Escola realiza inclusão de alunos em passeios

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Escola realiza inclus?o de alunos em passeios Pessoas com defici?ncia auditiva, acompanhadas por int?rpretes, passeiam em shopping e desenvolvem a comunica??o com mundo externo


Marinella Souza
*Colabora??o
10/06/2008

Wesley Guilherme de Souza (foto abaixo de blusa rosa), estava euf?rico na tarde de s?bado, 07 de junho. Ele fazia muitas perguntas, andava de um lado para o outro, demonstrando claramente a ansiedade que o dominava. O motivo? Ele iria passear no shopping center com seus amigos.

Voc? deve estar se perguntando o que um passeio no shopping tem de t?o extraordin?rio, n?o ?? ? que essa foi a primeira vez que o menino Wesley pisava em um lugar como esse em seus 13 anos de vida. Wesley n?o fala nem escuta e encontra grandes dificuldades de se fazer entender na linguagem dos sinais.

Seus amigos est?o na mesma condi??o. Alguns at? j? conhecem o espa?o comercial, mas n?o conseguem se fazer entender com clareza. Dessa vez, o passeio teve um outro sabor: eles estavam juntos, e acompanhados por int?rpretes de Libras que os ajudavam na comunica??o com o mundo externo.

Esse contato especial s? foi poss?vel gra?as a iniciativa dos professores do Centro de Educa??o e Cultura para o Ensino de Libras (CECEL), que pretendem fazer com que essas pessoas sejam inseridas na sociedade como um todo da maneira adequada.

Educadora e int?rprete, Ana Paula Santos Machado explica que a id?ia de lev?-los ao shopping surgiu da necessidade de fazer com que eles se sentissem realmente inseridos no mundo. "Os surdos t?m uma vis?o de mundo muito diferente da nossa, porque a informa??o lhes chega muito tarde. Isso dificulta a compreens?o deles. Muitos n?o conseguem se comunicar nem em casa. N?s queremos ampliar esse universo deles".

Expectativa

Marcial Eduardo Ambr?sio (foto ao lado) tamb?m estava ansioso. Aos 28 anos, o rapaz j? conhece alguns shoppings, mas nenhum como o empreendimento que tem mobilizado a cidade nos ?ltimos tempos. Dudu, como gosta de ser chamado, conta que esse ? diferente. "Eu queria muito conhecer esse lugar porque est? todo mundo comentando. Gosto muito de passeios",declara.

Durante o passeio, todos estavam muito empolgados, queriam ver tudo, saber de tudo. Ana Paula explica que j? esperava a empolga??o. "Foram eles que pediram para vir, queriam conhecer o lugar. Para eles, um shopping ? s? um ponto de encontro, eles n?o entendem toda a quest?o comercial que envolve, por isso achamos importante traz?-los aqui".

Quando conseguiu parar, Wesley revelou suas impress?es do shopping. "Estou gostando muito. S?o muitas coisas novas. Tem muita coisa bonita para comprar, para ver, comer. Tem cinema, jogos... ? muito legal!", diz o garoto maravilhado com a novidade.

Apesar de j? conhecer o lugar, Mariana dos Santos Rosa tamb?m estava empolgada com o passeio. "Esse lugar ? muito chique! Parece coisa do Rio de Janeiro, S?o Paulo! Pena que as lojas s?o muito caras e n?o d? para comprar (risos)", lamenta.

Inclus?o

Durante o percurso pelo shopping eram inevit?veis os olhares curiosos, mas o int?rprete e diretor do CECEL, Samuel Souza, n?o se intimida com isso. Segundo ele, o objetivo ? esse mesmo. "Queremos que as pessoas aprendam a lidar com as pessoas com defici?ncia. A id?ia ? chamar mesmo a aten??o para essa quest?o".

Samuel acredita que ? poss?vel quebrar essa barreira, "basta que todos vejam as pessoas com defici?ncia como pessoas que t?m muito o que aprender com a gente e mais do que isso: t?m muito para ensinar para n?s tamb?m", afirma.

Al?m disso, Samuel espera que, com iniciativas como essa, os surdos tamb?m entendam que precisam ser respeitados. "A gente quer que eles entendam que podem vir a um lugar como esse e ter acessibilidade. ? um direito deles que tem que ser garantido", diz.

*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social na UFJF