Cidadania está na moda? Saiba como exercer a cidadania
Cidadania está na moda?
Mas, será que todos estes atores sociais falam de uma mesma cidadania? Será que todos estes sujeitos que ocupam posições tão diversas - às vezes até antagônicas - na sociedade estão em busca de uma mesma cidadania? Num rápido exercício, perguntei a algumas pessoas o que, para elas, significa cidadania. Pedi que respondessem sem se preocupar com teorias, mas externando apenas o que lhes viesse à cabeça.
Uma experiente amiga de meia idade, moradora de um bairro da periferia de Juiz de Fora, atuante em movimentos religiosos e associação de bairro, logo desabafou: "A noção que tenho de cidadania é a de que todos temos direitos iguais perante a Constituição. Mas que direitos iguais nós temos? A cada dia eu desanimo mais quando, por exemplo, assisto o jornal e vejo a situação da saúde, dos idosos, das crianças, etc. Minha esperança é que estes jovens de hoje aprendam mesmo o verdadeiro sentido de cidadania para que futuramente tentem melhorar este nosso país e nossa cidade".
Na definição de um amigo de 28 anos, estudante de Administração em uma faculdade particular de JF, cidadania "é uma combinação de direitos e deveres". Ele ainda completou: "para eu realmente me sentir um cidadão devo, além de cobrar melhorias, fazer coisas, mesmo que pequenas. Cidadania é igual a responsabilidades".
Para mim, a opinião de um complementa a do outro. E para você? O que é cidadania?
Do latim civitas - que significa cidade -, cidadania é um termo originado na Grécia clássica e está relacionado ao surgimento da vida em sociedade. Sua prática perpassa a garantia de direitos civis (relacionados à posse e ao domínio do próprio corpo), sociais (que dizem respeito às necessidades humanas básicas, como saúde, educação e habitação) e políticos (referentes às escolhas do ser humano sobre sua própria vida, prática religiosa, política, etc.).
Estudando e participando de movimentos populares aprendi que cidadania também remete a deveres. Além de reivindicar, há sempre algo a cumprir para o pleno exercício da cidadania, principalmente no que diz respeito ao papel dos detentores do poder e das decisões que afetam o rumo das sociedades. No entanto, cabe destacar que cidadania - bem como seu exercício - não se limita apenas à confecção de leis que garantam os tais direitos e deveres aos cidadãos; mas abrange também o colocar em prática.
Participar é ação fundamental para a cidadania e para o estabelecimento de sociedades democráticas. Afinal, democracia é um estado de participação, conforme ensinou-me um amigo advogado, que também atua na defesa de pessoas com deficiência. Ele enfatizou: "A cidadania requer informação e participação, nessa ordem, para que possa ser plenamente vivida". Assim, não basta termos a simples apropriação do termo cidadania em nossos discursos. É bonito; é moda. Falar é fácil. Mas, também é preciso ter informação e disposição para a participação.
Direitos. Deveres. Informação. Participação. Práticas cidadãs. Não é tão simples como poderíamos imaginar. Para além de garantias e obrigações, o exercício da cidadania deve estimular ainda a perspectiva da crítica e do pensar contínuo a transformação social.
Nosso objetivo, nesta coluna, é trazer questões referentes à cidadania, à vida em sociedade, para estimular o debate e motivar a ação. Você é convidado a participar conosco. Acompanhe nossa coluna. Sugira temas: fatos do cotidiano, o papel dos meios de comunicação na promoção da cidadania, ações individuais ou coletivas, de anônimos ou não. O campo do debate está aberto.
Aline Maia é jornalista e professora universitária. Graduada e Mestre em Comunicação pela UFJF, tem experiência em rádio, TV e internet. Interessa-se por pesquisas sobre televisão, telejornalismo, cidadania e juventude.Também é atuante em movimentos populares e religiosos.