Cresce número de inscritos com deficiência no vestibular

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Cresce n?mero de inscritos com defici?ncia no vestibular O desenvolvimento de meios para atender pessoas com defici?ncia e problemas de sa?de tem estimulado o aumento de inscri?es na UFJF


Priscila Magalh?es
Rep?rter
05/08/2008

Para o vestibular de 2007, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu 28 inscri?es de candidatos que possu?am algum tipo de defici?ncia. Para o processo de 2008, o n?mero saltou para 68, mais de 100% de aumento.

Para Marcos de Paiva Nunes, que coordenou os trabalhos da Coordena??o de Atendimento Especial aos Candidatos a Concurso da UFJF desde 2007, este aumento est? ligado ao fato de a Universidade buscar, cada vez mais, meios para atender a demanda dos candidatos que precisam de aten??o especial.

Mesmo com o aumento, Nunes n?o considera o n?mero alto, mas expressivo. "? um n?mero que vem crescendo e mostra que a Universidade precisa se preparar ainda mais, porque tem gente batendo na porta e querendo entrar".

Entretanto, a aten??o n?o ? dada somente a pessoas com defici?ncia f?sica. "Tamb?m atendemos quem est? gr?vida, p?s-operado e tem s?ndrome do p?nico", explica ele, salientando que o problema deve ser legalmente reconhecido e um laudo m?dico precisa ser apresentado.

Para o diretor da Comiss?o Permanente de Sele??o (Copese), Jos? Maria Pereira Guerra, a assist?ncia aos candidatos ? uma maneira de dar oportunidade a todos. Por?m, a Universidade ainda n?o pode atender a todas as demandas. "Se um cego quisesse fazer a prova do ?ltimo vestibular, n?o teria como atend?-lo, pois n?o temos uma impressora em braile e nem pessoas que pudessem viabilizar a impress?o e a corre??o em sigilo", explica.

Este ? o princ?pio da razoabilidade adotado pela institui??o. "S? nos comprometemos dentro do que podemos cumprir", diz Guerra. Para o pr?ximo vestibular, a inten??o ? poder atender os candidatos cegos. "Pretendemos comprar uma impressora em braile", completa.

A maior demanda para o vestibular e PISM de 2008 foi de surdos, com 14 inscri?es, seguida de pessoas co defici?ncia visual, com 11, e daquelas com defici?ncia f?sica, com oito. Al?m disso, a Coordenadoria recebeu pedidos de aten??o especial para candidatos com paralisia cerebral, s?ndrome do p?nico, dislexia, diab?ticos e gestantes.

Prepara??o e dedica??o

Para proporcionar aten??o especial aos candidatos com problemas de sa?de e com algum tipo de defici?ncia, o trabalho come?a cedo, com o treinamento dos fiscais na pr?pria institui??o. O pr?prio coordenador escala a equipe. Apesar de alguns fiscais se oferecerem para prestar esse aux?lio especializado, Nunes conta que a escolha depende do perfil. "Alguns sabem lidar melhor com determinado tipo de defici?ncia, ent?o, escolhemos assim".

O treinamento ensina a melhor maneira de auxiliar os candidatos com defici?ncia e n?o a favorec?-los. Nunes destaca que as regras do concurso e as provas s?o as mesmas para todos os candidatos. "As provas t?m o mesmo conte?do, s?o formuladas dentro dos mesmos questionamentos e o edital ? o mesmo". E Guerra completa. "O que fazemos ? para garantir o direito que todos t?m de fazer vestibular".

E n?o ? somente a presen?a de fiscais treinados que garantem o aux?lio a estes candidatos. A equipe providencia enfermaria com m?dicos, enfermeiros, leitos, oxig?nio, medica??o e ambul?ncia. O espa?o onde a prova vai ser realizada ? dividido e utilizado de acordo com as necessidades. "No caso de pessoas com defici?ncia visual que solicitam um ledor, ? preciso uma sala separada. Para garantir a seguran?a do processo, a prova ? gravada", exemplifica Nunes.

? medida em que as provas v?o sendo aplicadas, a equipe aprende e aperfei?oa o processo. Nunes conta a hist?ria de um fiscal e candidato com defici?ncia visual que tiveram dificuldades para passar e para entender a prova de qu?mica. Para o pr?ximo concurso, a professora fez uma maquete da estrutura, usando percevejos, alfinete e isopor. "O aluno p?de sentir a forma??o da estrutura. Agora, estamos pensando nisso para outras disciplinas".

Busca pela acessibilidade

Qualquer candidato que sentir necessidade de ter aten??o especial na prova do vestibular pode fazer o pedido no momento da inscri??o. Entretanto, mais importante que descrever a defici?ncia, ? dizer de que ajuda vai precisar na hora da prova. Al?m do laudo, a equipe faz contato com o candidato pelo telefone para ter mais detalhes, se o requerimento for aprovado.

Apesar de tentar buscar formas para trabalhar a acessibilidade no concurso, a UFJF n?o est? preparada para receber e manter esses alunos durante o curso. "Com rela??o ? sele??o, n?o deixa a desejar, mas a perman?ncia deles precisa ser trabalhada para que se mantenham estudando".