Na ?poca da faculdade, eu aprendi que os fil?sofos eram uns caras
densos, que comiam livros, respiravam erudi??o e viviam solit?rios,
enfurnados nas academias, num mundo ? parte, cheio de pensamentos
dif?ceis de entender e, mais ainda, de colocar em pr?tica. A imagem era
sempre a mesma: um homem velho, quem sabe at? meio doente, sem namorada, que
n?o gostava de dan?ar nem de jogar futebol e que vivia literalmente no
mundo da lua. Essas indaga?es que eles faziam sobre a vida eram
geniais, atemporais e me faziam sentir bob?ssima. Se eles eram o m?ximo, e
eu n?o entendia nada, ent?o - puxa vida! - onde ? que eu ia encontrar a
minha sabedoria?
Por isso, agora estou achando tudo lindo! O "Fant?stico", da Rede Globo,
colocou a filosofia na rua, numa s?rie com Viviane Mos? , o
livro de Charles Feitosa sacramentou o casamento entre a filosofia e
a arte no cinema, nos quadros e na fotografia no brilhante
"Explicando filosofia com arte", e at? o "Saia Justa", no GNT, movido de
sarcasmo e humor, aproximou nossos encontros e desencontros
femininos, com a ?tima fil?sofa M?rcia Tiburi. Todos foram sucesso
porque, mesmo causando certo desconforto no meio de estudiosos e
contr?rios ao pensamento visto como espet?culo no hor?rio nobre, foi v?lido.
A gente n?o quer s? comida...
Isso ? fato, baby. A filosofia anda mais pop do que nunca e, mais ainda,
colorida, intercultural, feminina. Se penso e logo existo, posso
muito bem assumir para mim a tarefa de filosofar. Assim como os
grandes pensadores, a gente tamb?m n?o suporta viver com tantas
incertezas e quer acertar. Filosofar definitivamente n?o ? uma
atividade in?til, fora da realidade e incapaz de mudar o mundo, mas
pode fazer a gente aprender a criar conceitos, se expressar melhor e
conhecer melhor a n?s mesmas. A filosofia tem mais de dois mil anos e
uma hist?ria intensa e apaixonante. O pensar preserva o compromisso
de fazer com que as coisas tenham sentido. Somos sens?veis, criativas,
capazes de trilhar bons caminhos a partir da nossa capacidade de
pesquisar, aprender, questionar, qualificar e... filosofar! N?o nos
subestimemos, mulheres!
Em tempo: ser? que Plat?o mudaria a id?ia do mito da caverna, em que
ele coloca o mundo das id?ias mais importante que as imagens, se vivesse na
nossa realidade formada de conceitos visuais?
|
|
|
|
Menina poderosa
Questionadora, precoce, bem informada. A irresist?vel Mafalda,
personagem das tirinhas do cartunista argentino Quino, ? aparentemente,
brincadeira de crian?a, mas o engajamento da doce menina que odeia sopa ?
uma aula de filosofia. Contestadora, Mafalda faz perguntas sobre
pol?tica, ?tica, cultura, cotidiano, racismo. Al?m das tirinhas, ela j? ?
livro e me parece que, a partir dessa semana, vai estar na TV.
Filosofia de botequim
De boas inten?es, o inferno est? cheio. Se a informalidade do bar
permite a discuss?o, ? preciso tomar cuidado para que isso n?o se torne uma
filosofia barata, de botequim. N?o basta filosofar sobre os melhores
princ?pios e ?ticas do mundo. Tem que agir nesse sentido, transformar
as indaga?es em pr?ticas solid?rias, respons?veis e dignas.
|
|
|
|
|
|
Clique aqui e mande sua
sugest?o sobre esta coluna
Andr?ia Barros ? jornalista
Saiba mais, clicando aqui!