Presidente do Unidos do Ladeira lamenta ausência dos desfiles em 2016

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Presidente do Unidos do Ladeira lamenta aus?ncia dos desfiles em 2016

Presidente do Unidos do Ladeira lamenta ausência dos desfiles em 2016

Responsável pela escola mais vezes vencedora do Carnaval de Juiz de Fora critica decisão do Executivo em cortar verbas

Lucas Soares
Repórter
16/01/2016

A comemoração dos 50 anos dos desfiles oficiais de Juiz de Fora será modesta, sem as escolas de samba na passarela. A decisão por não desfilar, anunciada em setembro de 2015 com a negativa da Prefeitura em aceitar a proposta da Liga Independente das Escolas de Samba de Juiz de Fora (Liesjuf), ainda ecoa nas quadra e barracões da G.R.A.C.E.S. Unidos do Ladeira, atual tetracampeã do Carnaval.

De acordo com o presidente da escola, Marcus Valério Mendes, que já havia lamentado a falta de apoio do poder público no passado, não esconde a mágoa com o Executivo pela atual situação. "A verba da prefeitura nos ajuda para fazer o grosso do carnaval: alegorias, baianas e a bateria. A proposta que nos foi feita é insensata. Desde que o atual prefeito entrou, ele não aumentou a verba em nenhum um centavo. Nesses quatro anos, as coisas subiram demais. Agora, ele queria cortar a verba em 55%. Deixou as escolas sufocadas. Nós temos a nossa quadra liberada por todos os órgãos, então, nós não fomos tão afetados assim, como outras escolas", comenta.

Dentro da mesma crítica, Mendes conta que, para a realização do Carnaval de 2015, o Ladeira recebeu em torno de R$ 65 mil da PJF, e que esse valor não é suficiente para colocar uma escola na avenida. "Nós colocamos 850 pessoas na avenida. Dividindo R$ 65 mil por 850 pessoas, vê quanto dá (R$ 76,47). Não dá para fazer fantasia, alegoria, ensaios... Os gastos são muito grandes. Além disso, eu acho, Juiz de Fora tem um número exorbitante de agremiações carnavalescas. Não temos características para isso. Se fossem dez, cinco no primeiro grupo e outras cinco no segundo, seria o ideal. Enfim, com esse corte, as escolas decidiram não aceitar quatro anos sem aumento e ainda cortar 55% da verba agora. O prefeito não quer Carnaval. E não adianta falar que esse dinheiro vai para a saúde, educação, porque é "lorota". O povo tem que entender isso. Esse dinheiro é carimbado para a cultura, e vai pra outros projetos da Funalfa. Nós estamos pagando para se fazer um Corredor da Folia, onde se traz bandas e artistas de fora, e tiramos o dinheiro da cidade. A Prefeitura está acabando um pouco com a Cultura, principalmente neste ano, que se comemora 50 anos dos desfiles oficiais", reclama.

O presidente ainda revela que, no momento em que começou a ser ventilada a possibilidade de corte de verbas, a decisão foi de parar tudo e aguardar o posicionamento final. "Nós estávamos na escolha do samba enredo e paramos tudo. Agora você imagina outas coisas: nós temos um galpão alugado para manter as alegorias, em torno de R$ 3 mil por mês. Um ano sem fazer nada. Vamos jogar R$ 36 mil de aluguel no lixo, porque não vai ter Carnaval. Nós compramos tudo ao longo do ano e vamos colocando lá. Se eu cancelo esse aluguel, vão me cobrar R$ 6 mil, R$ 8 mil, em um galpão semelhante. Não é que o gasto seja exorbitante, mas não teve utilidade esse ano. Quanta gente perde dinheiro com isso? A quantidade de costureira que fica sem trabalhar, o comércio, as empresas de bebidas, as pessoas que tem suas carrocinhas, os figurinistas, alegoristas... Nós tínhamos 112 pessoas trabalhando para a gente. Onde essas pessoas vão arrumar emprego, nesta crise que o país está? Quem fez essa crise não foi as escolas de samba, foram os políticos. Eu acho inadmissível uma Prefeitura com orçamento de R$ 1,4 bilhão, como eles tinham há três anos, não ter R$ 2 milhões para fazer o Carnaval. E eu quero deixar bem claro que não são R$ 2 milhões para as escolas, são R$ 622 mil. Eu queria saber o que esse Corredor da Folia traz de benefício para a cidade, para a gente fazer uma análise", questiona.

Liga tem visão diferente

Por outro lado, a Liesjuf tem uma outra opinião em relação à polêmica. De acordo com o diretor de eventos José Adriano da Silva, uma questão interna impossibilitou o Executivo que fizesse o repasse da verba. "O prefeito, em momento nenhum, mesmo se ele quisesse, poderia liberar verba para o Carnaval. Existem problemas da gestão do Jair (de Castro, presidente licenciado da Liga). O Marcos Tadeu assumiu para resolver essa questão, porque a Liga não prestou conta do Carnaval do ano passado. O Marcus Valério que me desculpe, alguns podem estar insatisfeitos sim, mas eu entendo que o prefeito não pode liberar recurso para o Carnaval", explica.

PJF explica

Em nota, a Funalfa se posicionou sobre o assunto. [ENTRAR NOTA]