JF Hoje

Marcelo Miranda
Rep?rter
09/03/2006

Ir ao cinema vem se tornando um h?bito cada vez mais caro. Em algumas salas de Juiz de Fora, o ingresso j? chega a R$ 10, e mesmo nos dias de promo??o o valor n?o ? menor que R$ 7.

Como forma alternativa de cinefilia, existem em Juiz de Fora alguns projetos de acesso gratuito a filmes que permitem muita gente - em especial a popula??o de baixa renda - a se manter minimamente atualizado com o que rola nas telas e ainda conhecer cinematografias de outras ?pocas e estilos.

A Funalfa, bra?o cultural da prefeitura, mant?m ao menos dois programas de exibi??o de filmes com propostas distintas. O Cinema Paratodos ? o mais antigo deles: criado h? 18 anos, consiste em sess?es semanais dos principais lan?amentos em v?deo e DVD no m?s. "Buscamos sempre o que o mercado local de cinema exibiu meses antes. O foco maior acaba sendo a??o, romance, com?dia e grandes prdu?es", explica Carlos Gomes, atual chefe do setor de Audiovisual da Funalfa. "? uma forma de estarmos em dia com o que anda rolando e deixar o p?blico tamb?m antenado. Tentamos diversificar, exibindo desde trabalhos muito divulgados a outras novidades que v?o direto para as locadoras".

O Paratodos tem 16 sess?es por semana: oito para crian?as e oito para adultos, sempre nos finais de semana. A lota??o do Anfiteatro Jo?o Carri?o, onde ocorrem as exibi?es, ? de 60 lugares, e h? controle firme para evitar lota??o al?m da capacidade.

"Aconselhamos que os interessados cheguem com uma hora de anteced?ncia para pegar senha. Se n?o vier antes, corre risco de n?o conseguir lugar", diz Carlos (foto), que para mar?o programou, entre outros, o policial "Assalto ? 13? DP" e a com?dia infantil "O Filho do M?skara" (confira a programa??o mensal em nossa agenda cultural).

J? as mostras tem?ticas, igualmente coordenadas por Carlos Gomes e sem peridiocidade definida (apesar de normalmente serem mensais), t?m a proposta de exibir filmes com alguma caracter?stica em comum - seja no elenco, na abordagem do assunto discutido ou no g?nero. A ?ltima dessa linha foi h? dois meses: uma sele??o de faroestes cl?ssicos, que surpreendeu o curador com sala lotada ao longo de duas semanas. "N?o esper?vamos tanta ades?o, mas a mostra funcionou perfeitamente", comenta Carlos, que exibiu, por exemplo, raridades como "Winchester 73". Outra surpresa, esta em maio de 2005, foi a mostra de filmes realizados por cineastas de Juiz de Fora. Entre curtas, longas e v?deos, novamente o anfiteatro ficou no limite da capacidade de p?blico.

Tamb?m s?o comuns as homenagens a atores ou diretores recentemente falecidos, como foi o caso dos filmes com Gregory Peck e Katherine Hepburn, ambos mortos no mesmo m?s de junho, em 2003. Ou ainda a retrospectiva de carreiras j? devidamente percorridas e esgotadas, como foi a mostra sobre Marlon Brando (curiosamente apresentada dois meses antes do ator morrer, tamb?m em 2003).

Para breve, deve entrar em cartaz a terceira edi??o de "Divas do Cinema". A primeira foi em 2004, com filmes protagonizados por atrizes de renome, como Marilyn Monroe (foto), Rita Hayworth e Elizabeth Taylor. No ano passado, o foco foi em grandes personagens femininas, representadas em cinebiografias ("Olga", "Joana D'Arc", "A Paix?o de Jacobina", entre outros).

"A inten??o ? atingir a nova gera??o, que tem a oportunidade de conhecer filmes menos badalados hoje em dia e ter contato com obras de grande import?ncia, ? velha gera??o, que ia aos cinemas quando estes filmes eram exibidos", afirma Carlos, que tamb?m prepara um especial voltado ? carreira do diretor americano Robert Altman, recentemente homenageado no Oscar e realizador de "Short Cuts - Cenas da Vida" e "M.A.S.H".

Forma??o
Um projeto independente corre paralelamente ?s mostras, tendo o apoio da Funalfa, ? o N?cleo de Cinema Juiz de Fora Cidade Aberta. Criado h? quatro anos pelo bioqu?mico Willian Salgado, o grupo formado por jornalistas, historiadores, professores, fil?sofos e estudantes universit?rios tem por objetivo a exibi??o de filmes e um debate posterior. "Nos conhecemos durante uma mostra dedicada ao franc?s Jean-Luc Godard e decidimos criar quase um grupo de estudos, que se re?ne para ver e comentar filmes", define Willian.

Apesar de ter membros fixos, qualquer interessado pode participar. "O nosso nome, uma homenagem ao filme do italiano Roberto Rosselini, 'Roma Cidade Aberta', j? diz qual o car?ter do grupo: integrar quem quiser se aprofundar na linguagem e nos signifificados do cinema". Entre as obras exibidas no n?cleo, est?o desde trabalhos contempor?neos a filmes menos badalados, mas importantes para o bom entendimento do que ? realmente o cinema.

"Procuramos variar a ?poca, o pa?s e o estilo dos filmes, sempre buscando inteirar o participante do contexto e da relev?ncia do que foi exibido", explica Willian, tamb?m colecionador de filmes, o que facilita o acesso a alguns trabalhos mais raros.