Artigo de Ailton Alves Lições para não mais esquecer

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Li?es para n?o mais esquecer

Ailton Alves 12/05/2008

O Flamengo era o tal. Bicampe?o carioca, favorito na Libertadores, podendo perder por dois gols de diferen?a para seguir adiante e com um treinador, Joel Santana, tratado como "g?nio da prancheta". Com esse astral entrou no Maracan?, crente das palavras de Nelson Rodrigues, aquelas que falam do manto sagrado: "h? de chegar talvez o dia em que o Flamengo n?o precisar? de jogadores, nem de t?cnicos, nem de nada. Bastar? a camisa, aberta no arco. E diante do furor impotente do advers?rio, a camisa rubro-negra ser? uma bastilha inexpugn?vel".

Achavam todos, principalmente jogadores e torcedores, que bastava entrar em campo contra um time mexicano qualquer e, tal como Zorro, cravar no inimigo n?o um Z mas um C, de classificado. Do outro lado, por?m, havia realmente um time, liderado por um paraguaio gordo, mais propenso ? galhofa do que a qualquer coisa parecida com respeito. Por?m, esse aparentemente n?o-atleta, Cabanas, com o aspecto de Sargento Garcia, comandou a maior fa?anha de que se tem not?cia no Maracan? desde a final da Copa de 50, quando os uruguaios bateram o escrete canarinho.

Li??o para n?o mais esquecer: profetas geniais como Nelson Rodrigues t?m a miss?o de profetizar, jamais de acertar.

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O Vasco n?o era nada. Considerado o pior dos "grandes" do Rio, sem vencer cl?ssicos, fora das decis?es da Ta?a Guanabara e da Ta?a Rio e tendo que apelar para o t?cnico-delegado Ant?nio Lopes.

Achavam todos, at? os vasca?nos, que o espectro eterno de Eurico Miranda enterraria de vez a Cruz-de-Malta. Acontece que o clube de S?o Janu?rio apostou em duas coisas b?sicas, do tempo em que o humanismo ainda reinava: amor e perd?o. Edmundo desfila em campo sua arte mas principalmente sua paix?o pelo Vasco e Leandro Amaral est? de volta, depois de um per?odo de trai?es nas Laranjeiras. O resultado: quer queiram, quer n?o, o time ? um dos favoritos para ganhar a Copa do Brasil.

Uma li??o da vida: ao contr?rio do que pensa Vin?cius de Morais, o perd?o nunca cansa de perdoar.

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O Ipatinga era tudo. Em dez anos de exist?ncia saiu da terceira divis?o de Minas e da S?rie C do Brasileiro para ser campe?o das Gerais e ascender ? elite do futebol nacional. Os pragm?ticos jogaram na cara dos rom?nticos que o clube gerido como empresa, com patroc?nio forte e parceiro tradicional era o futuro do esporte. Ter passado era algo desnecess?rio.

Mas a receita desandou. Rebaixado em Minas, candidato a saco de pancadas no Brasileiro, o Ipatinga ? hoje uma anomalia, e muitos j? rev?em seus conceitos t?o arraigados quanto estranhos ao mundo do futebol. Li??o para todo o sempre: s? tem futuro quem tem hist?ria.

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O campeonato brasileiro da S?rie A, que come?ou no final de semana, ? divulgado como o melhor torneio do planeta. Dizem que ? equilibrado, com v?rios times em reais condi?es de vence-lo e com craques em profus?o. Afinal, este ? o pa?s pentacampe?o do mundo.

Mera ilus?o. A primeira rodada n?o ficou devendo nada ao campeonato da Finl?ndia. Times reservas (por conta da Libertadores e da Copa do Brasil), p?ssimos jogos, pouqu?ssimos craques em campo e raras emo?es.

Li??o a aprender: enquanto os bons jogadores forem tirados do pa?s, ainda muito jovens e de forma gananciosa, o melhor caminho para ver bom futebol ? via sat?lite, em frente ? TV.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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