Quando a televisão merece um espa?o nas férias escolares

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Quando a televis?o merece um espa?o nas f?rias escolares
Ana Paula Ladeira 14/01/2015

Quando a televisão merece um espaço nas férias escolares

Crianças em casa, pais trabalhando e...televisão. Mesmo sendo considerada como uma das grandes ameaças à educação infantil por muitos pais, ela ocupa um bom espaço de tempo na rotina das crianças (e dos adultos também!). Sim, os pais devem limitar o tempo de exposição das crianças à televisão, computador e celular – e não faltam pesquisas comprovando que o excesso de exposição a estes aparelhos eletrônicos pode trazer prejuízos comportamentais, ao aprendizado e à saúde. E o que se vê, como forma de combate a estes prejuízos causados pela televisão, é uma grande onda de restrições à publicidade infantil, que está resultando na pouca ou quase nenhuma programação infantil nas TV's abertas brasileiras.

A nova geração de pais que está se formando (e na qual eu me incluo) cresceu assistindo a todo tipo de maldades do Pica-Pau, às violentas brigas entre o Popeye e o Brutus ou ao excessivo uso de armas de fogo pelo Coyote na caça ao Papa-Léguas. Aliás, muitas animações como Os Flintstones eram originalmente criadas para o público adulto, mas acabavam entrando no imaginário infantil, apesar de propagandas explícitas de cigarro em alguns episódios. Talvez por isso, já exista uma descrença de que os programas infantis possam servir como forma de entretenimento e educação ao mesmo tempo.

Por outro lado, temos que levar em consideração que a TV não vai sair da casa destas crianças e que, inevitavelmente, fará parte de suas vidas. Portanto, é fundamental que os pais saibam prepará-las para um consumo consciente do conteúdo televisivo, restringindo tempo de exposição e escolhendo qual a programação adequada para a idade. Afinal, como bem observa o professor e pesquisador Arlindo Machado, "a televisão é e será aquilo que nós fizermos dela".

E para oferecermos uma boa televisão para a criançada durante as férias, existem, sim, opções de qualidade na telinha: programas educativos, alguns desenvolvidos por psicopedagogos e que estimulam a imaginação e o aprendizado das crianças. E o melhor: que representam a infância da criança brasileira. Uma das grandes novidades na programação infantil, a série educativa Que monstro te mordeu?, tem arrancado, merecidamente, elogios da grande imprensa. A produção, que estreou na TV Cultura em novembro, é assinada por Cao Hamburger, que também dirigiu o excelente Castelo Rá-tim-Bum. Ambientada numa floresta cheia de simpáticos monstros, a série trata questões relativas aos sentimentos e aos medos. A série está disponível na programação da emissora e também no You Tube.

Na TV Brasil, a novidade é o programa Janela Janelinha, que ganhou nova versão em outubro do ano passado. Voltada para o público de 5 a 11 anos, a série leva as crianças a conhecer culturas de outros continentes, através da música, brincadeiras e histórias, narradas pela atriz juiz-forana Suzana Nascimento.

E tem outras dicas que vale a pena conferir: ABZ do Ziraldo (aos domingos, na TV Brasil), Igarapé Mágico (TV Brasil) e a série voltada ao público infantojuvenil Pedro e Bianca (disponível na web, no site da TV Cultura), além dos bastante conhecidos Cocoricó e Castelo-Rá-Tim-Bum, que ainda são transmitidos pela TV Cultura.


Ana Paula Ladeira é Jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisa assuntos relacionados especialmente à TV.