Cinema nos ?ltimos 10 anos: Na última d?cada, a internet virou fonte inesgot?vel de filmes raros, facilitando a vida dos cin?filos

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Cinema nos ?ltimos 10 anos Na ?ltima d?cada, a internet virou fonte inesgot?vel de filmes raros, facilitando a vida dos cin?filos

Marcelo Miranda
Rep?rter
13/04/20066

Foi-se a ?poca em que o acesso a filmes era apenas atrav?s da televis?o ou pelas fitas de v?deo. Nos ?ltimos 10 anos, houve uma dr?stica evolu??o no processo de se conseguir produ?es das mais diferentes e ?pocas e estilos. Se at? meados dos anos 90, o cin?filo precisava vasculhar pilhas e pilhas de VHS nas prateleiras de locadoras ou deixar videocassetes armados para aqueles filmes da madrugada, agora, nos anos 2000, ? poss?vel assistir ao que se quer com um simples clique de mouse - seja atrav?s da compra de DVDs, seja por download dos filmes pela internet.

E o melhor: n?o ? uma pr?tica considerada necessariamente ilegal. Atualmente, diversos sites vem disponibilizando filmes antigos e raros de forma legal, por serem t?tulos j? de dom?nio p?blico e sem necessidade do pagamento de direitos autorais - em especial obras dos anos 20 e 30. Isso facilitou a vida de quem se interessa por produ?es dif?ceis de encontrar e n?o quer se arriscar a fazer c?pias que possam ser tachadas como piratas. Al?m disso, grandes empresas vem fazendo o que seria inimagin?vel h? uma d?cada: liberar o conte?do de seus programas para os internautas.

Recentemente, a Disney anunciou que vai dar acesso gratuito atrav?s de seus sites a de s?ries de sucesso que fazem parte da grade de programa??o no canal ABC, como "Alias", "Lost" (foto acima) e "Desperate Housewives". Obviamente, a publicidade n?o foi deixada de lado: o espectador poder? ver epis?dios dos seriados quando quiser, pelo seu computador pessoal, incluindo comerciais ao longo da proje??o dom?stica.

Interessante e rent?vel
Para o videoasta e assistente de dire??o Eduardo Aguilar (foto), essa maior abertura dos canais na internet ? o come?o de uma percep??o de que, para o patrocinador, esse meio pode ser mesmo interessante e rent?vel. "Pense na id?ia de que, quando se v? televis?o, h? sempre a possibilidade do telespectador mudar de canal na hora do comercial. Isso ser? em menor escala na exibi??o de um produto audiovisual na internet", diz Aguilar. "Se estou assistindo ao epis?dio de uma s?rie e entra o comercial, em princ?pio n?o terei como mudar de canal. Posso at? minimizar a tela e navegar por outra, mas me parece pouco prov?vel".

Sobre o acesso mais f?cil a filmes de todas as ?pocas e fases do cinema, Aguilar tamb?m reconhece avan?o nesses dez anos. "H? uma infinidade de t?tulos que n?o chegam sequer aos grandes centros e, por conta da internet, deixam em p? de igualdade quem mora em cidades sem um ?nico cinema, mas que tem banda larga, com algu?m que vive em uma grande metr?pole, mas n?o se contenta com os lan?amentos maiores das distribuidoras. A rede oferece um n?mero impressionante de filmes para serem baixados, inclusive os de dom?nio p?blico". O pr?prio videoasta teve contato com cinematografias que influenciaram suas produ?es pessoais.

"Nesse maravilhoso mundo, eu destacaria alguns nomes, entre eles os asi?ticos Takashi Miike, Kiyoshi Kurosawa, Ji-Woon Kim e os italianos Mario Bava e Lucio Fulci. Em especial estes dois eram cineastas esquecidos e perdidos, at? que uma nova gera??o criou uma rede dentro da rede da internet que os colocaram ? disposi??o dos interessados", conta Aguilar, assistente de Carlos Reichenbach no longa "Garotas do ABC", diretor do curta "Lourdes - Um Conto G?tico de Terror" e mantenedor de um blog na web, o Cine-Rebeldia, onde troca impress?es sobre cinema em geral.

Amplitude

Paulo Ricardo de Almeida (foto), cr?tico da revista eletr?nica Contracampo, ? outro adepto dos filmes disponibilizados na internet, a qual ele cr? ter sido grande propulsora do contato com determinados t?tulos. "O acesso aumentou bastante nos ?ltimos dez anos. Em 1996, havia somente o cinema, a TV aberta e o VHS. Obras raras, cineastas importantes, cl?ssicos, filmes antigos, todos eram praticamente imposs?veis de achar", afirma Paulo Ricardo. "Incr?vel a quantidade de filmes despejados no mercado de DVD, que alcan?a hoje um tamanho que o VHS jamais pensou em conseguir. Quanto ? internet, no Brasil ? terreno novo. Alguns apenas se aproveitam dela, principalmente os cin?filos ou os impacientes".

Paulo ? um desses cin?filos que teve a vida facilitada com a op??o virtual. "A internet me permitiu ter acesso a praticamente todos os filmes. Busco mais cineastas queridos, para conhecer suas obras. Consegui quase tudo de Robert Bresson e Ernst Lubitsch, outros de Max Oph?ls e Jacques Demy, que h? muito n?o passam no Brasil. Dos novos, sobretudo os asi?ticos, est?o dispon?veis na rede o coreano Hong Sang-Soo ("Virgem Desnuadada por seus Celibat?rios"), o tailand?s Apichatpong Weerasethakul ("Mal dos Tr?picos") e o indiano Rithy Panh ("S-21 - A M?quina de Morte do Khmer Vermelho")", enumera.

O cr?tico prev? uma cada vez maior amplitude desse universo da internet nos pr?ximos anos. "Os exemplos da m?sica, as batalhas judiciais intermin?veis com os Napsters da vida e o sucesso recente do I-Pod v?o acabar influenciando n?o apenas a libera??o, como a pr?pria produ??o direta para o meio virtual. Quest?o de tempo".