Primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra de Bangladesh morre aos 80 anos
FLORIANÓPOLIS, SC (FOLHAPRESS) - Khaleda Zia, primeira mulher a chefiar o governo de Bangladesh, morreu nesta terça-feira (30), aos 80 anos, em um hospital de Daca. A morte foi confirmada pelo Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP, na sigla em inglês), legenda que ela presidia, por meio de uma nota divulgada nas redes sociais. A causa da morte não foi informada.
Figura central da política do país por mais de três décadas, Zia havia retomado protagonismo recentemente após ser absolvida, em janeiro, pela Suprema Corte, de acusações de corrupção que sempre classificou como perseguição política. A decisão abria caminho para uma eventual candidatura nas eleições gerais previstas para 2026, possibilidade considerada viável por aliados.
Zia chegou ao poder pela primeira vez em 1991, como herdeira política do marido, o ex-presidente Ziaur Rahman, militar que governou o país no fim dos anos 1970 e é apontado por apoiadores como um dos responsáveis pela consolidação do sistema democrático. Ele foi assassinado em 1981, durante uma tentativa de golpe.
"A presidente do BNP e ex-primeira-ministra, líder nacional Begum Khaleda Zia, faleceu hoje às 6h da manhã. Pedimos o perdão para a sua alma e solicitamos a todos orações por seu descanso eterno", diz o partido em nota.
A ex-premiê voltou ao cargo em 1996, mas permaneceu no posto por menos de duas semanas, em meio a uma crise política. Seu terceiro mandato teve início em 2001, à frente de uma coalizão que incluía o Jamaat-e-Islami, principal partido islâmico do país. O período foi marcado por retórica nacionalista, críticas frequentes à Índia e uma postura mais próxima do Paquistão.
Rival histórica de Sheikh Hasina ?filha do fundador de Bangladesh e líder do país por 15 anos? Zia protagonizou uma das disputas políticas mais duradouras do sul da Ásia. Hasina foi deposta em agosto de 2024, após uma revolta popular, e deixou o país ?em novembro, foi condenada à morte por conta da repressão aos protestos que terminaram por derrubá-la.
A morte de Khaleda Zia encerra um dos capítulos mais longevos e polarizadores da política bangladense contemporânea.
