Líder do governo diz que partidos com ministérios devem se mancar e ajudar Lula em votações
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), reforçou o recado do presidente Lula (PT) e afirmou que os partidos que compõem o governo devem ajudar nas votações de interesse do Executivo.
"Acho que ele [Lula] fez uma fala muito adequada para o momento que estamos vivendo. Há que se compreender que não é possível um partido participar do governo e votar contra o governo aqui. Ninguém quer obrigar nada, mas as pessoas também precisam se mancar", disse Guimarães a jornalistas nesta quinta-feira (18).
Durante a reunião com ministros nesta quarta (17), Lula cobrou fidelidade dos ministros e de seus partidos e disse que a eleição de 2026 será 'hora da verdade'.
"Ano que vem é o ano em que a gente tem a oportunidade, não só porque estaremos em disputa, mas porque cada ministro, cada partido que vocês participam vai ter que estar no processo eleitoral e vai ter que definir de que lado tá. Será inexorável as pessoas definirem o discurso que vão fazer. Eles vão ter que defender aquilo que eles acham que podem elegê-los", disse.
Entre os partidos que compõem o governo, mas não entregam total apoio ao Executivo nas votações, estão PSD, MDB, União Brasil, PP e Republicanos. Guimarães disse defender uma frente ampla para a reeleição de Lula e ressaltou que haverá um momento correto para consolidar essas alianças.
Embora a ala de oposição do União Brasil negue que tenha partido da legenda a indicação de Gustavo Feliciano, filho do deputado federal Damião Feliciano (União Brasil-PB), o entendimento no governo é o de que o nome agrada a Rueda e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Nesta semana, Rueda teve uma conversa com a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e com o presidente do PT, Edinho Silva, em mais um gesto de recomposição. Em setembro, o partido chegou a decidir desembarcar do governo e pressionou Sabino a deixar o cargo, o que ele não fez e, por isso, acabou expulso.
"Eu acho que avançou também com as mudanças que ocorreram. [...] A minha expectativa, pelo que houve com a mudança do União Brasil, [é de que] nós temos que costurar aqui uma base que tenha pelo menos os 257 votos que são necessários para aprovar as matérias de maior relevância", disse Guimarães.
O líder do governo afirmou ainda que, nesta terça (16), na votação do corte de benefícios fiscais, matéria essencial para o governo fechar as contas em 2026, houve 310 votos favoráveis, com parte do União Brasil e do PSD votando a favor.
Para Guimarães, como esses partidos não apoiaram Lula na eleição de 2022, contar com metade da bancada já é um ganho.
"Nós tivemos 310 votos. O PSD deu 35 votos [de 47], União Brasil deu 30 e tantos [de 59], e por aí vai. Acho que se a gente tiver nessa média, de 30 a 35 votos da bancada do União Brasil, PSD e PP, está de bom tamanho. Por quê? Esses partidos, parte significativa deles, fizeram aliança com o candidato que perdeu a eleição. Portanto, isso tem que ser compreendido", disse.
Como mostrou a Folha, a indicação do novo ministro do Turismo partiu do grupo mais governista da bancada do União Brasil, que reúne cerca de 20 a 22 entre 59 deputados, e é composto pelo ex-ministro Juscelino Filho (MA), pelo líder da bancada, Pedro Lucas Fernandes (MA), e pelo próprio Damião.
Em entrevista à imprensa, Sabino afirmou que o movimento mostra que o União Brasil voltou para a base do governo. "Acho que essa indicação mostra que já voltou", disse.
O partido pretendia apoiar a candidatura presidencial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) junto com o PP, mas a possibilidade esfriou com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se lançando ao Planalto. Agora, o cenário para a federação está em aberto, e parte de seus líderes passaram a defender a neutralidade.
