Foi um rio que passou em minha vida

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Jussara Hadadd 10/9/2009

Foi um rio que passou em minha vida

Questão das mais discutidas e sondadas em rodinhas de mulheres e nos consultórios médicos e de terapia sexual está relacionada à lubrificação vaginal na mulher madura. Em cursos, no consultório ou em sala de aula para grupos da melhor ou terceira idade, como queiram classificar, esta é a pergunta que não pode ficar sem resposta e que gera uma polêmica sem precedentes. Tudo bem, não sou médica, mas com muito carinho busco atender a tanta expectativa passando adiante todo o meu conhecimento.

As senhoras que adentram o climatério e a menopausa convivem com o assombro do ressecamento vaginal frente à vontade ou necessidade, ou obrigação de se relacionarem sexualmente com um homem. Ocorre que, muitas vezes sob a influência de uma descompensação hormonal elas perdem mesmo a capacidade de produzir o muco lubrificante que facilita a penetração e permite que a relação seja agradável, ou no mínimo não sacrificante.

Deve-se observar em primeiro lugar, através de exames clínicos e laboratoriais, as taxas de progesterona e estrogênio, pois quando estão fora dos níveis ideais, além de outros incômodos, impedem que este muco seja produzido pelas Glândulas de Bartholin ou pelas Glândulas de Skene. Estas Glândulas estão localizadas na vulva e próximas à entrada da vagina tendo em suas terminações, micro orifícios que excretam o muco lubrificante quando a mulher fica excitada. Perfeição Divina. Para mulheres sexualmente ativas, afetivamente bem resolvidas, novas e com libido normal, este é um processo que ocorre naturalmente e sem muitas observações. Costuma até acontecer em abundância levando mulheres novas e com muita lubrificação a queixarem-se que ela atrapalha e compromete a qualidade do prazer do casal uma vez que facilita demais a passagem do pênis. Há de se observar aí também a tonicidade da musculatura da vagina.

Atrofia urogenital é a denominação científica para os efeitos da falta de hormônios na vagina após a menopausa. O tecido que cobre seu interior fica mais fino e perde elasticidade e lubrificação, predispondo as mulheres a infecções no canal vaginal, na uretra e na bexiga. Ressecada, a vagina fica mais suscetível a coceira e a sensação de queimação, condições que tornam a relação sexual dolorosa. A penetração pode chegar a ferir os tecidos da parede vaginal e provocar sangramento, problema que os ginecologistas diagnosticam com o nome técnico de dispareunia.

Nosso trabalho hoje vem com a preocupação direta no ressecamento das vaginas das mulheres maduras. Tenho a dizer que embora o problema se deva sobremaneira às mudanças em sua fisiologia, acontece muito também de algumas mulheres se aproveitarem desse fato para negarem sua sexualidade. Eu explico.

Muitas vezes a mulher já não quer mais se relacionar sexualmente com o parceiro e aproveita desse distúrbio para se negar à relação. Em outras, ela nem tem um parceiro habitual e por convencionalismo ou busca de autoafirmação se encontra e transa com homens com quem não tem afinidade não conseguindo se liberar e se excitar ao ponto de lubrificar, é incômodo e constrangedor. Acontece também de a mulher passar longos períodos sem atividade sexual porque não tinha um parceiro e por algum motivo não se relacionar bem com a masturbação e quando surge uma oportunidade de uma nova união, suas glândulas estarem suprimidas e não produzirem mais o muco. Agora, o pior mesmo, e isso acontece até com meninas, é a mulher que se relaciona com homens muito rápidos e inábeis, que não investem em caricias e no tempo que sua mulher precisa para lubrificar.

A verdade é que a mulher que quer ter uma vida sexual gostosa, a mulher orgástica, que valoriza o sexo como fonte de qualidade de vida, esta, costuma mesmo frente às limitações de seu organismo não ter este tipo de problema. É claro que às vezes a disfunção fala mais alto, contudo a mulher que quer ser feliz sexualmente busca alternativas de superação. As alternativas e possibilidades para se livrar desse probleminha ou problemão são muitas e só não usa quem não quer mesmo.

Minha mãe já superou todas estas fases sem ter ressecamento vaginal, caso atípico, minhas tias também não e se eu obedecer a esta genética... Oba!!!!!! Agora, conheço umas mulheres que se deixam dominar pela tristeza e às vezes até por pequenos problemas que a vida apresenta pedindo a Deus que esse ressecamento chegue logo e ela possa “aposentar as chuteiras. Ah se conheço. E quem não conhece?

A reposição hormonal tão debatida e contestada já conta com alternativas, as quais apresento abaixo e que vale a pena serem pesquisadas. Esta reposição de hormônios ajuda muito na questão da lubrificação.

Os fitohormônios são uma forma natural de fazer reposição de hormônio. Eles evitam os incômodos dos hormônios de laboratório e são extraídos de vegetais como a soja, o Dong Quai, o Wild Yam e o Black Cohosh. A grande vantagem deles é que não se acumulam no organismo e são os mais parecidos com os produzidos pelo corpo.

As japonesas, que comem muita soja (uma fonte rica de fitohormônios), não observam nenhum desconforto durante a menopausa. Uma alimentação sem equilíbrio pode gerar um sofrimento quase em nível de castigo quando esta fase chega. Alias, cabe lembrar aqui que os reflexos de uma alimentação desregrada e inconsequente comprometem inclusive a qualidade de vida e a longevidade do ser humano e não só da mulher. “O peixe morre pela boca e comer pouco e consciente nunca é demais”.

Os hormônios sintéticos são polêmicos, mas dão conforto às mulheres na menopausa, contudo podem através de seu excesso provocar tanto desconforto quanto a sua ausência, apresentando sintomas como: mama dolorida, pele ressecada, queda de cabelo, inchaço, dor de cabeça, sangramento intenso. Há risco até de câncer de mama, como concluiu um estudo recente na Universidade de Harvard, nos EUA. Eles atuam nos receptores alfa de estrogênio, que são proliferativos, ou seja, podem gerar tumores. Já os hormônios naturais atuam nos receptores beta, que não têm esse efeito. É uma questão de escolha.

A aplicação local de cremes é ideal para restabelecer a normalidade da mucosa vaginal, o seu PH normal e conter infecções. Entre os mais indicados pelos médicos estão os cremes à base de estriol, um tipo de estrogênio menos potente, ou formulações do tipo ovestrion, promestriene e colpotrofine, que tem ação apenas local. Conversando com o ginecologista, ele indicará o mais apropriado.

O Gel lubrificante, que tem de todos os tipos, sabores e cores à base de água é uma excelente opção. Dica: Não precisa ficar constrangida em usar e o seu parceiro saber. Os homens de verdade, têm o foco no que vai acontecer e não no meio como vai acontecer, sendo assim, se estiver lidando com um homem maduro e bem resolvido, tudo certo, a aplicação do Gel pode virar até uma brincadeira.

Contrações Vaginais e insistência na atividade sexual fazem com que as Glândulas fiquem ativas ou se reativem produzindo o muco tão desejado.

As sexy shops oferecem uma enorme variedade de produtos divertidos que ajudam muito como as bolinhas que a mulher coloca dentro da vagina e com a penetração ela estoura. Óleos para massagem que esquentam e tem sabor.

A saliva é o lubrificante natural mais esquecido ou desprezado pelas mulheres. Resolve rápido, é de graça, pode ser aplicado quantas vezes desejar, é inócuo, incolor e inodoro. Pode ser aplicado direto da fonte ou passado com a mão. Use a imaginação.

Gente, existe tanta coisa que pode ser feita usando a imaginação e deixando os tabus de lado. Liberando a sua cabeça e vencendo alguns preconceitos a mulher poderá se surpreender com a variedade de alternativas sendo que algumas ela até tem à mão, em casa mesmo, sem precisar sair para comprar nada.

Descontraindo: Entre os mais convencionais, chantilly, leite condensado, pedrinha de gelo, tanta coisa, mas o mais o importante mesmo é você curtir o prazer dentro do que você aceita e acha bom para você e para ele. Mais importante ainda é ser feliz, o resto é desculpa para fugir dessa felicidade.

Porque alguém fugiria da felicidade? Isso é conversa longa... E sexo se faz não se discute.



Jussara Hadadd é Filósofa e Terapeuta Sexual Feminina
 
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