A caminho de Silverado

Por

Ailton Alves 10/8/2009

A caminho de Silverado

Após a etapa inicial, primeiro colocado em sua chave e sexto melhor time do Campeonato Brasileiro da Série D, a quarta divisão do futebol nacional, com 11 pontos, três vitórias, dois empates e apenas uma derrota.

Talvez essa classificação autorize a todos nós, os Carijós, a pensar numa espécie de eldorado futebolístico.

Mas... Não são assim as coisas, nem no futebol nem na vida..

Primeiro porque eldorados não existem mais. Foram devidamente varridos pela passagem do tempo que destrói as mitologias. Ninguém mais lembra de Carlitos em sua corrida pelo ouro, nos fazendo acreditar que, sim, era possível encontrar um pote cheio de humanismo e arte no fim do arco-íris. E muito menos ninguém dá bola para os filmes clássicos, faroestes, nos quais John Wayne e seus parceiros buscavam, sim, o Eldorado mas sem desviar um milímetro do caminho do bem e da justiça.

O eldorado da bola, por sua vez, desgraçadamente, nunca foi a praia do Galo do interior. Nos últimos 25 anos não tivemos time ou craques ou estrutura ou torcida ou apoio ou sorte para sonhar em chegar à Primeira Divisão, à elite do futebol nacional.

Agora, ainda, também não temos nada disso.

É sintomático que o atacante Raphael Aguiar, o reserva do Galo da Capital, aquele que veio nos salvar da seca de gols, tenha dito exatamente isso nas entrevistas: “O Tupi é um time grande e venho para ajudar a equipe a chegar à Série B”. Segunda Divisão: esse parece ser o nosso limite.

E talvez não seja de todo ruim, essa Série B.

Não é a toa que no crepúsculo do século do cinema, os filmes não mais falavam de Eldorado. No último dos faroestes, clássico, os justiceiros, mocinhas e malfeitores já se encaminhavam para Silverado. Kevin Kline, Kevin Costner, Brian Dennehy e principalmente Linda Hunt (atores/personagens do filme do Lawrence Kasdan) já sabiam o quanto eles sucediam o eldorado mítico. Trazem nas feições, palavras e atos a resignação de terem perdido a melhor fase.

Também no esporte, a prata é o segundo lugar, abaixo do ouro, à frente do bronze.

Resta então a nós, Carijós, percorrer um longo caminho em busca do silverado da bola. No princípio é assim mesmo. Não mais que setecentas pessoas acreditam. Os demais riem. São homens e mulheres de pouca fé, alheios aos ensinamentos de Mao. A estes, os que têm os pés demasiadamente no chão: faltam dez jogos e 82 dias para o Tupi ganhar seu primeiro título nacional.

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Rio Branco (AC), Icasa (CE), América (MG) e Guaratinguetá (SP) conseguiram ótimos resultados nos jogos de ida das quartas-de-final da Série C e estão com um pé na Série B, a de 2010.



Ailton Alves   é jornalista e cronista esportivo
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