Juiz de Fora passa por um crescimento desestruturado

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Juiz de Fora passa por um crescimento desestruturado A cidade comemora 158 anos, com uma popula??o de 500 mil habitantes e apresentando problemas de cidade grande



Priscila Magalh?es
Rep?rter
30/05/2008
*Cr?dito das fotos

Juiz de Fora passa por um crescimento desestruturado, apesar de existir um Plano Diretor. As especula?es imobili?rias e as invas?es populares est?o atropelando o planejamento. A opini?o do professor da Faculdade de Engenharia da Universidade federal de Juiz de Fora (UFJF), C?zar Henrique Barra Rocha reflete um pouco da hist?ria da cidade ao longo desses 158 anos. "O poder p?blico est? sendo ineficiente para orientar a expans?o urbana", critica Rocha, alertando para a conserva??o dos recursos naturais. "Quando eles se acabarem, vamos ter que buscar mais longe. Isso vai refletir no bolso do cidad?o", acredita.

Ao contr?rio da ?poca em que Juiz de Fora era, de fato, a "Manchester Mineira", hoje, o professor destaca a presen?a de cinco ou seis ind?striais grandes. As outras op?es oferecidas aqui, atualmente, como sa?de, educa??o e com?rcio, sustentam a cidade e atraem pessoas de outros locais, o que, inicialmente ? positivo, j? que elas contribuem para as vendas do terceiro setor.

Por?m, quem vem estudar e n?o volta para a cidade de origem quando o curso termina, acaba contribuindo com o aumento do desemprego a com a faveliza??o. "A cidade n?o consegue absorver toda essa m?o-de-obra". Estes dois problemas se unem a outros, como engarrafamentos, viol?ncia, acidentes e polui??o.

Por isso, Rocha diz que, mesmo sendo considerada uma cidade m?dia, levando em considera??o a popula??o de 500 mil habitantes, Juiz de Fora vive problemas de cidade grande. Este fator ? avaliado como ruim, j? que a tend?ncia, de acordo com ele, ? piorar.

Para retomar a qualidade de vida

Em um futuro pr?ximo, Rocha prev? a limita??o do n?mero de ve?culos de passeio circulando pela cidade, com a prioriza??o do transporte coletivo. Outra atitude radical deve acontecer. "A tend?ncia ? que as ruas do centro virem cal?ad?o, com espa?o apenas para carga e descarga em hor?rio estipulado". S?o atitudes para diminuir o problema de tr?fego e de vagas para estacionamento no centro da cidade.

Para um processo de crescimento saud?vel, o professor coloca que ? necess?rio o desenvolvimento de toda a Zona da Mata, n?o apenas de Juiz de Fora. A cidade poderia coordenar isso, distribuindo as ind?strias interessadas em se instalar na regi?o para as cidades pr?ximas. "Juiz de Fora est? inchada, perdendo qualidade de vida. Uma alternativa ? parar de oferecer incentivo e atrair coisas somente para c?".

Rocha defende a id?ia de que essa distribui??o de riquezas inverteria o fluxo de pessoas, eliminando a migra??o interna e a cidade seria uma boa op??o para passeio. Ele define que a conclus?o das obras do aeroporto regional, a ativa??o do porto seco, que atualmente ? sub-utilizado, a recupera??o de rodovias e ferrovias s?o fundamentais para que a Zona da Mata realmente seja homog?nea.

Pr?ximos passos

Diante da ocupa??o das regi?es central, norte, sul, leste e oeste (veja os mapas das regi?es), o professor prev? uma expans?o populacional para o noroeste. A ocupa??o desta regi?o est? acontecendo pelas margens da BR-040 e pelas terras do interior, atrav?s do crescimento da regi?o oeste, onde est? a Cidade Alta.

"Percebemos uma expans?o da Cidade Alta no eixo da BR-040. S?o ocupa?es populares", diz Rocha, prevendo problemas. Ele destaca que, na margem da rodovia, h? constru?es de condom?nios de luxo, que, com o tempo, v?o se unir ?s constru?es populares provenientes da regi?o oeste.

As reservas municipais tamb?m s?o pressionadas pelas habita?es. Rocha cita a Reserva Biol?gica Santa C?ndida, localizada entre a Cidade Alta e o Centro, que sofre amea?a de ocupa??o por resid?ncias populares. A Mata do Krambeck tamb?m ? lembrada por ele. O local foi amea?ado pela constru??o de um condom?nio de luxo e, em agosto do ano passado, a Prefeitura optou por preservar a ?rea.

Al?m das matas, as represas tamb?m sofrem press?o pela ocupa??o. A Jo?o Penido ? uma ?rea de preserva??o permanente e "est? sendo usada para o lazer. H? propriedades na beira da represa, enquanto a dist?ncia m?nima entre o local e as resid?ncias deveria se de 30 metros", ressalta Rocha.

Em outro ponto da cidade, a represa de S?o Pedro tamb?m est? amea?ada pela constru??o da via que vai ligar o bairro de mesmo nome ? BR-040. Segundo o professor, neste caso, n?o h? como voltar atr?s. Para que a nova estrada possa atender a um tr?fego mais intenso, ela precisar ser alargada e isso pode prejudicar a represa, considerada, por ele, como essencial para o abastecimento da regi?o alta.

Os recursos h?dricos ainda n?o constituem uma preocupa??o para o professor. S?o tr?s represas utilizadas para abastecer a cidade. Al?m das duas citadas acima, de S?o Pedro e Jo?o Penido, h? o c?rrego Esp?rito Santo. Para o futuro, ele coloca a represa de Chap?u D'uvas como uma possibilidade, apesar de n?o ter conhecimento sobre a qualidade da ?gua. "L?, existe uma reserva muito grande de ?gua e poderia ser a nossa reserva".

* Fotos do livro Juiz de Fora: Imagens do Passado, de Douglas Fazolatto