Grupo Casa

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Grupo Casa Acompanhamento psicol?gico e social a soropostivos

Ana Luisa Damasceno
Rep?rter
16/12/2003
"Quando o exame deu positivo eu me senti sozinho, mas aqui a gente encontra o carinho e o amor que n?o tem em nenhum outro lugar". O depoimento emocionado do desempregado R., que convive com o v?rus da AIDS h? tr?s anos, resume muito bem o que o Grupo Casa representa na vida dos soropostivos que s?o atendidos no local.

"Aqui, eles t?m acompanhamento psicol?gico e social. N?o damos rem?dios, mas em grupo eles acham a for?a para seguir em frente", diz a presidente da entidade, Denise Maria Ferreira. O Grupo existe h? sete anos, sempre dando assit?ncia aos portadores do v?rus da AIDS.

Hist?ria

Tudo come?ou com reuni?es dentro de uma sala no Hospital Universit?rio. "Como eu sou assistente social no HU, os pacientes come?aram a se reunir para discutir seus problemas, sua situa??o. Da? para a cria??o de uma entidade foi um pulo", conta Denise. A casa foi alugada e, desde ent?o, os soropositivos t?m aulas de culin?ria e artesanato, al?m de terapia ocupacional e at? encontros religiosos.

Hoje s?o 405 os atendidos, de crian?as a idosos. Em muitos casos os volunt?rios acompanham gestantes. "Se os devidos cuidados forem tomados, as crian?as nascem sem o v?rus. Nos 50 casos que j? foram acompanhados pelo Grupo Casa, todos os beb?s tiveram o exame negativo.

As hist?rias s?o tristes, mas sempre com muita esperan?a. ? o caso de S., que contraiu o v?rus em uma transfus?o de sangue, h? tr?s anos. Ela conta que, num primeiro momento, toda a fam?lia ficou abalada. "Tive que mandar minha filha para morar com a minha m?e", conta. Hoje ela agradece a Deus por ter conhecido o Grupo Casa. "Aqui eu tenho tudo. Os volunt?rios s?o como a nossa fam?lia". E ela encontrou at? um namorado. H? um m?s ela mora com J., tamb?m soropostivo.

A dona de casa J. ? outra que n?o desistiu de viver. Ela contraiu o v?rus do marido, h? sete anos e logo entrou para o Grupo Casa. Uma das veteranas do local, j? passou por praticamente todas as oficinas de artesanato e conseguiu vender algumas pe?as, mas hoje diz que est? "mais sossegada". O novo companheiro n?o tem HIV, assim como o filho mais novo de J., que tem dois anos e nove meses.

Projetos

E, para dar esperan?a ? mais pessoas, o Grupo est? cheio de projetos. O primeiro ? dar continuidade ao acompanhamento das gestantes soropostivas. "Pretendemos aumentar o alcance do atendimento. J? temos um contato bom com o Instituto da Mulher, mas queremos mais", conta a presidente Denise Ferreira.

Outro plano ? trazer para a entidade os parentes dos soropositivos, principalmente os adolescentes. "Vemos tantas hist?rias tristes, de filhos de soropositivos que entram nas drogas. N?o queremos precisar atender esses jovens porque eles contra?ram o v?rus", explica Denise. O objetivo ? fazer um acompanhamento pedag?gico com os adolescentes, para ajud?-los na escola.

"Muitas vezes os jovens se contaminam pela falta de informa??o. Eles n?o viram a AIDS no come?o. Hoje o soropositivo n?o tem mais aquele aspecto esquel?tico, n?o definha mais. Por isso, eles 'relaxaram' e parecem n?o se importar com o perigo de ter sexo sem prote??o", alerta Denise.

Dificuldades

Mas, para atender a todos esses adolescentes, ? preciso uma mudan?a. A sede est? pequena para tantos atendimentos. "Quando come?amos aqui eram 30. Hoje s?o mais de 400 e ainda estamos no mesmo lugar", As festas e reuni?es com todos os soropositivos t?m que acontecer em locais emprestados, porque na sede n?o tem espa?o para todo mundo. Al?m disso, os novos projetos n?o podem sair do papel enquanto n?o houver espa?o f?sico para que eles possam acontecer.

Denise Ferreira explica que a Prefeitura j? tentou uma doa??o. "Eles queriam doar um terreno, mas ficava muito longe. Como recebemos pessoas de baixa renda e at? de fora da cidade, fica complicado para elas pagar um ?nibus a mais para chegar at? o Grupo Casa".

Agora uma negocia??o est? sendo feita com a Associa??o S?o Vicente de Paulo. "Os vicentinos t?m um pr?dio desativado no Po?o Rico. Com apenas uma parte do pr?dio j? poder?amos come?ar os novos projetos.". Denise contou que uma primeira reuni?o j? aconteceu e que a entidade j? repassou alguns documentos para a Associa??o. "Estou confiante de que tudo vai dar certo".

Enquanto isso os volunt?rios ainda t?m que lidar com um problema comum entre a maioria das ONGs juizforanas: a falta de dinheiro. As despesas s?o de R$ 4.500 em m?dia, por m?s.

O problema ? que a verba repassada pela AMAC ? de pouco mais de R$ 2 mil. "Al?m disso, as doa?es que eram feitas por telefone foram cortadas, porque a Telemar acabou com o servi?o". Cerca de um ter?o do dinheiro arrecadado pelo Grupo Casa vinha das doa?es via conta telef?nica. Agora a entidade tenta passar a cobran?a para as contas de luz.

Esperan?a

Mesmo com todas as dificuldades, o Grupo Casa segue em frente, trazendo esperan?a para o dia-a-dia de centenas de portadores do v?rus HIV. E n?o s? para eles. Os volunt?rios tamb?m se sentem recompensados com a convi?ncia - di?ria ou semanal - com os pacientes.

A artes? J?nia Izabel Faria Affonso ? uma dessas pessoas. Ela d? aulas de reaproveitamento de materiais para artesanato e conta que se sente renovada toda vez que pisa na sede do Grupo Casa. "A cada olhar que eu recebo aqui, eu sinto o amor. E isso n?o tem pre?o".

Se voc? quiser ajudar (com dinheiro, comida, roupas ou at? mesmo o seu tempo, sendo um volunt?rio), entre em contato com o Grupo Casa. O telefone ? 3217-5208.

A entidade ainda mant?m uma conta para receber as doa?es. Anote os dados:

BANCO DO BRASIL - AG 2995-5 - C/C: 190.211-3.

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