Qual é o limite da taxa de c?mbio?

Por

Fernando Agra 12/8/2011


* O artigo foi escrito em parceria com Danilo Campos Azevedo, Lincoln Brian de Castro Carvalho e Tiago Dresch Nogueira de Sá, alunos de economia das Faculdades Integradas Vianna Júnior

Qual é o limite da taxa de câmbio? 

Atualmente, a apreciação da taxa de câmbio brasileira (R$/US$) tem preocupado o governo. A cotação média dos últimos dias tem girado em torno de R$ 1,60 = U$$ 1,00. O que de fato tem acontecido para justificar essa situação? Caso a mesma continue a apreciar ainda mais, quais a principais consequências para a economia brasileira? O que o governo pode fazer para reverter essa situação (ou pelo menos amenizar)?

Ao longo dos últimos anos o Brasil manteve uma elevada taxa de juros internos, a Selic. A mesma se encontra hoje na casa de 12,50% ao ano. Nos EUA, a taxa de juros está perto de zero, e na Europa, os juros giram em torno de 1,5% ao ano. Isso atrai capital internacional especulativo. Outro fator tem sido o elevado grau de confiança em nossa economia. O país se tornou atrativo a investimentos diretos externos (investimentos na produção). Para adicionar mais um fator, os superávits comerciais têm contribuído para um aumento da entrada de moeda estrangeira (sobretudo US$), gerando um excesso de sua oferta, dessa forma aconteceu uma valorização do Real.

Ao manter o câmbio apreciado, as importações se elevam e isso pode ocasionar um déficit (ou redução do superávit) na balança comercial. Outra consequência é que a indústria nacional perde a competitividade no mercado internacional, o que pode gerar queda de produção nacional (produtos destinados às exportações) e provocar desemprego em alguns setores. Por outro lado, a entrada de produtos importados mais baratos também leva a uma desaceleração ou até mesmo queda na inflação (isso é conhecido como âncora cambial).

Para reverter essa situação o governo pode interferir aumentando sua reserva de moeda estrangeira (que hoje está na casa de US$ 350 bilhões), ou seja, comprando-as reduzindo assim a oferta de moedas estrangeiras no mercado. De forma indireta o governo pode aumentar os impostos sobre produtos e investimentos estrangeiros assim com o incentivo de gerar uma desvalorização cambial.



Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira.