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Depoimento de Luiz Ruffato
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Fazia de tudo l?, desde tornearia-mec?nica (profiss?o em que me formei no
Senai de Cataguases) at? servi?os gerais (como soldagem). Dormia num
quartinho atr?s da oficina e ? noite fazia o terceiro-ano-integrado num
cursinho na Galeria do Bar do Beco. ?s vezes, na hora do almo?o (um
p?-efe numa lanchonete perto do trabalho), caminhava para os lados do
Parque Halfeld, para ir conhecendo a cidade. Numa dessas vezes,
aconteceu a minha tomada de consci?ncia pol?tica. Estava resolvendo
algum problema no cursinho. Demorei um pouco e quando sa? da galeria e
entrei no Cal?ad?o da Rua Halfeld me vi no meio de uma multid?o. Como n?o
entendi o que estava acontecendo, me encostei num canto e fiquei observando
o que ocorria. No Cal?ad?o, posicionados, estudantes carregavam cartazes e
faixas e gritavam palavras de ordem.
No Parque Halfeld, perfilados, soldados do Batalh?o de Choque com c?es e
cavalos, aguardavam um sinal qualquer para atravessar a Avenida Rio Branco.
De repente, soltaram um foguete na dire??o da pol?cia e iniciou-se uma
enorme batalha. Com cassetetes, bombas de g?s lacrimog?neo, cachorros e
cavalos, a pol?cia tentava dispersar a multid?o.
Fiquei paralisado, entocado pr?ximo da entrada de um pr?dio, sem conseguir
perceber que ali ? minha frente estava se desenrolando a Hist?ria. O
resultado dessa batalha todos conhecem: a ditadura iniciava a sua
derrocada. Em fins de 1983, deixei a cidade, a que voltaria num breve per?odo entre
1987-1990. Fiz amigos que me acompanham at? hoje.
A cidade mudou. Eu mudei. Mas, ambos, eu e a cidade, permanecemos enamorados
um do outro...
Luiz Ruffato.
