São Paulo: Oposição coleta assinaturas, e pedido de saída de Casares avança
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A oposição do Conselho Deliberativo do São Paulo avalia que terá as 50 assinaturas para iniciar o processo de destituição do presidente Julio Casares nesta segunda-feira.
Opositores preveem que no início da semana já poderão realizar uma convocação de reunião extraordinária na casa, que exige um documento com assinaturas de pelo menos 50 conselheiros. Neste encontro, será protocolado o pedido de saída do mandatário.
Ao UOL, fontes no grupo admitem que será um processo difícil, já que, mesmo em meio ao 'turbilhão' político que atingiu a gestão nos últimos dias, a maior parte do Conselho ainda é fiel a Casares ? mesma avaliação de pessoas na situação.
Se o pedido avançar, precisaria passar por uma votação no Conselho Deliberativo e ser aprovado por pelo menos dois terços da casa ? 171 de 255 conselheiros neste domingo (21) aptos ao voto. Nesse caso, Casares já seria afastado.
Em seguida, o pedido de destituição ainda passaria por uma Assembleia Geral, com todos os sócios adimplentes. A aprovação se daria por maioria simples, última instância do processo.
ENTENDA O CASO
A ira de opositores veio à tona após a divulgação de um áudio, revelado pelo ge, em que Douglas Schwartzmann, diretor adjunto da base, conversa com Mara Casares ? ex-esposa do presidente e então diretora feminina, cultural e de eventos do clube ? sobre a comercialização de ingressos de um camarote para o show da cantora Shakira, realizado em fevereiro. Ambos foram afastados de suas funções, e Mara pediu licença do cargo de conselheira.
No áudio, Schwartzmann reconhece que a operação teria ocorrido de forma clandestina, afirma que Márcio Carlomagno ? superintendente geral do clube no CT da Barra Funda, considerado internamente o "braço direito" de Julio Casares e nome forte da situação política para a eleição presidencial de 2026 ? tinha conhecimento dos fatos e demonstra preocupação com possíveis punições e desgastes políticos dentro do clube.
O camarote envolvido é o 3A, localizado no setor leste do estádio e registrado nos sistemas internos como "sala da presidência". Mara Casares teria recebido de Carlomagno o direito de uso do espaço e repassado o camarote para exploração comercial no show. A venda dos ingressos ficou sob responsabilidade de Rita de Cássia Adriana Prado, que teria arrecadado cerca de R$ 132 mil, com entradas comercializadas por valores de até R$ 2.100.
A situação avançou para a esfera judicial depois que Rita de Cássia acionou uma empresa parceira, alegando apropriação indevida de ingressos sem o devido pagamento. Com o registro de Boletim de Ocorrência e a abertura de processo, Douglas Schwartzmann e Mara Casares teriam passado a pressioná-la para retirar a ação.
Em contato com o UOL, Schwartzmann negou todas as acusações. O diretor afirmou que sua atuação foi pontual, que teve como único objetivo tentar evitar que um conflito entre particulares causasse desgaste institucional ao São Paulo e ter optado por um afastamento temporário para que as apurações ocorram com tranquilidade.
