Do YouTube para a TV

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Do YouTube para a TV
Ana Paula Ladeira 17/12/2015

Do YouTube para a TV

Em tempos de crescente consumo audiovisual em plataformas de streaming como o YouTube, novos conteúdos e novas "celebridades" vêm surgindo na internet, revelando que a televisão vem deixando de ser a principal fábrica de novidades no setor.

No Brasil, talvez um dos fenômenos mais interessantes seja a Galinha Pintadinha, que ganhou projeção através de um vídeo de animação postado no YouTube em 2006. Hoje, a produtora Bromélia Filmes, responsável por esse sucesso, orgulha-se por estar presente entre as 150 marcas do mundo com maior venda de produtos licenciados e seus vídeos já atingiram 2 bilhões de visualizações. Fenômeno mais recente, o canal humorístico Porta dos Fundos também já ultrapassou 1 bilhão de acessos a seus vídeos, tem sua linha de produtos licenciados e hoje tem um programa na televisão.

Diante de números tão robustos, a televisão não poderia ignorar as novidades que chamam atenção na internet. Com isso, nota-se uma tendência quase natural de ver conteúdos migrando da tela pequena para a TV. Rainha da Cocada, Manual do Mundo e Miolos Fritos são outros exemplos de produções que ganharam espaço na televisão graças ao sucesso junto aos internautas.

Esta onda de produções da internet ganhando espaço na televisão se deve, em primeiro lugar, ao amplo (e crescente) acesso à rede, principalmente através dos pequenos dispositivos móveis. Segundo estimativas do próprio YouTube, um bilhão de usuários em todo o mundo assistem aos vídeos desse site, número que representa quase um terço dos internautas.

Além disso, observa-se uma tendência de profissionalização na produção de vídeos. Embora os vídeos amadores ainda sejam a grande maioria do conteúdo disponibilizado pela plataforma do Google, há uma tendência de melhoria na qualidade das produções publicadas. Há, inclusive, uma espécie de tutorial fornecido pelo próprio YouTube, que ajuda novos criadores de conteúdo a seguirem estratégias para cativar o público através de critérios como tipo de conteúdo, acessibilidade e interatividade.

Por fim, o YouTube (ao contrário da televisão) é lugar de experimentações, de exposição de novas ideias. Se na TV a visibilidade é muito mais ampla, na internet o risco e os custos do investimento são menores e o tempo de exposição do conteúdo é infinitamente maior. Justamente por isso, o YouTube tem servido como uma espécie de vitrine para aqueles que pretendem ganhar visibilidade, mas (ainda) não tiveram a oportunidade desejada.


Ana Paula Ladeira é Jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisa assuntos relacionados especialmente à TV.