Tailândia e Camboja anunciam novo cessar-fogo em conflito na fronteira
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) - A Tailândia e o Camboja formalizaram neste sábado (27) a assinatura de um segundo acordo de cessar-fogo, na tentativa de encerrar uma escalada militar que já deixou ao menos 47 mortos.
O documento, assinado pelos ministros da Defesa das duas nações, estabelece a interrupção dos ataques a partir do meio-dia no horário local, e ocorre após semanas de bombardeios e deslocamentos massivos na fronteira entre os países.
A nova tentativa de paz se dá menos de dois meses após o colapso de um primeiro acordo, mediado diretamente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em sua passagem pela Malásia para participar da cúpula da Asean (Associação dos Países do Sudeste Asiático, em português), o americano protagonizou a assinatura do acordo ao lado dos primeiros-ministros Hun Manet, do Camboja, e Anutin Charnvirakul, da Tailândia.
Embora anunciado com otimismo pela Casa Branca em outubro como um "acordo histórico", o pacto anterior teve, na prática, pouca efetividade. Na época, a trégua durou apenas algumas semanas antes de ser suspensa por Bancoc, que justificou a retomada dos ataques após afirmar que seus soldados foram feridos por minas terrestres cambojanas.
A falha do primeiro cessar-fogo fez com que Trump novamente se envolvesse na mediação. Há cerca de duas semanas, o americano publicou nas redes sociais que havia tido telefonemas classificados como "muito bons" com as lideranças dos países asiáticos e que ambos haviam concordado em interromper os disparos.
As autoridades da Tailândia e do Camboja, porém, inicialmente não confirmaram a trégua e mantiveram as operações militares, evidenciando o desgaste do modelo de mediação de Washington.
Outros países, como Malásia e China, também pressionaram os países da região pelo cessar-fogo.
O novo acordo firmado neste sábado busca corrigir falhas do pacto anterior ao incluir mecanismos de verificação regional. Além do congelamento imediato das tropas em suas posições atuais e da proibição de novos reforços militares, o texto prevê o estabelecimento de uma Equipe de Observadores da Asean para monitorar a linha de frente.
O comunicado conjunto também detalha a cooperação para a retirada de minas terrestres e a facilitação do retorno de civis às zonas afetadas. A Tailândia condicionou a libertação de 18 soldados cambojanos capturados ao cumprimento integral da trégua pelas primeiras 72 horas.
A disputa entre as duas nações têm raízes profundas na demarcação da fronteira de 800 km, definida originalmente por mapas do período colonial francês. O conflito é centralizado na posse de terras ao redor de templos históricos, onde a falta de uma linha divisória clara faz com que patrulhas de rotina sejam interpretadas como invasões.
Sem um consenso sobre os limites territoriais geográficos, a região permanece em um estado de tensão latente, onde pequenos incidentes frequentemente escalam para confrontos de artilharia e ataques aéreos.
