Maduro recebe prêmio 'Arquiteto da Paz' do regime da Venezuela após Nobel de opositora
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Sob pressão militar dos Estados Unidos, que enviaram forças para próximo da Venezuela, o ditador do país sul-americano, Nicolás Maduro, recebeu de líderes do regime o prêmio "Arquiteto da Paz". A premiação ocorreu meses após a líder opositora, María Corina Machado, ser laureada com o Nobel da Paz.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram Maduro sendo condecorado com uma medalha e uma faixa por "preservar a paz na América Latina". O evento ocorreu na quarta-feira (17) com integrantes da chamada Sociedade Bolivariana da Venezuela.
"É um grande compromisso! [...] A paz será meu porto, minha glória, meu desejo. Será sempre nossa vitória", disse durante a homenagem o ditador venezuelano, que ainda enalteceu Simon Bolívar, símbolo da independência venezuelana.
As imagens mostram uma mulher dizendo a Maduro que ele recebe o prêmio porque é uma pessoa exemplar e lutadora. "Por isso, o designamos arquiteto da paz. Presidente Nicolás Maduro Moro, arquiteto da paz. Devemos-lhe a paz da Venezuela, da América Latina e do mundo inteiro", afirma ela.
O evento ocorreu poucos dias após Ana Corina Sosa, a filha mais velha de María Corina Machado, representar a mãe em cerimônia do Nobel na cidade de Oslo, na Noruega, em 10 de dezembro. A líder opositora não chegou a tempo, mas também viajou ao país europeu.
María Corina recebeu o Nobel da Paz em 10 de outubro "por seu incansável trabalho em favor dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura à democracia" no país, segundo a organização.
A entrega do Nobel coincidiu com a mobilização militar dos EUA no Caribe e no Pacífico, onde quase cem pessoas foram mortas em ataques americanos contra embarcações usadas, segundo Washington, para o transporte de drogas.
Os EUA dizem que as ofensivas, iniciadas em agosto, fazem parte de operações contra o narcotráfico, mas especialistas questionam a legalidade desses ataques, e Maduro insiste que o objetivo é derrubá-lo e se apoderar das riquezas da Venezuela, rica em petróleo.
María Corina mantém proximidade com setores alinhados ao presidente dos EUA, Donald Trump, que acusam Maduro de envolvimento com organizações criminosas que representariam ameaça direta à segurança nacional americana ?posição questionada por setores da inteligência de Washington. Ao receber o anúncio da premiação, em outubro, ela dedicou parte do reconhecimento a Trump.
O presidente americano, por sua vez, recebeu no dia 5 o primeiro "Prêmio da Paz" da Fifa, em gesto que simbolizou a aproximação entre o republicano e Gianni Infantino, dirigente da entidade máxima do futebol.
