Lula faz última reunião ministerial do ano e deve cobrar apoio a projeto eleitoral de 2026

Por CATIA SEABRA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) realiza na manhã desta quarta-feira (17) sua última reunião ministerial do ano, num encontro em que, segundo auxiliares, o petista deve fazer uma cobrança aos presentes por comprometimento com o projeto eleitoral de 2026.

Em sua fala de abertura, o petista afirmou que seus ministros precisarão decidir de qual lado estarão, quando se afastarem para pleitear cargos nas eleições do ano que vem.

"Ano que vem é o ano em que a gente tem a oportunidade, não só porque estaremos em disputa, mas porque cada ministro, cada partido que vocês participam vai ter que estar no processo eleitoral e vai ter que se definir de que lado tá. Será inexorável as pessoas definirem o discurso que vão fazer. Eles vão ter que defender aquilo que ele acha que pode elegê-lo", disse.

"Importante que a gente tenha noção que nós precisamos fazer com que o povo saiba o que aconteceu nesse país. Eu tenho a impressão que o povo ainda não sabe. Eu tenho impressão que nós ainda não conseguimos a narrativa correta para fazer com que o povo saiba."

O presidente iniciou o discurso abordando as eleições de 2026. Ele disse reconhecer o desejo de seus auxiliares de disputar o pleito e pediu: "Aquele que tiver que se afastar [da Esplanada], por favor, ganhe o cargo que disputar".

"É sempre assim: quando você tira um ministro, ele chora, mas quando ele quer sair, ele encontra todos os argumentos necessários para sair e joga a responsabilidade em cima do povo. Eu reconheço isso e vou ficar muito feliz que aquele que tiver que se afastar, e, por favor, ganhe o cargo que disputar", disse.

A reunião ministerial ocorre na Granja do Torto, a casa de campo oficial da Presidência. Neste encontro periódico, que costuma ocorrer pelo menos duas vezes por ano, o presidente reúne seus ministros para fazer um balanço das entregas do governo.

De acordo com aliados, Lula tem feito nos bastidores cobranças por fidelidade a seu projeto de reeleição. Trata-se de uma das mensagens que o petista pretende transmitir na reunião desta quarta, ainda segundo essas pessoas. Ele também deve fazer um balanço de 2025 e comentar prioridades para o próximo ano.

Lula tem repetido que, daqui para frente, o governo precisa olhar para além da governabilidade e focar em seus objetivos políticos. Além do mais, o petista tem insistido que pessoas que não lhe apoiarão em 2026 não podem permanecer no governo.

A convocação dos ministros ocorre às vésperas do ano eleitoral e em um momento em que Lula enfrenta tensões na sua relação tanto com a Câmara com o Senado. O petista viu os deputados votarem, contra a sua vontade, um projeto de lei que reduz penas dos condenados no processo da trama golpista, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Já na outra Casa, a relação com o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) está estremecida desde que Lula decidiu indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o STF (Supremo Tribunal Federal), ignorando apelos de senadores para que o escolhido fosse Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Esta é a terceira reunião ministerial do ano. A primeira, foi realizada no começo do ano, em janeiro, enquanto a última foi feita em agosto, quando as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil estavam entre as principais preocupações da gestão.

No último encontro, Lula e seus ministros usaram o boné com slogan "O Brasil é dos Brasileiros", idealizado pela gestão, em reforço o tom nacionalista adotado desde o tarifaço de Donald Trump. Nessa reunião, também foram feitas críticas a Eduardo Bolsonaro (PL-SP), defesas à regulamentação das big techs e o slogan atual do governo ?"Governo do Brasil - do lado do povo brasileiro"? foi anunciado.

Idealizado pelo ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência, Sidônio Palmeira, o slogan substituiu o "União e Reconstrução", usado desde o começo do mandato Lula 3.

Naquela ocasião, houve destaque especial aos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (Indústria, Comércio e Serviços), pela participação da negociação do tarifaço.