A arte de se reinventar: Rebeca Gonçalves, mulher trans preta de Juiz de Fora que transforma dor em resistência e palco em manifesto

Com vídeos que ultrapassam 200 mil visualizações e mais de 20 mil seguidores.

Por Petterson Marciano

Rebeca Gonçalves

Há seis anos, a dançarina e performer Rebeca Gonçalves descobria em si mesma a potência para transformar realidades, inclusive a sua própria. Hoje, aos 26 anos, ela se consolida como um dos nomes mais inspiradores da cena cultural de Juiz de Fora, reunindo em sua trajetória a luta de uma mulher trans preta, a beleza da arte e a força da resistência.

“Eu sou a prova de que sonhos, mesmo quando parecem impossíveis, podem mudar vidas”, diz Rebeca, que também é professora, digital influencer e produtora de espetáculos. Ela iniciou a carreira nos palcos das festas e eventos em Juiz de Fora e cidades vizinhas, dançando ao lado de DJs e MCs. A dança, como ela mesma afirma, foi sua salvação. “A dança me empoderou e me deu voz. Cada palco que eu pisava era também um grito contra a invisibilidade”, lembra.

Com talento e coragem, vieram convites para videoclipes, performances em eventos icônicos como o Miss Gay Brasil e a aclamada Rainbow Fest, que celebra a cultura LGBTQIAPN+ na cidade.

Nos últimos dois anos, Rebeca também conquistou as redes sociais, transformando sua história em inspiração para milhares de seguidores. Com vídeos que ultrapassam 200 mil visualizações e mais de 20 mil seguidores, ela compartilha rotinas, bastidores, processos criativos e reflexões sobre ser uma mulher trans preta em uma sociedade que ainda insiste em erguer barreiras. “Mais do que números, são histórias conectadas, vozes que se encontram”, resume.

Em 2024, Rebeca deu um passo ainda maior ao lançar seu primeiro documentário: “A Voz, a Dança e a Arte da Resistência Preta LGBTQIAPN+”, viabilizado por meio das leis de incentivo cultural de Juiz de Fora. O filme é um manifesto audiovisual sobre identidade, resistência e potência das periferias e corpos dissidentes. “Foi a minha carta aberta a quem ainda duvida do próprio lugar no mundo”, define.

Atualmente, além de influenciadora e performer, ela também se dedica à criação de espetáculos solos que misturam ballet, dublagem e narrativas viscerais, em que seu corpo se torna protagonista e contador de histórias.

Para além da arte, Rebeca carrega consigo a missão de inspirar outras pessoas a persistirem. E deixa uma mensagem para jovens que também sonham em ocupar espaços:

“Mesmo quando parecer difícil, mesmo quando parecer que nada está dando resultado… continue. Sua história está sendo escrita até nos dias de silêncio. Ela pode transformar outras vidas.”

Com amor, arte e resistência, Rebeca Gonçalves segue mostrando que Juiz de Fora pulsa cultura também nos corpos que resistem.