Terça-feira, 12 de junho de 2012, atualizada às 15h50

Transferência de delegados expõe carência de policiais civis em JF

Thiago Stephan
Repórter
1ª Delegacia Regional de Polícia Civil

A transferência de dois delegados de Polícia Civil (PC) de Juiz de Fora levanta a questão sobre o contingente de policiais civis atuando na cidade. Foi publicado na imprensa oficial de Minas Gerais, na última quinta-feira, 7 de junho, a transferência dos delegados Rodolfo e Rodrigo Rolli e do investigador Waldemiro Eugênio Filho.

O motivo alegado para a mudança foi excesso de contingente no 4º Departamento de Polícia Civil, composto por Juiz de Fora e outras 85 cidades, argumento questionado pelo Sindicato dos Servidores de Polícia Civil (Sindpol).

De acordo com o diretor regional do Sindpol, Marcelo Armstrong, a realidade da PC na região não permite transferências, sobretudo com a justificativa apresentada. "A Polícia Civil em Juiz de Fora está perto de um colapso. Temos, hoje, cerca de 200 policiais, quando deveríamos ter 500, sendo que 30 devem se aposentar até o final do ano. Na Zona Norte, por exemplo, temos apenas quatro investigadores para uma população de 150 mil habitantes. Barbacena, que tem a mesma população, conta com 30 investigadores. Não temos como trabalhar", afirma.

Sobre as transferências, Armstrong disse que o Sindpol, a pedido dos delegados, vai entrar com mandados de segurança, questionando a fundamentação. "A questão é mais ampla. Temos que discutir o grave déficit de policiais civis em Juiz de Fora. A situação exigia que viessem policiais para cá e não que fossem embora", destaca.

Ainda de acordo com o diretor regional, a Organização Mundial do Trabalho indica a necessidade de um policial civil por mil habitantes, proporção desrespeitada na cidade. Ele revela que estudo realizado pelo Governo do Estado apontou que seriam necessários 18.500 policiais civis em Minas Gerais, mas só existem 9 mil atualmente. Segundo Armstrong, 30% deste efetivo encontra-se de licença por questões de saúde. "Temos que abrir urgentemente concurso para a Polícia Civil", afirma, para depois comentar a situação. "Chegou a tal ponto que já estamos vendo aumento da criminalidade. Apenas 8% dos homicídios são apurados, o que é gravíssimo. É preciso valorizar a Polícia Civil. Por isso, estamos cobrando do governo a abertura de concurso público, a valorização da categoria e melhores condições de trabalho".

Com as transferências, Rodolfo Rolli passa a trabalhar na delegacia de Ribeirão das Neves e Rodrigo Rolli, em Campo Belo. O investigador Waldemiro Eugênio Filho está designado para a delegacia do Barreiro, em Belo Horizonte. De acordo com a assessoria da Polícia Civil no Estado, as transferências atendem a interesses da administração e da chefia imediata.

Os texto são revisados por Mariana Benicá

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