Alternativas de traçado para via de acesso ao Aeroporto Regional são discutidas na Câmara
Alternativas de traçado para via de acesso ao Aeroporto Regional são discutidas na Câmara
Repórter
Alternativas de traçado para a via de acesso ao Aeroporto Regional da Zona da Mata (mapa ao lado), que ligará a BR-040 a MG-353, foram discutidas na Câmara Municipal nesta quinta-feira, 18 de novembro. O licenciamento da construção da via tem causado polêmica e gerado opiniões antagônicas entre autoridades responsáveis pela obra e ambientalistas, que consideram a estrada um risco à Represa João Penido. Em seu ponto mais crítico, a estrada passa a 120 metros do manancial que abastece parte de Juiz de Fora.
O membro do Núcleo de Análise Geoambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Cézar Henrique Barra Rocha, apresentou dois caminhos que, em sua visão, são mais seguros e até mais baratos. "Há duas propostas. Uma passa pela Fazenda Apolinária, acima da bacia, e tem 30 quilômetros de extensão. Como já existe uma estrada, ela precisaria ser apenas restaurada e ampliada. O custo seria de R$ 30 milhões. A outra opção é a Via Remonta, que passa abaixo da barragem [de João Penido] e é mais curta, com nove quilômetros. Ela custaria R$ 18 milhões, mais R$ 3 milhões para um viaduto, no 4º GAC [Grupo de Artilharia de Campanha]." A via de acesso ao aeroporto cortaria a bacia, com 15,3 quilômetros de extensão e custo avaliado em R$ 40 milhões. "Não entendo porque o governo escolheu essa alternativa."
O gerente de Meio Ambiente do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Minas Gerais, Murilo Fontes, afirma que todas as alternativas foram estudadas e aponta os motivos para o descarte das opções apresentadas por Rocha. "A Via Remonta é uma área do Exército Brasileiro e a instituição não permitiu a intervenção do Estado. Já o caminho pela Fazenda Apolinária é muito acidentado, sinuoso demais e causaria impactos ambientais ainda maiores que o traçado proposto por nós. Tudo isso já foi discutido no Copam [Conselho Estadual de Política Ambiental] e aprovado pelo órgão."
Rocha critica a forma como se deu a aprovação da licença obra pelo órgão e aponta interesses políticos na construção da estrada naquele local. "Vencemos a votação [Rocha é membro do Copam] e ela foi cancelada e votada novamente, com uma mudança descabida de conselheiros, um golpe, que rendeu a licença. Sobre a Via Remonta, o governo não tentou uma negociação com o Exército. Foi apenas uma consulta. Obviamente, o Exército diria não a uma simples consulta. Há muito interesse político. Por onde a via passará, é possível a criação de condomínios de luxo, e é isso que o governo quer. Dar espaço a esse tipo de empreendimentos em área de proteção permanente. Por isso, existe uma ação civil pública ajuizada. Temos que intervir de alguma forma."
Os textos são revisados por Thaísa Hosken