Servidores municipais param atividades até segundaNa data será votado indicativo de greve. Câmara dos vereadores apoia negociação e pode intervir na conversa entre sindicatos e Prefeitura

Pablo Cordeiro
*Colaboração
20/5/2010

Em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira, 20 de maio, a unificação dos sindicatos de servidores públicos municipais decidiu, em votação, paralisar as atividades até segunda-feira, 24. Na última reunião entre a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e os sindicatos, não houve avanço e o governo manteve a posição de 7%, contra os 15% requeridos pela classe. Por esta falta de consenso, será enviada à Câmara uma solicitação de intermédio nas negociações.

O movimento conquistou, segundo a diretoria dos sindicatos - servidores públicos, médicos, engenheiros e professores -, a adesão de grande parte dos funcionários e de 95% das escolas municipais e das creches. Na saúde, a adesão chega a 70% das Unidades Básicas de Saúde (UBS). No Pam Marechal, o funcionamento é parcial. No Hospital de Pronto Socorro (HPS) e regionais Norte e Leste o atendimento é em caráter de urgência e emergência. Segundo a Prefeitura, 40% dos trabalhadores da Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav) e 75% da Secretaria Municipal de Obras (SMO) pararam. Na parte da manhã, seis caminhões saíram às ruas. A Cesama e a Agropecuária não participaram do movimento.

Segundo o coordenador do Sinpro e vereador, Roberto Cupolillo (Betão - PT - foto abaixo), a Câmara não está disposta a votar a proposta de reajuste sem que haja negociação entre a PJF e os sindicatos. "A Prefeitura não saiu da posição autoritária." Para o vereador Flávio Checker (PT), que esteve presente e apoia a manifestação, a Câmara aguarda o envio da mensagem pela Prefeitura para tomar partido. "Acho que não é uma negociação onde só um fala. A PJF deve mostrar boa vontade e avançar no índice."

ManifestaçãoOutra solicitação dos sindicatos é a prorrogação do abono de R$ 70, que uma parte dos servidores recebe. "Vamos pedir ao Legislativo que seja intermediário das negociações e que prorrogue o prazo do abono, que venceu no dia 30 de abril. É uma falta de bom senso o governo não perceber a gravidade do movimento. Na segunda, iremos votar o indicativo de greve", salienta o presidente do Sindicato dos Professores (Sinpro), Flávio Bitarello.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Gilson Salomão, ressalta que a participação da Câmara é fundamental, já que a base aliada está desconfortável com a falta de diálogo. "As forças estão abertas e a pauta específica, agarrada." Para o diretor administrativo da Regional Zona da Mata do Sindicato dos Engenheiros (Senge), João Queiroz, o documento não chega à Câmara, pois o prefeito sabe que não será votado pelos vereadores. "A situação está difícil. A intermediação da Câmara é muito positiva para esse impasse."

Para o presidente regional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rogério Freitas, há dinheiro na Prefeitura para conceder o reajuste. "No ano passado o reajuste foi zero. Quando fui presidente do Sinserpu, em 1996, a situação era pior e conseguimos recompor a tabela salarial. Por que não agora? A administração não dialoga e não tem transparência." Bitarello complementa dizendo que os cofres municipais estão cheios, devido ao aumento do IPTU e da taxa de coleta dos resíduos sólidos. "O reajuste só não é pago por má vontade."

Rumo à Câmara
Manifestação
Assim como na última paralisação, os manifestantes saíram da Praça Antônio Carlos e foram em direção às escadarias da Câmara, passando pela avenida Getúlio Vargas, pela rua Santa Rita e pela Rio Branco. Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Juiz de Fora (Sinserpu), Cosme Nogueira, cerca de seis mil pessoas acompanharam o cortejo. O número divulgado pela Polícia Militar indica 400 manifestantes. Em um só coro, os manifestantes entoaram durante todo o caminho o verso: "O servidor está na rua, Custódio a culpa é sua".

Nas escadarias da Câmara, Nogueira pediu aos trabalhadores mantenham a posição e não cedam à pressão da Prefeitura. "Não vamos ceder à pressão de ganhar hora extra para recolher o lixo à noite. É paralisação geral. É necessário que o lixo se acumule nas ruas. Se algum pai de família for colocado na rua, o movimento para na hora. Não vamos permitir que façam covardia. Podemos nos dividir no varejo, mas no atacado estamos juntos." Na Praça Antônio Carlos, os servidores depositaram em uma urna de votação - que será encaminhada à Prefeitura - uma avaliação da administração de Custódio Mattos.

*Pablo Cordeiro é estudante do 10º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes