Vestibular da UFJF registra aumento total no ponto de corteConcorrência é a explicação para o aumento maciço dos pontos de corte da primeira fase. Modelo atual de ingresso pode não ser utilizado no próximo ano

Pablo Cordeiro
*Colaboração
11/2/2010
O resultado do vestibular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), divulgado nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, mostra a porcentagem de acertos realizados no vestibular e na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), assim como o resultado obtido caso o candidato tenha escolhido a forma híbrida de ingresso (confira no box abaixo como a nota foi calculada). Na próxima sexta-feira, 12 de fevereiro, a UFJF irá divulgar a nota do candidato discriminada por disciplina.  

Todos os cursos oferecidos nos três grupos de ingresso (A, B e C) tiveram aumento do ponto de corte e das notas máximas obtidas pelos alunos, em relação ao processo de 2009. O curso com maior aumento foi o de Medicina, com pontuação mínima de 84 no grupo C (candidatos que não optaram pelo sistema de cotas), 69,44 no grupo B (candidatos que tenham cursado pelo menos sete séries do ensino fundamental ou médio em escolas públicas) e 66,11 no grupo A (dos que cursaram pelo menos sete séries do ensino fundamental ou médio em escolas públicas e se autodeclararem negros). Os valores superam a última seleção em 20 pontos, em média.

Para o pró-reitor de Graduação da UFJF, Eduardo Magrone, a única explicação para o aumento maciço nas notas é a concorrência. "Pelo aumento no ponto de corte, supõe-se uma maior preparação por parte dos candidatos. No curso de Medicina, que apresentou um número de candidatos por vaga bastante alto [75,73], a concorrência, resultando neste aumento, é mais evidente." Em 2009, candidatos de 25 cursos do grupo A não precisaram fazer provas da primeira fase, pois não houve inscritos suficientes. Já para o concurso de 2010, não houve primeira etapa apenas para três cursos. Nos outros grupos, todos os cursos tiveram a primeira etapa.

Embora o número de inscritos para o vestibular deste ano tenha sido de 16.101 – 47,7% a mais que no ano passado – o número de candidatos aptos para terem a prova discursiva avaliada na segunda fase do vestibular diminuiu. Em 2009, 5.980 concorrentes passaram de etapa, enquanto em 2010, o número caiu para 5.243, cerca de 13%. "Esta diferença também recai na concorrência e relação de candidatos por curso e grupo", ressalta Magrone.

Questionado sobre o fato de o nível de dificuldade das provas ter sido um dos possíveis motivos para a diferença nos pontos de corte e no número de classificados para a segunda fase do vestibular, Magrone pontua que, pelo modelo adotado pela Universidade, não é possível mensurar o peso. "Não é possível avaliar se a prova está mais difícil ou fácil. Utilizamos o modelo clássico de avaliação, em que o número de questões é o total de pontuação. Se utilizássemos o modelo da teoria da resposta ao item [modelo em que as questões são classificadas como fáceis, intermediárias e difíceis] poderíamos ter esta noção", conclui. Segundo Magrone, em junho, a Universidade se reúne com escolas e cursinhos para ponderar sobre as provas.
Futuro do vestibular

Em decorrência do adiamento da prova do Enem pelo vazamento do teste e das inúmeras dúvidas geradas a professores e alunos pela forma mista de ingresso adotada pela UFJF, a instituição irá discutir a melhor forma de seleção para o próximo ano. "Foi lamentável o vazamento da prova para a educação brasileira, pois colocou em dúvida toda a dimensão do processo. Vamos debater de que forma serão os próximos processos. A arquitetura da prova do Enem é mais avançada. Não mais precisamos de gente que faça pegadinha ou trabalhe a memorização dos alunos", destacou Magrone.

"A cada ano vamos discutindo as novas formas. Podemos voltar somente para o vestibular ou adotar integralmente o Enem", complementou o secretário de assuntos jurídicos, Nilson Rogério Pinto Leão. Para Magrone, a adoção parcial do Enem foi uma experiência positiva, pois cumpriu com o objetivo de conhecer este modelo, permitindo seu aproveitamento e experimentação sem trazer riscos para o aluno, “Se a Universidade vier a adotar este modelo, esta noção clara irá servir para adaptar às características da instituição", ressalta.


Entenda sua nota no vestibular
A partir da explicação abaixo o aluno pode entender como a UFJF calculou sua nota. Na relação de aprovados para a segunda fase do processo seletivo da instituição, o aluno visualiza seu nome, a pontuação feita no vestibular e no Enem. A nota da prova da UFJF foi calculada pelo número de acertos multiplicados por dois. A nota do Enem é calculada com base no número de acertos da prova dividido por 1,8. O número de acertos representa o número de questões respondidas corretamente, estando desconsiderado o peso de determinadas questões. Cada questão possui o peso igual.

*Pablo Cordeiro é estudante do 10º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Madalena Fernandes