, o grupo de oposição "Salve o Tricolor Paulista" divulgou uma nota na qual pede a apuração do escândalo e também o afastamento do presidente Julio Casares. Para oficializar uma ação no Conselho, o pedido precisa ter, no mínimo, 20% das assinaturas da casa, atualmente esse número equivale a 52 conselheiros. De acordo com o portal UOL, o grupo de oposição conta com 55 nomes.
Depois que o pedido foi protocolado, a avaliação fica a cargo do presidente do Conselho, Olten Ayres. Se a ação for considerada procedente pelas comissões disciplinar e de ética, o caso vai para votação da casa.
VEJA NOTA DO SÃO PAULO
"O São Paulo Futebol Clube informa que tomou conhecimento do conteúdo do áudio por meio da imprensa e que realizará a devida apuração dos fatos. Com base nessa análise, o Clube adotará as medidas que se mostrarem necessárias. Na manhã desta data, os conselheiros Douglas Schwartzmann e Mara Casares solicitaram licença de seus respectivos cargos na gestão."
