Silvinei Vasques, condenado na trama golpista, é preso no Paraguai durante tentativa de fuga
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques foi preso nesta sexta-feira (26) no Paraguai enquanto tentava fugir, segundo a Polícia Federal.
Ele havia sido condenado neste mês a 24 anos e seis meses de prisão pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) como participante de um dos núcleos da trama golpista do governo Jair Bolsonaro (PL).
Silvinei foi preso no aeroporto de Assunção quando tentava embarcar em voo internacional para El Salvador com um passaporte paraguaio falso. Ele teria rompido a tornozeleira eletrônica em Santa Catarina, e a suspeita é que tenha ido de carro para o Paraguai.
Segundo integrantes da PF, quando houve o rompimento da tornozeleira, a corporação acionou o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e houve a decretação da prisão preventiva.
Silvinei foi condenado no dia 16 de dezembro e continuava em liberdade, já que ainda estava em curso o prazo para a apresentação de recurso. Ele usava tornozeleira eletrônica desde que deixou a prisão, em 2024, e tinha o passaporte cancelado.
Segundo integrantes do governo brasileiro, Silvinei Vasques deve ser trazido ao Brasil o mais rapidamente possível.
Após a prisão, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, telefonou para o ministro do Interior do Paraguai, Enrique Riera Escudero, para acelerar o processo de extradição.
Eduardo Nostrani, advogado do ex-diretor da PRF, diz que tomou conhecimento do caso na manhã desta sexta-feira. No entanto, a atuação em nome de Silvinei no Paraguai está a cargo de um advogado local, ainda não identificado pela defesa.
Silvinei foi condenado a 24 anos e seis meses, sendo 22 anos de reclusão com regime inicial fechado e 2 anos e 6 meses de detenção, além de 120 dias-multa, sendo cada dia-multa equivalente a um salário mínimo
Ele foi acusado de integrar um grupo de auxiliares de Bolsonaro que tinham cargos estratégicos e, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), articularam medidas para viabilizar um golpe de Estado.
Além de Silvinei, também foram condenados nesse núcleo Filipe Martins (ex-assessor internacional da Presidência), Marcelo Costa Câmara (ex-assessor da Presidência), Marília Ferreira (ex-integrante do Ministério da Justiça) e Mário Fernandes (general da reserva e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência).
Eles foram denunciados por cinco crimes: tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
Outros casos
Antes de Silvinei, houve tentativas de fuga envolvendo outros bolsonaristas, como o ex-deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), a ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e participantes dos atos golpistas do 8 de Janeiro.
Ramagem foi condenado a mais de 16 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. No entanto, ele fugiu para os Estados Unidos e teve seu mandato de deputado federal cassado pela Câmara. O ministro Alexandre de Moraes também reabriu o processo contra o deputado, o que pode aumentar sua pena.
Já Carla Zambelli foi condenada pelo STF a dez anos de prisão, além da perda do mandato, por invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), com o auxílio do hacker Walter Delgatti Neto, que também foi condenado.
Zambelli está presa na Itália desde julho, após ter passado pelos Estados Unidos antes de se estabelecer no país europeu. Na semana passada, o STF decidiu pela cassação de seu mandato, depois de a Câmara dos Deputados ter optado por manter a parlamentar no cargo.
Houve também a fuga de pessoas que participaram do 8/1. A Justiça argentina, por exemplo, determinou a extradição de cinco brasileiros condenados pelos ataques golpistas que estavam foragidos da Justiça brasileira.
