Crescimento de JF provoca a descentralização do com?rcio

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Crescimento de JF provoca a descentralização do comércioCom o aumento da população e o achatamento do centro da cidade, lojas estão migrando para bairros como Manoel Honório, Benfica, São Mateus, entre outros

Aline Furtado
Repórter
8/2/2011

O crescimento da cidade de Juiz de Fora tem provocado a descentralização do comércio, que está migrando para bairros como Benfica, Manoel Honório, Alto dos Passos, São Mateus, Cascatinha e São Pedro (ver mapas). A mudança vem se acentuando nos últimos cinco anos, o que faz com que a cidade se assemelhe a um conjunto de centros comerciais.

"Há tempos, o comércio na região central estava restrito a quatro ou cinco ruas, entre elas, o Calçadão da Halfeld e a Marechal [Deodoro], por exemplo. Hoje, o centro comercial chega até quase a avenida Independência", destaca o presidente do Sindicato do Comércio (Sindicomércio) de Juiz de Fora, Emerson Beloti.

Segundo a análise de Beloti, a expansão dos estabelecimentos comerciais para os bairros é explicada pelo aumento populacional, que acaba por provocar necessidades, impulsionando o consumo. "Além disso, tem o fato de que cerca de 30% da população tenha preferência por ficar nos bairros e lá efetuar as compras. Os outros 70% recorrem ao comércio do Centro."

Além de mais opções para os consumidores, a mudança acaba por provocar alterações na própria estrutura da região central de Juiz de Fora. Um exemplo é a rua Marechal Deodoro. Anos atrás, a via era conhecida pelo glamour de suas lojas e seus respectivos produtos. Atualmente o que se vê é a popularização da Marechal. "A Braz Bernardino é a Marechal do passado", cita Beloti, explicando que a Braz Bernardino engloba um comércio elitizado, que, antes, ocupava a Marechal Deodoro.

Fidelização

Para quem abriu, em bairros, filiais de lojas que antes funcionavam apenas no Centro, a experiência tem sido positiva. "Percebemos que o público que vem às compras é do bairro e da região, o que faz com que sintamos um clima de cidade menor, ou seja, passamos a conhecer as pessoas, o que contribuiu para que os clientes venham sempre à loja", afirma o proprietário de um estabelecimento que comercializa roupas de malha, Marcelo Cavalieri.

Com uma loja funcionando no centro da cidade há vinte anos, a filial foi aberta há 12 anos na rua São Mateus. Mais recentemente, uma outra loja da marca está funcionando na rua Moraes e Castro, no Alto dos Passos. "Pela experiência, verificamos que as vendas ocorrem na mesma intensidade, mas isso apenas durante a semana. Aos finais de semana, o fluxo acaba sendo mais intenso na loja do Centro."

De acordo com a gerente geral de uma loja de roupas, que tem filiais na região central e também em bairros, como o Alto dos Passos, por exemplo, Roberta Ribeiro, a migração para os bairros acaba contribuindo de forma significativa para as vendas. "Como as pessoas que vêm à loja moram próximo dela, acabamos conhecendo mais nossos clientes e seus gostos. Criamos uma clientela de vizinhança, o que pode agregar diferenciais, como a oportunidade de as pessoas levarem as peças para experimentar em casa."

Com relação ao volume de vendas, Roberta afirma que, embora o fluxo de pessoas na loja do Centro seja mais intenso do que nos bairros, o fechamento de vendas ocorre de forma contrária. "O fluxo maior não necessariamente garante as vendas. Nos bairros, as pessoas vão porque já existe a fidelização, o que é, de certa forma, uma garantia de negócio realizado."

Custos na região central são maiores

Beloti lembra que comerciantes que migram para os bairros acabam por ter a vantagem de custos mais baixos do que no Centro. "Os bairros, em sua maioria, ainda não estão inflacionados, mas, como a descentralização vem ocorrendo, esta alta pode acontecer daqui a algum tempo", cita o presidente, exemplificando com o bairro Benfica. O local é bastante afastado da região central e já apresenta efeitos do crescimento do seu comércio. Um deles é o baixo número de imóveis comerciais para serem alugados atualmente. "O crescimento em Benfica foi mais rápido do que em outros bairros. Com isso, a alta já vem ocorrendo."

Shopping centers impulsionam

Embora ofereçam estacionamento coberto, conforto e segurança reforçada, os shopping centers não disponibilizam toda a gama de atividades encontradas em um centro comercial. Para o presidente do Sindicomércio, por essa razão, os shoppings acabam por impulsionar outras atividades, como lojas de materiais de construção, por exemplo, que passam a funcionar ao redor destes estabelecimentos.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken