Porque era sábado
Porque era sábado
Jamais, tampouco, compartilhei desse frenesi do final de semana, aquela excitação das 18, 19 horas de sexta-feira, quando as pessoas acreditam piamente que estão entrando num portal de felicidade e glória, duradoura até as 20, 21 horas de domingo, como se não tivesse valor nenhum o período entre as segundas e quintas-feiras.
Os finais de semana, pois, só fazem sentido quando tem jogo do Tupi. Senão, são tão estranhos como “sábado sem sol, domingo sem Missa e segunda-feira sem preguiça”. Dias de tédio, sossegos que não queremos.
E os sábados, agora, só têm graça porque o Tupi – por conta da absurda “necessidade” de fugir da concorrência dos jogos dos cariocas – resolveu marcar suas partidas pela Série D para esse dia da semana.
E porque era sábado, estavam lá, no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, as mesmas 1.300 pessoas que estariam no domingo à tarde: a elite – no bom sentido da palavra – Carijó. Para elas não importa o que acontece no resto do mundo do futebol.
E porque era sábado, o Tupi estreou vestimenta nova, com listras negras mais largas, belas.
E porque era sábado, havia a intenção de um espetáculo de gala.
E porque era sábado, apareceu um juiz para atrapalhar, e também zagueiros adversários que insistiam em complicar.
E porque era sábado, havia uma tensão no ar, uma profunda discordância entre o querer e o fazer.
E porque era sábado, alguns espíritos de porco começaram a vaiar, como se aquilo fosse um feriado.
E porque era sábado, algumas bolas eram difíceis, outras fáceis. Até que uma delas, absolutamente imprevisível, começou um bate-rebate e parou nos pés do craque – e daí para as redes.
E porque era sábado, houve aquela sensação de querer mais. Uma bola que nem chegou a ser endereçada, outra que bateu na trave e as inúmeras que o goleiro barrou.
E porque era sábado, baixou a vontade de beber sem se dar conta. Só para comemorar a liderança, sem perspectiva de domingo.
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Desde o último sábado, faltam 14 jogos e 112 dias para o Tupi ganhar seu primeiro título nacional.
Ailton Alves
é jornalista e cronista esportivo
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