O que é e para que serve escudo de Tchernóbil, que foi danificado na Ucrânia

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Danos provocados por um ataque com drone voltaram a expor a fragilidade do escudo protetor do reator 4 de Tchernóbil, estrutura criada justamente para impedir que qualquer resquício de radiação volte a escapar do local do pior desastre nuclear da história. Mas o que é e para que serve o escudo localizado na Ucrânia?

O revestimento metálico protege o antigo reator explodido em 1986. Conhecido como Novo Confinamento Seguro (NSC), ele sofreu avarias em fevereiro deste ano, após a Ucrânia relatar que um drone com carga explosiva atingiu a usina desativada.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) avaliou os danos e concluiu que o escudo não cumpre totalmente sua função de contenção. A agência cobra reformas urgentes e alerta para o risco de novos combates na região, alvo de disputas desde o início da guerra.

Para que serve o escudo de Tchernóbil

Construído para substituir o antigo sarcófago soviético, o NSC é uma das maiores estruturas móveis já erguidas no mundo. São 109 metros de altura e 257 metros de comprimento em uma cobertura de aço capaz de isolar toneladas de material radioativo ainda presentes no reator 4.

A obra foi concluída em 2016. Com custo de US$ 1,6 bilhão financiados pelo Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento, havia criado um ambiente seguro para que equipes pudessem acessar o local e iniciar o desmantelamento gradual do reator.

Ele funciona como uma camada adicional de proteção sobre o sarcófago deteriorado. O intuito é reduzir o risco de novos vazamentos e impedir que partículas contaminadas cheguem ao ambiente externo.

COMO FOI DANIFICADO

Em 14 de fevereiro de 2025, autoridades ucranianas afirmaram que um drone russo atingiu o complexo de Tchernóbil com uma ogiva de alto poder explosivo, provocando um incêndio e danificando o revestimento metálico do escudo. Moscou nega a autoria do ataque.

Desde o impacto, equipes especializadas fizeram reparos localizados. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aponta que as intervenções não foram suficientes para restabelecer a plena integridade da estrutura.

A agência ainda não determinou quanto material radioativo pode ter escapado. A degradação do escudo representa risco adicional em uma zona já vulnerável - uma área de 30 km ao redor do reator, mantida isolada desde 1986.

A AIEA também ampliou o alerta sobre a continuidade de combates na região, que chegou a ser ocupada por tropas russas no início da invasão, em 2022. Segundo o órgão, ataques e contra-ataques próximos a Tchernóbil podem comprometer de forma irreversível a segurança nuclear no local.