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Dólar baixo ajuda a incrementar turismo internacional e a controlar inflaçãoApesar desses benefícios, queda enfraquece produtos e empresas nacionais. Tendência é que o dólar continue desvalorizando pelos próximos meses

Victor Machado
*Colaboração
2/8/2011

A desvalorização do dólar, um dos reflexos da crise da dívida dos Estados Unidos, gera uma instabilidade cambial, cujos impactos são sentidos em todo o mundo. O cenário preocupa o governo brasileiro, que já lançou medidas para tentar estabilizar a queda do valor da moeda. Entretanto, alguns consumidores têm encontrado benefícios, como a possibilidade de fazer uma viagem internacional.

O delegado regional da Zona da Mata da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Varela Aragão, afirma que, durante esses períodos de desvalorização da moeda americana, a procura por viagens para outros países tem um aumento real de 30%.

Segundo ele, pessoas que já têm o costume de viajar estão mudando os destinos. "Temos um perfil de turistas que já explorou bastante o Brasil e agora quer conhecer outras culturas. Isso também é um fator que aumenta a procura. Com pessoas querendo viajar para o exterior e o dólar baixo, fica mais fácil programar a viagem."

Aragão comenta que os destinos mais procurados são os países do Mercosul, principalmente Argentina, e os Estados Unidos. "Hoje em dia, o visto para os Estados Unidos está mais acessível, cerca de 95% de aprovação. Já os que não estão em dia com passaporte preferem Argentina, Chile e outros países da América do Sul."

Controle da inflação

Além de ajudar o setor de turismo internacional, um ponto positivo do dólar baixo é o controle da inflação. Segundo o economista Lourival Batista de Oliveira Júnior, a queda da moeda americana deixa os produtos estrangeiros muito baratos, com isso, a importação é facilitada e a oferta de produtos de outros países dentro da economia brasileira é maior, forçando a queda nos preços. "Quando o dólar está muito baixo, fica mais barato para importar e os produtos nacionais são obrigados a se adequarem para não perderem mercado. Isso representa a queda na inflação, que é a variação dos preços."

No entanto, essa alta valorização do real diante do dólar representa o enfraquecimento dos produtos brasileiros no mercado internacional. "No cenário em que vivemos, os produtos nacionais estão muito caros lá fora, gera a queda nas exportações, enfraquece os nossos empresários e produtos. Exportar menos representa perda de participação no mercado externo e enfraquecimento da economia. Para de entrar dinheiro."

Tendência

O economista comenta que a tendência é que permaneça a valorização da moeda brasileira. "Ainda é um momento de muita instabilidade em que não sabemos o que pode acontecer, mas a tendência é que o dólar permaneça desvalorizado."

Medidas internacionais

Na tarde desta terça-feira, 2 de agosto, o Senado norte-americano aprovou um acordo bipartidário que eleva o teto da dívida pública do país e corta gastos orçamentários, evitando o calote no pagamento de alguns títulos. O presidente Barack Obama deve sancionar a lei ainda nesta terça, prazo limite para a elevação do teto de endividamento. A intenção é garantir que os compromissos financeiros dos Estados Unidos sejam honrados, evitando-se, assim, o desencadeamento de distúrbios nos mercados globais.

*Victor Machado é estudante do 8º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaísa Hosken