O sonho ol?mpico do futebol

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O sonho ol?mpico do futebol

Ailton Alves 11/08/2008

Algumas coisas parecem realmente inating?veis. A medalha de ouro ol?mpica para a sele??o brasileira de futebol, por exemplo. A cada quatro anos, o escrete canarinho re?ne for?a e talentos para conquistar o ?nico t?tulo que ainda n?o tem. Onze tentativas foram feitas e o m?ximo conseguido, at? agora, s?o duas medalhas de prata, em Los Angeles/1984 e Seul/1988. ? como se o Eldorado ol?mpico fosse apenas uma miragem ou ent?o indispon?vel para quem possui outras gl?rias, como a Copa do Mundo.

H?, nesse hist?rico de fracassos, explica?es pol?ticas mas, tamb?m, muito desleixo e soberba - os dois ingredientes mais presentes nas derrotas, no futebol e na vida.

Antes da primeira prata, as chances brasileiras realmente eram pequenas pois, al?m de nunca levarmos a s?rio a competi??o (para que, se o Brasil era tricampe?o mundial de futebol?), os atletas deveriam ser "amadores", embora enfrentassem os "profissionais" dos pa?ses comunistas, grandes ganhadores daqueles anos. O Muro caiu e levou junto essa disparidade. Posteriormente, duas medidas da FIFA equilibraram a disputa: poderiam participar aqueles que nunca disputaram a Copa do Mundo e, depois, cada sele??o poderia usar tr?s atletas acima dos 23 anos de idade. ? desta ?poca tamb?m uma outra ida ao p?dio (bronze, em Atlanta/1996).

Nesses 56 anos de corrida ao ouro - desde Helsinke/1952 - o futebol brasileiro tentou v?rias f?rmulas: levar ?s Olimp?adas jovens com enorme potencial e que brilhariam intensamente anos depois (Mauro, Z?zimo, Vav?, G?rson, Falc?o, Rom?rio, Taffarel e Ronaldo Fen?meno), promessas que nunca se concretizaram (Alberto, Jarbas e J?rson - com j mesmo) e at?, em nome do entrosamento, um time inteiro para representar a sele??o (caso do Internacional de Porto Alegre, em Los Angeles).

Nada deu certo. No caminho para o ouro esbarramos em obst?culos inimagin?veis: Egito (em T?quio/1964), Jap?o (M?xico/1968) e Ir? (Munique/1972), para ficar apenas em tr?s exemplos.

Por?m, nada impediu tanto a sele??o brasileira de subir no mais alto degrau do p?dio como a soberba, traduzida e disseminada na postura dos dois t?cnicos das duas ?ltimas tentativas: Zagallo, em Atlanta/1996 e Wanderley Luxemburgo, em Sidney/2000. Fracassos previs?veis.

Zagallo se achava o tal. Tinha absoluta convic??o de que o seu curr?culo bastava, que havia ido aos Estados Unidos apenas cumprir uma formalidade, crente que os advers?rios se curvariam ? camisa amarela e ficariam satisfeitos com a prata ou o bronze. Os nigerianos lhe ensinaram a coisa certa.

Luxemburgo tamb?m se achava o tal. Tirou os atletas da Vila Ol?mpica e os alojou num hotel de luxo. E fez uma proposta indecorosa aos homens de bem: condicionou a conquista da medalha de ouro ao esquecimento das acusa?es que pesavam contra ele na ?poca - ass?dio sexual, sonega??o de impostos e tr?fico de influ?ncia. Os camaroneses prestaram um grande favor a nossa mem?ria coletiva.

Agora, em Pequim, o time ? bom e vai indo muito bem na competi??o. Mas o t?cnico ? Dunga, sucessor e imitador dos estilos de Zagallo e Luxemburgo. N?o tem, infelizmente, nobreza ol?mpica.

Acho que teremos que esperar mais quatro anos...

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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