Juiz-foranos trabalham na noite de Natal e relatam experiências

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Juiz-foranos trabalham na noite de Natal e relatam experi?ncias

Juiz-foranos trabalham na noite de Natal e relatam experiênciasEntre saudades da família e amigos, trabalhadores afirmam que dinheiro compensa. Além disso, contato com o público e internet suprem a ausência

Jorge Júnior
Repórter
22/12/2011

Na noite de Natal, enquanto a maioria das pessoas celebra a data em família, ou com amigos, há quem viva no trabalho. Recepcionando os hóspedes no hotel, atendendo os clientes na casa noturna, dentro da ambulância salvando vidas ou até mesmo vigiando o patrimônio, esses profissionais, em entrevista ao Portal ACESSA.com relatam as suas experiências.

O auditor de um hotel de Juiz de Fora, Ava Gambel, diz que há três anos trabalha na noite de Natal. "No início a sensação não é muito boa, mas depois a gente vai se adaptando à realidade", diz, referindo-se a primeira sensação de trabalhar na data. Uma das companhias do profissional nessa data tem sido a internet. "Com as redes sociais tudo fica mais fácil, a gente nunca está sozinho. Então, como há muitas pessoas conectadas à rede, a gente sempre tem com quem conversar no dia. Além disso, existem os hóspedes no hotel, que sempre estão em clima de festa, e nos saúdam, desejando uma noite feliz", conta.

A frustração segundo o profissional, é que quando chega a meia-noite e a maioria das famílias está se abraçando e trocando os presentes, ele não recebe o acalento pessoalmente. "Na hora, penso: é Natal. Se o meu telefone não tocar no exato momento, eu já começo a pensar que me esqueceram", brinca.

O lado positivo de acordo com Gambel é que quando se exerce a função de que gosta, a pessoa esquece que é Natal e começa a pensar que é um dia comum. Na véspera da data comemorativa, ele liga para a família, que reside em Varginha, desejando boas festas. Desde novembro desde ano, a família do auditor havia entrado em contato para saber se ele estaria presente na comemoração. "Eles sentem falta da minha presença, principalmente meus sobrinhos, mas eles acabam entendendo." Gambel diz que só irá visitar os familiares em janeiro do ano que vem.

Interação no trabalho

O estudante universitário Fábio Ribeiro trabalha como garçom em uma casa noturna da cidade. Este ano, será o segundo que passará a noite de Natal trabalhando. "Na empresa serão dois turnos na véspera do Natal, os primeiros funcionários entram às 23h, e o segundo à 1h. Haverá uma ceia para os funcionários que entram no primeiro horário. Então, ao mesmo tempo que é uma situação delicada ter que ficar sem a família, vamos ter uma interação com os colegas de trabalho, que não deixam de fazer parte da família."

Ribeiro conta que, como a boate disponibilizou dois horários diferentes, ele optou para entrar no segundo turno, com isso, vai ficar até a meia-noite com os seus. "Se não tivesse essa opção, o cenário seria pior", garante. O estudante também revela que sua primeira experiência trabalhando como garçom em datas festivas não foi boa. "Na época, todos os funcionários tiveram que chegar à meia-noite e não tivemos opções de escolhas."

Dinheiro compensa

A técnica em enfermagem Aurora Laguardia destaca que trabalhar no dia de Natal não é uma das melhores opções, mas o dinheiro, às vezes, compensa. Ela diz que, além de trabalhar no plantão de 24 horas na data, também já trabalhou em festas de fim de ano. "Já passei o Natal dentro do hospital de plantão. Como tenho identificação com o setor de saúde, sinto uma recompensa incalculável em ver que posso ajudar uma pessoa que está precisando. Então, tudo é feito com mais dedicação e carinho."

Apesar disso, Aurora ressalta que quando chega a hora da virada é complicado. "É muito difícil passar o Natal longe da minha filha, mas preciso trabalhar, ainda mais no fim do ano, que é uma época em que a gente gasta mais. É bom que consigo dar uma engordada no presente da minha filha", diz. Mesmo assim, Aurora destaca que nada é mais gratificante do que ficar ao lado dos familiares.

Gambel diz que a recompensa financeira é significativa, porque ele recebe o dobro do dia, então o dinheiro passa a ser um consolo. O mais gratificante para Ribeiro não é o dinheiro, porque segundo ele, é paga a mesma quantia que nos dias comuns, mas a animação do público é contagiante. "As pessoas já chegam em ritmo de festa, animadas e com vontade de ser divertirem. A gente fica mais animado."

Dia comum

De acordo com o porteiro de um clube da cidade, Silvério dos Santos, trabalhar no Natal é como se fosse um dia comum. "Como não tenho uma boa condição financeira, tenho que trabalhar nesta data." Santos diz que, como alguns dos seus filhos moram fora, não é possível reunir toda a família, então o telefone fica sendo o meio de comunicação para desejar o feliz Natal. "Minha família que fica na cidade sempre se reúne. Como estou no serviço, fico impossibilitado de comparecer à confraternização."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken