Audiodescrição é a nova ferramenta para inclusão de cegos
Audiodescri??o ? a nova ferramenta para inclus?o de cegos
Recurso ainda ? pouco explorado no Brasil. Em Juiz de Fora, cegos t?m acesso aos
audiolivros e a programas
de computador que fazem leitura de textos
Rep?rter
18/11/2008
Assistir a um filme ou pe?a teatral pode ser uma tarefa f?cil para a maioria das pessoas. Por?m, para cerca de 16 milh?es de brasileiros com algum tipo de defici?ncia visual grave, a tarefa n?o ? t?o simples assim. Muita gente pode achar imposs?vel ou considerar brincadeira de mal gosto o fato de um cego acompanhar a hist?ria narrada em um filme, por exemplo.
Mas surge no Brasil um movimento que pretende acabar com as barreiras que os cegos enfrentam junto ? TV, ao cinema, ao teatro e ?s v?rias formas de acesso ? cultura. A audiodescri??o ? a mais nova ferramenta para a inclus?o de pessoas com esse tipo de defici?ncia.
O recurso consiste na descri??o clara e objetiva de todas as informa?es que compreendemos visualmente e que n?o est?o contidas nos di?logos, como, por exemplo, express?es faciais e corporais. Informa?es sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudan?as de tempo e espa?o, al?m da leitura de cr?ditos e t?tulos que tamb?m podem ser audiodescritas.
Em Juiz de Fora, a Associa??o dos Cegos, refer?ncia no tratamento e acompanhamento de pessoas com defici?ncia visual na regi?o, ainda n?o conta com esse recurso em filmes. Mas os recursos de ?udio s?o usados na narrativa de livros, inclusive a B?blia.
O programa permite que todo tipo de texto em extens?o .txt seja lido por uma
voz artificial masculina ou feminina. "Isso permite uma autonomia muito grande para os
cegos acessarem sozinhos o computador"
, relata a respons?vel pela transcri??o
de materiais em braile da Associa??o dos Cegos, Fl?via Alves Bonsanto.
Apesar das novas tecnologias facilitarem a inclus?o dos cegos, Fl?via acredita que
o m?todo braile, criado pelo franc?s Louis Braille em 1829, n?o est? com
os dias contados. "Quem foi alfabetizado pelo braile, geralmente prefere ter acesso
aos mat?rias com esse recurso"
, explica. Como a maioria das pessoas com
defici?ncias visuais j? nasceram cegos, o braile ainda ? o principal m?todo para
a alfabetiza??o.
Funcionamento da audiodescri??o
A audiodescri??o funciona como uma banda extra no ?udio, parecido com o sistema utilizado atrav?s da tecla SAP. Assim como o recurso do closed caption ? usado para a acessibilidade de surdos, a audiodescri??o ? a ferramenta ideal para a inclus?o dos cegos. Gravado, o recurso pode ser usado em DVDs, salas de cinemas ou s?ries e novelas da TV. Ao vivo, a audiodescri??o pode ser utilizada em pe?a teatrais, por exemplo.
A primeira iniciativa no Brasil foi registrada em 2003, durante o Festival Assim Vivemos, que re?ne filmes do mundo inteiro, cujos temas s?o as diversas formas de defici?ncia. A experi?ncia inicial foi feita pela atriz e audiodescritora Graciela Pozzobon, que j? havia interpretado uma personagem cega no curta-metragem C?o Guia. A partir disso, ela foi convidada a fazer as primeiras audiodescri?es do festival e hoje se tornou uma das maiores autoridades no assunto no Brasil.
Com a ajuda de Graciela, o recurso vem ganhando espa?o no pa?s, mas ainda ? desconhecido de boa parte das pessoas, inclusive de institui?es que trabalham com pessoas que possuem defici?ncia visual. "? um recurso muito novo e ? normal que as pessoas ainda n?o conhe?am"
, comenta Graciela.
O crescimento da audiodescri??o
A audiodescri??o ? poss?vel em quase todos os produtos audiovisuais, al?m de outras
formas de manifesta??o cultural, como o teatro. Tamb?m j? existem registros desse recurso
em exposi?es de artes pl?sticas e
espet?culos de dan?a. "O jornalismo, por exemplo, n?o ? t?o necess?rio por j? ser descrito por si s?"
, observa Graciela.
Segundo ela, o trabalho como atriz ? fundamental para fazer uma boa audiodescri??o dos filmes.
"O trabalho do ator tem muito a ver com o do audioescritor. N?o s? na quest?o ?bvia da narra??o e da coloca??o da voz, mas tamb?m na produ??o do roteiro. Assim como o ator, n?s temos que pegar a obra, entender o contexto, ver qual ? a??o essencial do filme"
.
A discuss?o entre os engenheiros das emissores e t?cnicos do Minist?rio das Comunica?es passa pela viabilidade t?cnica da implementa??o da audiodescri??o na TV aberta e pela disponibilidade de profissionais capacitados no mercado.
Por?m, o Minist?rio abriu uma consulta p?blica para debater o tema. Para participar do debate ? preciso se cadastrar no site do Sistema de Consulta P?blica do Minc.
Enquanto no Brasil as discuss?es est?o em fase inicial, a audiodescri??o j? ? realidade em na?es mais desenvolvidas, como o Reino Unido, atrav?s da BBC. Segundo Graciela, o canal p?blico brit?nico e todas as suas afiliadas contam com o recurso da audiodescri??o em quase 100% da programa??o. J? a Alemanha se destaca pela audiodescri??o em teatros e casas de ?pera. Nos Estados Unidos, muitos cinemas j? contam com o recurso, que tamb?m ? presente na Espanha.
Para as pessoas com defici?ncia visual que ainda n?o t?m acesso a filmes audiodescritos, foi criado um portal que re?ne esse tipo de v?deo. O site conta com uma reuni?o de curtas-metragens legendados e audiodescritos. A id?ia de Graciela, que organiza todo o material do portal, ? reunir os curtas em um DVD e distribu?-los gratuitamente para as institui?es que se interessarem.
Ap?s receberem a informa??o sobre o recurso da audiodescri??o pelo Portal ACESSA.com, a Associa??o dos Cegos de Juiz de Fora j? demonstrou interesse em receber o material em DVD.