Outubro Rosa reforça importância do cuidado integral à saúde de mulheres trans
Campanha reforça que prevenção e acolhimento devem incluir também as mulheres trans, com atenção à hormonioterapia, exames de rotina e saúde mental.
Reconhecida nacionalmente, a campanha Outubro Rosa é uma das maiores mobilizações em torno da prevenção ao câncer de mama e da promoção da saúde da mulher. Neste ano, a iniciativa ganha um importante reforço: a necessidade de garantir visibilidade e atenção às mulheres trans.
A enfermeira Cissa, educadora em Saúde e docente do curso de Enfermagem da Estácio, explica que o cuidado integral deve considerar tanto as práticas de prevenção comuns a todas as mulheres quanto as demandas específicas da população trans.
“A saúde da mulher não tem um único padrão. Para as mulheres trans, é fundamental o acompanhamento da hormonioterapia, a realização de exames periódicos de monitoramento hormonal e o rastreamento com marcadores tumorais, já que a fisiologia é alterada pelo uso prolongado de substâncias químicas”, destaca.
Cissa acrescenta que, além disso, é essencial manter o calendário vacinal atualizado, oferecer métodos contraceptivos seguros, como o Implanon e a laqueadura, e garantir atenção constante à saúde mental.
“Cada corpo é único e precisa de um acompanhamento exclusivo para suas necessidades”, pontua.
Entre as ações de cuidado, também estão os procedimentos cirúrgicos que podem fazer parte do processo de afirmação de gênero. A Cirurgia de Confirmação de Gênero (Genitoplastia de Redesignação Sexual) é um dos principais recursos disponíveis, mas outras intervenções também têm papel relevante na saúde e autoestima das pacientes, como as cirurgias de feminização facial, a mamoplastia de aumento e a tireoplastia, voltada à feminização da voz.
“Essas intervenções exigem acompanhamento individualizado e multiprofissional, garantindo segurança clínica, apoio psicológico e atenção integral a cada etapa do processo”, ressalta a enfermeira.
De acordo com a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, instituída pela Portaria nº 2.836/2011 e consolidada pela Portaria nº 2/2017 do Ministério da Saúde, o acesso à saúde para pessoas trans é um direito garantido pelo SUS — o que assegura atendimento universal, gratuito e integral, com respeito e acolhimento às necessidades específicas dessa população.
Para a especialista, o acolhimento e a escuta qualificada são determinantes para que mulheres trans se sintam seguras ao buscar os serviços de saúde.
“Promover prevenção e cuidado nesse grupo é também promover igualdade, respeito e qualidade de vida”, reforça Cissa.
Neste Outubro Rosa, a mensagem se amplia: prevenção e acolhimento não têm gênero. O direito à saúde deve ser garantido a todas as pessoas.
